Capítulo 5-Feridas cicatrizadas

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Mansão waylol

23:45

— Meu deus! Senhor waylol, mas que droga o senhor está fazendo?!

Charles estava agachado sobre o corpo de David, cercado por uma poça de sangue. David estava zonzo e seus olhos abriam lentamente.

— C-charles... deu... Certo!– anunciou ele pausadamente, rindo de satisfação ainda com dificuldade pela dor.

— Jesus! Eu vou ligar para uma ambulância!

— Não! C-charles... olhe.– David apontou para seu corpo, chamando a atenção do companheiro.

— Pelo amor de...– suas palavras foram interrompidas por uma surpresa repentina.

O ombro de David que antes estava com um grande ferimento, de repente se fechou. O sangue estava apenas sobre sua pele recuperada. Seu braço se regenerou instantaneamente. Charles estava chocado com o que tinha acabado de ver. A alguns minutos o ombro de David está dilacerado, e naquele momento só havia uma singela cicatriz no lugar.

— Mas ... Como?– disse o mordomo surpreso

— Deu certo...– um sorriso surgiu no abalado rosto de David, enquanto Charles ainda tentava organizar em sua mente o que havia acontecido.

24:52

David estava na frente do espelho olhando seu ombro. Ele se movia e esticava o braço alegre como uma criança.

— Devíamos ir a um hospital.– disse Charles ainda em choque— Saber o que aconteceu com o senhor.

— Eu sei o que aconteceu comigo, Charles. Aquela explosão me mudou. Já era esperado que houvesse consequências. Algo me modificou tanto que minhas células parecem se regenerar após algum tipo de ferimento. Porém a dor ainda é angustiante.– disse fazendo uma expressão de dor enquanto massageava seu braço recuperado.

— Por isso mesmo. Deveríamos estudar isso. Imagine o que esse poder pode revelar a ciência. Se soubermos como isso afetou você poderíamos...

— E se esse poder não tiver sido me dado para isso? E seu meu dever for além disso Charles?– disse ele já delirando, estampando uma face perturbada.

— O que quer dizer?– perguntou assustado.

— Quando descobri esse poder eu pensei muito Charles. Eu estudei o que aconteceu, como me afetou, e se... E se eu não for o único? Se as outras pessoas naquele prédio também foram afetadas. Essa cidade não transforma ninguém em pessoas boas, Charles. Se eu expor isso essas pessoas procuraram usar esse poder. Não quero que pessoas com esses poderes tornem essa cidade pior, nem eu sei se eu posso controlar isso.

— Então o que pretende fazer?

— Eu ainda não sei, não vejo como isso pode ser bom.

— Como o senhor disse, se tais pessoas tiverem esse poder e não saber usa-lo, quem irá impedi-las? essa cidade pertence ao senhor. Seus pais viveram aqui. E os pais deles. Essa casa foi construído nessa cidade. A herança de sua família está aqui, não estou mandando o senhor se arriscar porque além do mais o senhor nem conhece esse poder, e se ele pode realmente protege-lo...

— Não é meu dever proteger essa cidade, Charles. Ela me trouxe a miséria. Graças a ela agora eu não tenho nada, e por ironia... Não posso nem me matar.– David soltou uma risada debochada, tirando sarro de sua própria desgraça— No momento Charles, eu só vou estudar o que posso fazer com esse poder. Por enquanto preciso que me prometa que manterá isso em segredo, não poderá contar isso a ninguém!

— ...Como o senhor quiser. Mas devo dizer que já vivi muito nessa vida. Mais do que gostaria. E eu aprendi coisas. As habilidades que o senhor possui necessitam de responsabilidades. Quando alguém tem o poder que o senhor tem, e não faz a coisa certa para defender as pessoas, inocentes se machucam. Não há como fugir desse fardo. Sua mãos querendo ou não se mancharam de sangue, esse é o momento de decidir o que fará. Espero que entenda.

