Amor aos pouquinhos

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- O que vai fazer amanhã? - Wonwoo perguntou enquanto mexia nos cabelos curtos de Hye Lin.

Estavam deitados no sofá, após comerem a refeição que ela havia preparado.

- Acho que vou procurar um emprego. Eu nem sei como fazer isso, nem por onde começar.

- Você acabou de sair da clínica, não precisa de pressa.

- Mas eu me sinto mal por depender de você, Wonwoo. Preciso conquistar as minhas coisas sozinha daqui pra frente.

- Se vai te fazer bem, faça isso então. Procure na internet primeiro, pode ter uma vaga que te chame a atenção.

- Farei isso. Obrigada.

- Pelo que? - ele olhou diretamente para ela.

- Por ser tão compreensivo.

- Hrum. - passou a mão na franja dela sorrindo, antes de aconchegá-la em um abraço - Você é tão fofa com esse cabelo novo.

- Estou feia, não é?

- Ainda é novidade para mim, mas eu amo desvendar seus mistérios, Hye Lin. É impossível você ser feia.

- Você falando assim, eu acredito.

- Pode acreditar. - a encarou.

A troca de olhares se estendeu, até Wonwoo sentir a atmosfera pesar, e o ar, que parecia fugir de seus pulmões.
Depois de tanto tempo longe, e tanto tempo sozinho, se tornava cada vez mais difícil controlar seus sentimentos.

Ainda com Hye Lin em seus braços, ele aproximou sua face da dela, e inalou o perfume floral que ela tinha.
Podia sentir a emoção nela também, e umedeceu os lábios antes de beijá-la.
Envolver as línguas já era algo imediato, e a excitação aumentava conforme o beijo se prolongava.

Wonwoo se curvou em cima dela, e aproveitou a deixa para segurar a cintura de Hye Lin por baixo do moletom.
Ela, por sua vez, mantinha os braços envoltos no pescoço dele, o impedindo de afastar-se.

Quando ele deixou um beijo logo abaixo de sua orelha, Hye Lin gemeu baixinho com os olhos fechados.
No mesmo instante, ela sentiu-se temerosa com a ideia de perder a virgindande.

- Wonwoo...

- O que foi? Eu fiz algo errado? - ele se sentou de frente para ela.

- Não, é que... Acho que ainda não estou pronta.

- Ah. Que susto. - ele riu nervoso - me desculpe se passei dos limites... - coçou a cabeça.

- Está tudo bem. - a jovem sorriu e pegou na mão dele - podemos ir com calma?

- Claro que sim.

- Acho que vou dormir agora. Vai sair cedo?

- Vou, amanhã temos gravações para fazer. Não precisa se preocupar em fazer o café, eu como algo na van.

- Hum... eu gosto de cozinhar para você.

- Eu quero que você descanse. - ele se levantou e a puxou para o corredor - Amanhã a Sra. Chin vem para fazer a limpeza. Ela é um amor, vai ver. - parou em frente ao quarto dela.

Hye Lin ficou parada na porta encarando o moreno. Ele era um pouco mais alto que ela, e seu cabelo preto caído na testa agora se parecia muito com o seu.
Chegou perto e mexeu na franja dele.

- Eu espero que você não mude muito seu cabelo.

- Só você pode mudar agora?

- É. Eu gosto do seu cabelo assim.

Ela continou mexendo e o olhando. Era difícil acreditar como ele tinha entrado em sua vida e mudado tudo.
Como se não bastasse, tinha tomado seu coração, e a feito refém de um sentimento novo.

"Como é lindo..."

Estar apaixonada preenchia seu ser de uma forma diferente, e dava uma energia a mais para enfrentar seus próprios medos. Estava grata por Wonwoo ter a salvado naquela noite chuvosa. Estava grata por tê-lo conhecido.

- Boa noite, Wonwoo. - ela sorriu maravilhada, se sentindo transbordar, e ele segurou sua mão.

- Boa noite, minha garota. - ele beijou a mão da jovem e se afastou.

