Capítulo 16- A cabeça da raposa

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David repousava na parede, contendo a dor dos hematomas enquanto fumava lentamente seu cigarro. O tribunal estava em completo caos. Havia inúmeras pessoas subindo as escadas, trazendo ao ambiente um aspecto de desordem.

David esperava do lado de fora do prédio, até que sua audiência começasse. Ele havia perdido muito dinheiro desde que seu processo de fraude fora descoberto, e gastou o que havia lhe restado para investir em sua cruzada secreta como vigilante. Todos os armamentos tecnológicos que comprará em sigilo custaram milhões para sua poupança, e chegara a hora dele recuperar a empresa que um dia foi de seus pais, e restabelecer sua condição privilegiada se quisesse continuar sua vida secreta.

Quando terminou de fumar David arrumou o smoking, se preparando para entrar novamente no prédio. Ele aqueceu seus braços contra o frio do inverno que já abalava a cidade. Estava exausto, não dormia a dias, e os hematomas em seus braços o atormentava em cada movimento simples que fazia. Assim que foi em direção a porta principal ainda mancando pela noite passada, uma voz familiar o chamou no final do corredor. A pessoa se aproximou dele com um delicado sorriso no rosto, ainda com ar de soberba, e terno vinho estiloso ao corpo e combinando com o par de sapatos francês.

— David! Que bom finalmente revê-lo.– falou Henri Fox, se aproximando com seu habitual ar de nobreza— Sinto muito não te-lo visitado desde sua saída do hospital, porém... A vida não tem sido fácil!– disse Fox com tom brincalhão enquanto mostrava a tornozeleira eletrônica em sua panturrilha.

— Não, que isso Henri. Eu lhe devo desculpas. Sabia de sua situação e não fui conforta-lo. Me perdoe. Como você disse, após o acidente a vida não tem sido fácil.– David ainda estampava certa surpresa em ver Henri ali. Ele sabia que o mesmo estava em prisão domiciliar desde o ocorrido, porém nem imaginava que o encontraria livre pelas ruas tão cedo.

— Estou sentido que nossos encontros sempre serão preenchidos de desculpas. Eu nem imagino como deve ter sido passar todo aquele tempo no hospital. Que bom que se recuperou com sucesso após o coma.

— Bem, após isso posso ter certeza que não sou um homem fácil de se matar.– ele riu, levando a piada mais a serio que o compatriota.

— Todos nós somos, amigo. Meros mortais, frágeis e indefesos aguardando o fatídico momento em que até um simples inseto conseguira nos matar. A questão é, que à coisas feitas para nós machucar, e nos fazer ficar no chão, e outras feitas para nós machucar, e nos deixar mais forte.

— Sem dúvida você não mudou nada.

— Ah, eu mudei sim. Assim como você. Desde o acidente David Waylol virou um animal caseiro, não há mais notícias sobre a suas festas extravagantes no jornal, sem corações partidos ou atividades imprudentes. Aquela explosão perturbou você?

— Não Fox, eu apenas, contemplei com mais cuidado o que faço com minha vida.

— Não devia pensar demais. Você é jovem para não curti-la.

— Falou o velho Henri Fox.– falou David destacando a ironia— Agora me diga. O que está fazendo aqui?

— Minha audiência estava ocorrendo na última sala. Estou recorrendo sobre minhas acusações, minha vez de provar que sou inocente.

— Bem, espero que tenha tido sorte. Tenho ouvido que várias provas vem surgido provando ilegalidades no reator.

— Mas não há nada que prove que eu sou culpado disso. Que eu saiba os culpados foram já achados essa semana, eu só aproveitei a oportunidade para conseguir a inocência que me pertence.

— Está falando dos diretores da Nova fonte? Renner e Carl? Soube que eles foram mortos. Está se aproveitando de homens indefesos para se livrar dos problemas da empresa Fox?– perguntou David, demostrando certo desaprovamento.

Justice- Not hero [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora