Capítulo Quatro

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ETHAN HOWARD GREGORY DENEVIVE HALL-JOHNSON

"Esse é você?!" Beatrice pergunta gargalhando e dá zoom em outra fotografia para encontrar semelhanças com meu rosto.

Na fotografia em questão, tenho dez anos e estou comemorando um ponto na partida final do meu primeiro campeonato na liga juvenil. Minhas bochechas estão vermelhas de euforia e meu aparelho fica evidente com a careta, deixando-me parecido com uma versão do Richard Kiel em 007.

Sim, usei aparelho dentário por seis longos meses da minha vida. Agradeço meus pais pagarem a droga mais rápida que existe e não me torturarem por muito tempo.

Juro que conheço pessoas que passaram a vida com uma droga dessas na boca!

"Não ria do pequeno Ethan!" puxo a orelha de Bee e aproveito sua luta contra minha mão para passar a foto "AHA! Essas são boas, hum?"

São minhas fotos com quinze anos ou mais, quando a puberdade finalmente mostrou que estava fazendo seu trabalho direito. Sem querer me gabar, mas essa parte sempre deu certo para mim. Garotas tendem a gostar de olhos azuis e minha jogada sempre foi olhar nos olhos quando converso. Não sei dizer quantas vezes isso me garantiu garotas mais velhas, mas é o bastante para ter histórias para uma vida.

"Nada mal, hum?" dá zoom em uma das fotos em que estou no centro, antes da partida começar "Quantos anos tinha aqui? Dezoito?"

"Quinze."

"Sem chance!" me bate no braço, esperando que eu desminta "Você tinha minha altura quando tinha quinze?" pergunta com ênfase nas palavras.

Assinto indiferente, enquanto Bee continua a passar as fotografias e tirar sarro das minhas comemorações no gelo.

Meus pais são banqueiros importantes em New York, então, não podiam comparecer a todos os jogos e decisões. Porém, sempre arrumaram um jeito de registrar e comemorar minhas conquistas com filmagens e fotógrafos nas partidas. Consequência? Tenho muitos registros.

Diante disso, tive a brilhante ideia de apresentar algumas fotos que fiz como atleta para Bee. Se ela precisa entender o verdadeiro significado do hóquei, que seja na forma mais presente da adrenalina de cada comemoração, cada ponto e cada partida. Ganhar o campeonato é muito mais que empunhar um troféu; é sentir a harmonia de uma equipe inteira que se empenhou para isso.

Bee entende hóquei como alguém que assiste a NHL todo mês de Outubro no sofá de casa. Não compreende como parte da equipe. Não tem o nome em uma camisa e corre atrás de um disco como se a vida dependesse disso.

"Então você acha que reproduzir essas fotos são uma boa ideia?" pergunta quando as fotos recomeçam, analisando mais uma vez o Ethan banguela de sete anos com o taco na mão.

"Você não?" mudo a posição, deitando ao seu lado na grama.

Bee não responde, contemplando a ideia no primeiro momento.

Não faço ideia há quanto tempo estamos jogados no gramado, mas é tempo o bastante para finalmente nos sentirmos a vontade. Bee está deitada de bruços, apoiando o corpo em um braço enquanto mexe no computador, e eu estou de lado. Consigo ver seu rosto de perfil, e pela regata, entender até onde as sardas alcançam. Até às orelhas e diminuem nas costas, se quer saber.

"Eu acho que não posso usar fotos de outros fotógrafos." explica, ainda vasculhando fotografias no computador "Então, teríamos que achar uma criança e um garoto de quinze anos para serem mini versões de você."

Favor MútuoOnde histórias criam vida. Descubra agora