— Apenas... Não é quem eu sou Charles.– disse David com um semblante sério—Espero que entenda.

12 dias depois

Havia se passado quase 2 semanas desde que Charles não ía a mansão waylol. Neste tempo ele meditou sobre o que faria, e sobre o que havia acontecido. Após 12 dias ele voltou a mansão. Ela estava vazia como sempre, e igualmente suja e bagunçada. Não se ouvia um único ruído entre as paredes da mansão, até que um estrondo surgiu vindo do quarto de hóspedes. Charles caminhou até o recinto silenciosamente. O quarto havia se tornado um laboratório perfeito para as experiências de David. O mesmo estava curvado no chão procurando algo. Havia papéis por toda parte assim como microscópios, facas e garrafas de enérgico. Charles bateu na porta lentamente, com a expressão de horror ainda presente em seu rosto.

— Charles!? Que bom que voltou companheiro!– David correu e deu um abraço apertado em Charles. Ele usava um roupão dourado, e aparentava não tomar banho a dias. Sua barba estava mau aparada e havia inúmeras cicatrizes em seu corpo. Ele se virou novamente olhando ao chão e resmungando— Fico feliz que tenha voltado. Essa casa não é a mesma sem você.

— Precisei me afastar, para pensar no que fazer, então decidi voltar. Parece que o senhor andou estudando. Descobriu algo? Sobre suas habilidades?

— Sim! Analisei minhas células danificadas e constatei que a regeneração dela provém de um poder único, que fixou em minhas células, porém... Pelos meus estudos quanto mais profundo o ferimento, mais lento as células se regeneram, por tanto, órgão e ossos possuem mais dificuldade de regeneração. As sequelas são mínimas, mas, eu ainda não defini se minhas habilidades pode ser transferida ou copiada, porém ela afeta não só minha recuperação, afeta meu raciocínio. Estou a 10 dias sem dormir, e meu corpo adquiriu uma extrema resistência física.

— Então, o senhor se prende nesse quarto, malhando e se ferindo como se fosse o superman?– perguntou de forma sarcástica.

— Ahn? Não, superman e a prova de balas, estou mais para wolverine.

— E depois desses dias, decidiu o que o senhor planeja fazer? Estou preocupado. O senhor não sai a dias. Se alimentando de energéticos. Sua geladeira está vazia. Está fedendo. O senhor já foi a até a Way-lux pra recuperar sua fortuna? Se continuar assim irá acabar na miséria, e nada salvara você disso...

Um semblante sério baixou sobre o rosto de David, ele passou alguns minutos calado, olhando para o chão

— Se isso acontecer, se eu realmente falir... estarei sozinho?– David olhou para Charles com dúvida, observando o olhar melancólico que o companheiro também possuia— Não recebeu seu salário a meses! O que está fazendo aqui?

De repente um estrondo se ouviu da porta. David e Charles se dirigiram a porta da frente em silêncio, ao abrirem, havia um homem alto, de ombros largos e vestindo um escuro uniforme do UCDP(departamento de polícia de Unit city). O homem possuia cabelos loiros, longos, porém escondidos por uma boina policial. David ficou calado, apenas encarando o estranho. Sua boca trêmula não soltava um único ruido, e as piores possibilidades já passavam por sua cabeça.

— Senhor Waylol,– Disse o policial, já lacrimejando ao tirar o chapéu— sinto em dar-lhe essa notícia...

Uma expressão de pavor tomou conta de David quando o policial em sua porta começou a falar.

— Sou o detetive Teddy Crowley. Sinto lhe informar que nessa noite, às 1:54 da madrugada, sua prima e minha estimada parceira, Molly waylol... foi assassinada nos arredores da ilha de Unit. Estamos investigando já para levar os culpados a justiça. Meus pêsames senhor waylol, o senhor era o último parente vivo da vítima.– Teddy começou a chorar involuntariamente, em sintonia com o sentimento de tristeza que crescia em David— Eu... Sinto muito...

Continua...

Justice- Not hero [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora