Capítulo 6-Thronels

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CEMITÉRIO THRONELS

11:00


A chuva caia à dois dias sem cessar na cidade unida. O céu sempre era negro e sombrio em Unit city, mas naquele momento no cemitério Thronels, a neblina e a escuridão pareciam engolir David.

Ele foi o primeiro a chegar, carregando consigo sentimentos melancólicos em sua postura cabisbaixa. Usando um caro terno negro, ele ficou calado toda cerimônia em frente ao túmulo, até mesmo antes do corpo ser enterrado. As lágrimas em seu rosto eram sufocadas por sua vontade de continuar firme. Amigos e colegas de trabalho se cumprimentavam e vinham a David para dar os pêsames. A bandeira foi posta sobre o caixão roxo escuro. O capitão deu um belo discurso a todos presentes, evidenciando como Molly era uma grande detetive e como seria lembrada pelo departamento. Tudo besteira. Ninguém que leva um tiro na ilha é lembrado, seja ele um policial, um garoto vendendo drogas ou um Waylol. Ninguém nessa cidade a afeta para ser lembrado.

David nem mesmo fez seu discurso. O corpo havia sido enterrado e os convidados se despediam com seus longos guarda-chuvas negros, abertos acima do grande campo da morte que era Thronels.

Ainda em pé em frente à sepultura, David permaneceu calado, deixando a chuva forte lavar suas mágoas. Ele colocou sua ultima flor sobre o túmulo e finalmente desabou em lágrimas, deixando sua postura inabalável desabar quando seu olhar angustiado capturou a visão que destruiu seu coração de pedra.

Ao lado da sepultura de Molly, havia uma cripta grandiosa e recheada de flores, com as inscrições:

"Aqui jaz Jonathan e Selina Waylol. Amados pais e padrinhos de Unit city."

David finalmente havia percebido, que estava sozinho.

Entrando no carro, Charles esperava no volante, observando o campo esverdeado do lado de fora do carro. Havia muitas pessoas saindo, a salva de tiros já havia sido feita e inúmeros homens e mulheres de farda se reuniam na saída do cemitério.

— Eu sei que já disse isso senhor, mas eu sei como é difícil para o senhor perder mais alguém em sua família. Caso se sentir sozinho, não terei problema algum em voltar a mansão.

— Ela foi enterrada ao lado dos meus pais Charles.– disse ele, observando o cenário externo, com tristeza no olhar— Eu iria ser enterrado lá, após o gerador... Vocês pensaram em abrir minha vala? Em todo esse tempo?

— Não senhor.

— Por quê?

— Molly era a sua parente mais próxima senhor. Ela e Ted cuidaram para que os aparelhos continuassem.

— Claro.– sussurrou, tentando encobrir os sentimentos de melancolia— Eu fico pensando Charles, se fosse ela naquela cama de hospital... Eu teria feito o mesmo? Molly era uma pessoa melhor que eu, em todos os aspectos, e era para mim estar enterrado lá. Não ela.

— Senhor, sei que não há nada que possa consola-lo, porém se martirizar não fará diferença. Eu conheço o senhor, depois de todos esses anos, agindo como um rico arrogante, sei que uma tragédia dessa... É um grande golpe.– disse ele tentando consola-lo, com sua voz macia e sotaque agradável.

— Precisamos ir.– ignorou as palavras de Charles— Eu sou o responsável por limpar o apartamento de Molly. Preciso ver tudo antes de encaixotar.

Charles ligou o carro e deu partida pelo portão de Thronels.

Apartamento de molly

Justice- Not hero [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora