Capítulo Cinco

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BEATRICE JANE HAYES

O espaguete de abobrinha de Lily Hayes é a solução para qualquer mau-humor . As tiras finais com molho pesto e tomates cerejas são boas companhias e remédios para qualquer carranca, até mesmo as causadas por uma montanha de rancor e ego. Mas não foi o bastante para livrar a careta do meu pai por dividir a mesa com Dorian no jantar na noite passada.

Não me pergunte por que os dois não se dão bem, porque eu também não sei. Meu pai simplesmente faz careta e rosna para tudo que Dorian diz.

Um dia, meu amigo estava orgulhoso de ter concluído mais um remix para sua aula de Produção Criativa e decidiu mostrar para minha mãe, enquanto fazia o jantar. John Hayes apenas recolheu suas coisas e saiu do ambiente, alegando detestar trabalhar com música.

Tento compreender e não forço a relação entre eles, entende? Acho que a pior coisa a se fazer quando as pessoas não se dão bem, é insistir para que isso dê certo. Tem coisas que simplesmente não fluem. Um exemplo disso é minha relação com Ethan. Desta forma, decidi aparecer ao final do treino e pedir para que meu pai converse educadamente com o seu favorito para dispensa-lo. Não quero mais que ele se meta nas minhas coisas.

Cansei do sujeito.

É egocêntrico, exibicionista e hipócrita. Não consigo lidar com isso. Quando penso que pode ser um cara legal, com propósito na vida, ele prova o contrário. Ethan é só mais um universitário sustentado pelos pais e que não luta por propósitos. Vive sem pensar nas consequências. Isso basta.

Sempre que chego antes do treino, acabo esbarrando com Ethan, Theor e companhia. Hoje decidi aparecer depois. Assim, me livro do mau agouro e tenho mais tempo para animar meu pai rabugento.

O vestiário está mais barulhento do que antes do que o habitual, já que todos estão tomando duchas e fofocando como as boas pessoas que são. Atravesso direto para a sala do meu pai, batendo na porta para ter certeza que tenho permissão para invadir.

"Entre!" grita da sua mesa, sem me receber na porta.

Abro e entro com a cabeça, para ter certeza que está sozinho. Bem, não está.

Ethan Hall-Johnson está sentado na poltrona com o cabelo pingando e blusa colada ao corpo. Ele vira o corpo e me encara sem a diversão habitual, mergulhando o rosto nas mãos. Sinto-me ofendida e me aproximo, apenas para afrontar seu descontentamento.

"Que bom que está aqui, assim podemos conversar juntos." Meu pai levanta e puxa uma poltrona para perto de Ethan, indicando o assento para que eu me sente. Obedeço, ficando frente a frente com John Hayes. "Beatrice, o que está acontecendo?"

Olho imediatamente para Ethan. Que cacete ele estava falando para o meu pai?

"O que ele estava te falando?!" acuso no mesmo instante, completamente irritada ao imaginar a versão da história que meu pai ficou sabendo.

"Ethan? Ele não me disse nada. Eu o chamei aqui." Pela carranca estampando o rosto do meu pai, ele não estava nada satisfeito com o favoritinho. Mesmo sem empatia por Ethan no momento, fico apreensiva. Sei o quanto a figura do meu pai significa para ele. Volto a olha-lo, com certa culpa, mesmo não sabendo o que aconteceu "O Hall-Johnson aqui derrubou Theor como um trator no gelo hoje e teria feito pior se eu não o mandasse pro chuveiro."

Olho para Ethan outra vez. As mechas grossas do cabelo escuro, molhado, chamam minha atenção para como ele fica diferente sem o sorriso no rosto. Os olhos azuis são vivos, não claros ou cinzas, vivos. Parecem o céu.

Favor MútuoOnde histórias criam vida. Descubra agora