Por um momento ele achou que ela iria dizer outra coisa. Quando fechou a porta de seu quarto, se encostou na mesma e colocou a mão em seu peito. Seu coração parecia que ia sair para fora.

- Ela ia dizer...? Será que ia dizer? - perguntou a si mesmo baixinho.

Olhou para sua mão e ela tremia, só então se deu conta de que seu corpo todo tremia. Foi fraquejando até sua cama e se sentou.
Wonwoo tinha medo. Medo de ouvir Hye Lin dizer que o amava. Hani era habituada a dizer aquilo, e mesmo que não o amasse como homem, a frase nunca foi uma mentira.
Hye Lin era diferente de Hani, e ele nunca precisou se esforçar muito para que ela gostasse dele, simplesmente aconteceu, porém o trauma que havia ficado da sua primeira experiência amorosa ainda o bloqueava de certa forma.

Pegou seu caderno de letras e foi em sua última composição. Estava tudo certo para que a música fosse lançada no próximo álbum, e em alguns dias ele iria mostrá-la para os meninos.
Só esperava que Dokyeom entendesse sua necessidade de encerrar aquela etapa de sua vida para que pudesse dar lugar à outra chance de amar. Por completo.

"Eu quase cuspi enquanto respirava, é como se eu tivesse esquecido de como fazê-lo
Eu mesmo, sinto sua falta, que é o mais difícil para mim
Pensamentos atordoados ao contrário do palco
Onde tem a luz que foi dada para mim
Onde eu estou, na minha mente é apenas um metro quadrado"

💎💎💎

Hye Lin acordou com um barulho no apartamento. Olhou para o relógio, ainda atordoada, e este marcava nove da manhã.
Se espreguiçou e suspirou depois. Estava mesmo cansada e tinha sido bom dormir mais.

Se lembrou que Wonwoo a avisara de que a Sra. Chin viria cuidar da limpeza, e isso explicava o barulho.
Sua mente a levou até sua despedida na noite anterior. Por um momento ela pensou que falaria que o amava, mas também sentia medo de dizer algo tão profundo. Tinha medo de seus próprios sentimentos e de como aquilo a tornava dependente de Wonwoo.

"A hora certa vai chegar para nós". Disse a si mesma com um sorriso.

Depois de levantar e ir ao banheiro, saiu do quarto para dar de cara com uma senhora espanando frenética a estante da sala.

- Olá, Sra. Chin. - a jovem se curvou - eu sou Park Hye Lin.

- Ah! Te acordei, menina? - ela se virou sorrindo - eu ouvi muito sobre você, fico feliz que tenha finalmente chegado. Mas olha só - a mulher se aproximou curiosa - Você é ainda mais linda pessoalmente.

- Muito obrigada. - sorriu tímida.

A conversa com a Sra. Chin fluiu com facilidade, e foi bom ter companhia na ausência de Wonwoo.

- Quer que eu te ajude? - Hye Lin perguntou enquanto a mais velha limpava o vidro de uma das janelas.

- Não, eu realmente prefiro fazer tudo sozinha - sorriu gentilmente - estou acostumada assim.

- Tudo bem.

Hye Lin se sentou no sofá com o notebook no colo e começou a vasculhar as vagas de emprego.
Tinham muitas vagas para vendedora de loja, atendente de café ou cozinheira, mas aqueles trabalhos não pareciam combinar com ela.
Suspirou desanimada.

- O que está procurando ai, criança?

- Um emprego. Mas não encontrei nada que me agradasse de verdade ainda. Acho que vou considerar atendente de café...

- Eu não sei o que é do seu estilo, mas minha filha é reitora na faculdade e me disse que estão precisando de uma bibliotecária.

- Sério? Eu adoraria trabalhar de bibliotecária!

- É mesmo? Vamos ligar para Yu Ra.

A jovem se ascendeu com a possibilidade. Bibliotecas eram seu lugar preferido e trabalhar em uma seria como um sonho realizado.

Trauma (Jeon Wonwoo)Onde histórias criam vida. Descubra agora