FINAL: O poder do amor

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Os seres humanos tem o dom de se acostumar com tudo. As pessoas se acostumam a outras pessoas, a coisas, lugares e depois, sem que percebam, se apegam emocionalmente à tais coisas, agregando um significado e um valor inimaginável.

Hye Lin se acostumou à presença de Wonwoo e ele se acostumou à presença dela, o que os fez sofrer no tempo em que ela esteve fora.

Durante a primavera o casal se apegou à rotina confortável em que estavam. Acordavam juntos, tomavam um café rápido e Hye Lin ia para a faculdade, onde estudava e trabalhava, até a hora de voltar para casa. Às vezes Wonwoo chegava mais tarde, mas, independente do horário, eles passavam um tempo bom juntos até pegarem no sono. Cada dia era num quarto e nos dias em que ele não podia voltar, ela dormia sozinha.
Sooke vinha nos dias de folga e preenchia o lar com sua alegria contagiante.
Hye Lin continuou dando palestras e, junto com suas amigas, promovia o bem-estar de outras mulheres.

O grupo acreditava naquele projeto, já que todas elas tinham passado por algum tipo de pressão ou desconforto pelo simples fato de ser mulher. Seja na escola, na rua, na balada, no trabalho, ou até mesmo dentro da própria família, a mulher sempre é alvo de crítica, deboche, abuso ou assédio. Muitas apenas se acostumam e vivem debaixo desse peso que foi jogado pela sociedade, mas Hye Lin, Yi Na, Ji Hyo, Hani, Daya, Hee Ji e Hyun Joo acreditavam que se as mulheres forem motivadas a ter voz ativa em suas próprias vidas esse ciclo vicioso se quebrará em algum momento.

- Mas não adianta se dissermos não e continuarem fazendo isso com a gente. - alguém comentou em uma das palestras.

- Você está habituada a viver assim. Mas a partir do momento em que você se amar e se dar o próprio valor, as outras pessoas terão que aceitar isso. Com essa ideia fixa em sua mente, você pode passar para outras pessoas, para seus filhos... e assim ajudar a criar cidadãos de bom caráter. A mudança que fizermos hoje, será a vida que suas filhas irão levar no futuro. Se fecharmos os olhos e fingirmos que nada acontece, realmente nada vai acontecer. Mas se hoje nos negarmos a ter que se enquadrar em algum padrão, ou nos negarmos a sofrer assédio, agressão ou qualquer outra coisas que prejudique nossa saúde física e mental, as garotas do amanhã não sofrerão tanto quanto a gente. Temos que ir atrás do mundo que queremos ter. - respondeu Hye Lin com sinceridade.

Com o passar dos dias o Squad7 (como eram chamadas pela polução) ficava mais conhecido e mais popular. As meninas participaram de entrevistas na TV, rádio, jornais e revistas. Era a Revolução Feminista na República da Coréia.

Numa das últimas palestras agendadas durante a primavera, Hye Lin recebeu uma cesta em seu camarim. Tinha flores, seus doces preferidos, um ursinho de pelúcia e um cartão.

"Espero que um dia você possa me perdoar. Com amor, Papai".

A jovem chorou muito. Por sorte naquele dia Wonwoo estava lá para ampará-la.

No dia seguinte, um sábado do fim de julho, Hye Lin recebeu uma ligação. Era um convite de um grupo de empresários para que ela passasse uma temporada nos Estados Unidos, palestrando nas faculdades sobre empoderamento feminino e ajuda para aceitação do corpo e da beleza natural.

- Você vai? - Wonwoo perguntou a ela, sentado na cadeira de frente na mesa da sala de estar.

- Eu não sei... Eu gosto da vida que levamos aqui e não sei quanto tempo isso vai durar...

- Hye Lin, - ele se levantou e foi até ela, se agachando em sua frente e segurando firme nas mãos da garota - Você conhece minha profissão. Às vezes eu viajo e fico dias fora. Em breve teremos outra tour. E em tudo você me apoia. Me vê partir e me espera voltar. Eu acho que você deve ir. Eu vou te ver partir e vou te esperar voltar, mesmo que demore. Lembra do nosso cadeado? Eu te amo, Park Hye Lin.

Trauma (Jeon Wonwoo)Onde histórias criam vida. Descubra agora