Capítulo 9-Sangue no corredor

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3 semanas atrás

Philippe estava a 3 dias andando pelas ruas de Unit. Ele sabia que uma hora ou outra iriam acha-lo pelo que fez no hospital. Seu ódio o dominou aquela noite, quando matou Carola a sangue frio. Ele não se sentia mais qualquer tipo de remoso. Seu corpo estava diferente, ele começou a dormir pelas ruas em noites chuvosas, porém não sentia a água o incomodar. Era como se seu corpo estivesse vazio, sem alma, sem sentimentos que o faziam humano.

Philippe passou dias vivendo na rua, entre os vagabundos, se escondendo ao sinal de qualquer viatura ou pessoas suspeitando em reconhece-lo. Ele arrumou roupas surradas de moradores da rua, e vagou pela cidade até atravessar a ponte Oscar–segunda ponte que conecta unit tá ilha. Ele seguiu pelo bairro em que costumava a morar. Esperou o momento certo, quando a recepcionista do hotel se distraísse, para subir as escadas até o 2° andar. Ele arrombou a porta do seu antigo apartamento, com todas as forças que ainda restavam em seu corpo fraco.

Ele olhou em volta. Tudo estava sujo. Suas roupas tinham sido levadas, e havia inúmeras cartas em sua porta. A geladeira cheirava mal, por conta da comida podre. Sua velha TV nem lá estava mais, porém aquele velho banco onde ela costumava ficar, mexeu com seu psicológico. Philippe se ajoelhou no chão, e chorou como uma criança. O simples pensamento sobre sua falecida filha o levou a loucura.

Philippe gritou com todas suas forças em sofrimento. Ele saiu pelo corredor até as escadas, já completamente transtornado e tomado pela insanidade. Lá havia um velho machado de emergências atrás do vidro de proteção, que o mesmo quebrou com uma cutuvelada. Phillipe o arrastou até seu velho quarto, e o primeiro a desmoronar com os violentos golpes foi o antigo guarda roupa, que foi despedaçado pelo machado. A mesa, as portas, todo apartamento virando uma pilha de madeiras empilhadas, tudo destruído, num ataque de raiva.

Philippe gritava a cada golpe que desferia sobre aqueles velhos móveis, como nunca gritou antes, nem quando matou aquelas pessoas no hospital, quando silenciosamente deixou um instinto inexplicável tomar conta.

Após descontar seu ódio sobre aquela velha residência, sua mão apertou ainda mais forte o velho machado enferrujado. Ele seguiu até o corredor, rastejando como um pobre coitado. Se pôs de joelho, e olhou para a singela luz que entrava no prédio pela janela no corredor. Sua cabeça doía demais, desde que acordará do coma. A enxaqueca ficavam cada vez mais fortes, o deixavam fraco, o torturava cada vez que tentava pensar.

Philippe ergueu o machado cego acima da cabeça, ele hesitou por menos de 2 minutos, antes de dar o primeiro golpe sobre a nuca. Seu golpe foi desajeitado, e seu pescoço torceu, porém não quebrou. O corte começou a sangrar, lavando seu corpo com o líquido escarlate. Sua cabeça latejou forte após o golpe. Incrivelmente ele ainda estava consciente.

Ele levantou o machado mas uma vez, dessa vez ele hesitou por um maior período de tempo. Ele cuspiu sangue e seus olhos começaram a cansar. Philippe deu o segundo golpe, e o impacto percorreu por todo o corredor. A carne e o osso se desgrudaram em uma sinfonia agonizante, e mesmo assim ele continuou a se mutilar, enquanto surpreendentemente ainda estava consciente.

Suas investidas dilaceravam seu pescoço, mais que o velho machado, que nem tinha mais corte para perfurar a carne. Philippe levantou o machado uma última vez. Seu pescoço nem mais estava grudado ao corpo, havia apenas um único fio de carne os conectando. Seu braço ainda se movia já sem consciência, apenas formulando movimentos débeis sem propósito. Seu corpo atrofiou uma última vez e caiu sobre o corredor vazio.

O sangue escorria sobre todas as paredes, por todo o chão sujo, e pelo seu corpo imóvel de um homem ao qual já tivera sanidade.

Continua...

Justice- Not hero [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora