Ele é meu chefe ou diabo ?

Capítulo 12

Eu - Eu... eu...

Ele não deixou eu terminar de falar e começou a me atacar.

David - Como sempre fazendo merda.

David estava parado ao lado da porta do carro com uma perna ainda dentro e a outra fora. Uma de suas mãos segurava a porta e a outra apontava para o meu rosto junto com seus insultos. Eu, de frente para o carro, ainda meio que assustado, não sabia se olhava para ele ou para o veículo que quase passou por cima de mim.

David - VOCÊ NÃO PRESTA ATENÇÃO EM NADA!

David não era um ser humano, não tinha como. Ele quase me atropelou, eu estava assustado, e ele apenas me ofendendo. Olhei para baixo, ainda observando que estava praticamente em cima do carro. Eu poderia ter voado longe se aquele carro tivesse me atropelado. Aquilo me deu uma raiva. Quando a ficha realmente caiu, eu poderia ter morrido. Parei de olhar para o carro e olhei na cara daquele cretino, que me olhava com ódio, como se eu fosse o culpado.

Eu - VOCÊ NÃO VIU QUE QUASE ME ATROPELOU, SEU OGRO?

Assustei-me comigo mesmo ao ver que havia acabado de gritar com David, meu ex-chefe, a quem eu não devia mais satisfação alguma. Mas o verdadeiro susto foi ver ele bater a porta do carro com toda força que tinha e vir ficar de frente para mim. Eu não ia recuar. Ele veio caminhando com toda raiva possível, e ficamos a um passo de distância um do outro. David estava possesso de raiva por eu ter gritado com ele e quase sujar o seu lindo carro de sangue.

David - QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA GRITAR COMIGO?

Eu - Faço das suas palavras as minhas.

Fechei minha pior cara para ele, mas a cara que ele fez me fez afastar um pouco para trás, quase caindo em cima do capô do carro. A cada palavra que saía da minha boca, meu subconsciente mandava eu calar. Meu coração estava a mil.

David - Fale mais uma palavra, garoto.

David quase babava de tanta raiva. Ele se aproximou mais de mim e eu tive que me sentar no capô do carro para que nossos corpos não se encostassem.

David - E você vai se arrepender.

Não aguentei e dei um sorriso para ele, igual aos que ele sempre dava para mim. Estava com medo, mas ele não ia ver, não naquele momento.

Eu - Vá em frente.

Levantei-me e fiquei frente a frente com ele. Como sou mais baixo que David, ele abaixou o rosto para ficar cara a cara comigo. Sua respiração estava muito forte, seu rosto vermelho. Olhei para baixo de relance e vi que seus punhos estavam fechados, assim como seu rosto, vermelho como brasa.

Eu - Vá em frente, faça o que você sempre faz.

Naquela altura do campeonato, a raiva tinha me dominado. Apertei meu dedão com o indicador com tanta raiva que depois isso me daria mais problemas.

Eu - FAÇA O QUE VOCÊ SEMPRE FAZ, DAVID, HUMILHE AS PESSOAS, E AGORA O MAIS NOVO FEITO.

Apontei o dedo no peito dele. Ele olhou para meu dedo, morrendo de raiva.

Eu - AGRIDA, VÁ EM FRENTE, ME BATA. MAS SAIBA QUE DAREI O MEU MÁXIMO PARA ARRANCAR SANGUE DE VOCÊ.

David - EU DEVERIA...

Ele parou de falar e olhou dentro dos meus olhos. Ele nunca havia olhado dentro dos meus olhos daquela forma, a forma que fez eu ter certeza de que meu chefe era o diabo, ou melhor, meu ex-chefe. Seus olhos estavam em chamas, podia-se ver o ódio lá dentro.

David - VOCÊ... V...

Ele não terminou de falar. O que foi mais quente do que a brasa que queimava em seus olhos foi o que veio logo em seguida, o que eu jamais esperava naquele momento: um beijo. O beijo que ele me deu me fez ficar sem reação. Ele levantou as duas mãos, e eu, em um primeiro momento, pensei que ele fosse me bater, o que fez eu me desequilibrar e cair em cima do capô do carro. Ele, com as duas mãos, assim que eu caí, segurou meu rosto e, jogando seu corpo sobre o meu, me deu outro beijo, o beijo mais louco da minha vida. Um beijo como aqueles de filme, onde você vai fechando seus olhos aos poucos, esquece de tudo ao seu redor. E, para ficar ainda mais parecido com um filme, começou a chover, mas não era totalmente parecida com as dos filmes. Era um temporal com vento, trovejou logo em seguida. O beijo dele era feroz como aqueles trovões, a respiração estava fora de controle, assim como o vento que batia em nossos corpos. Pude sentir o coração dele que, assim como o meu, pulava como as gotas que caíam na enxurrada. Ele retirou as mãos do meu rosto e foi em direção à minha cintura, me segurando em seus braços. A batida era mais forte que o disparo de uma metralhadora. Assim que ele caiu na real do que estava acontecendo, ele me soltou, fazendo eu me desequilibrar e cair, desta vez no chão. Cai de bunda com as mãos para trás. Meus lábios estavam latejando, provavelmente estavam vermelhos. Ele ainda tinha a respiração acelerada, me olhava assustado, seus olhos vermelhos, seu cabelo estava molhado, a brasa em seus olhos ainda estava lá, queimando.