Capítulo Nove

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BEATRICE JANE HAYES

Eu odeio farmácias. É o pior lugar do mundo para encontrar pessoas e apoiar o financiamento de qualquer tipo de produto sem ao menos checar a origem. Algumas até vendem comidas! É uma loucura de empresários desesperados. Eu, particularmente, evito tomar remédios e manchar meu organismo com coisas do tipo, mas não pude evitar minha neura. Comprei pílulas do dia seguinte, anticoncepcional e um teste de gravidez.

Mesmo lembrando atentamente de cada momento da noite anterior, eu não podia arriscar. Eu estava bêbada! Posso muito bem ter um delay e lembrar daqui duas semanas uma gozada poderosa de Ethan Hall-Johnson que irá me render um bebê ruivinho. Não, obrigada. De qualquer forma, comprei um teste para a semana que vem. Caso eu comece a passar mal, vomitar, desmaiar e sentir os peitos doerem como nos filmes.

Eu não tenho ideia do que deveria fazer, entende? Não é uma coisa que posso pedir conselhos. Por mais que Ethan tenha uma lista telefônica das antigas, só sobre garotas que passou uma noite em festas, não é algo que se convida para tomar um café e conversar.

Maldita etiqueta social!

Por que eu não posso chegar e simplesmente perguntar: Oi, tudo bem? Pode me contar como consegue conversar com Ethan sem lembrar as chupadas que ele te deu? Ah, não conseguiu? Tudo bem, obrigada!

A vida seria mais simples se fossemos adeptos à realidade. Mas bem, se eu chegasse numa garota com essa ideia em pauta, seria taxado como vadia e Ethan morto em menos de 24h pelo querido John Hayes. Adorável.

De qualquer forma, decidi tentar sozinha.

Chego ao meu alojamento e como de costume, fico aliviada por Camila não estar aqui. Se é que ela existe. Desde o primeiro dia do semestre, a garota deixou uma cama arrumada no quarto ao lado e desapareceu. Nunca a vejo. Em partes, é bom viver sozinha. Contudo, é assustador saber que um desconhecido tem a chave do seu alojamento e pode invadir a qualquer momento.

Já tentei alguma informação no atendimento ao aluno, e eles não puderam me ajudar em nada. Camila Rutherford é uma aluna devidamente matriculada e com o alojamento pago. Deve existir em alguma galáxia muito distante.

13h56, Dorian: Chego aí em cinco minutos (:

Finalmente! Uma luz.

Não preciso fazer tudo sozinha, certo?

Deixo a sacolinha da farmácia na bancada da área comum e coloco um café para fazer, enquanto vou para o quarto pegar minhas coisas para tomar um banho de verdade. Estou precisando escovar os dentes.

"Olhe só para você." Aponto para o espelho "Com essa bermuda enorme, blusa fedendo suor e o cabelo acabado. Você é uma vergonha, Beatrice! Caiu na lábia sexy dele como qualquer garotinha idiota e –"

"Falando sozinha, Bea?" Dorian me interrompe, entrando no quarto com uma roupa tão ruim quanto a minha "Uau. Você está uma droga!"

"Obrigada." Debocho, soltando um nó do cabelo "É sobre isso que eu quero conversar."

"Sobre sair se atracando com o Hall-Johnson até o quarto dele? Ah, conte-me." Se joga no sofá, apenas curtindo a minha cara de assustada mórbida "Aliás, agradeça-me. Acobertei vocês dois." Continuo com os olhos arregalados em pânico "Bea, relaxe. Sentiram sua falta na festa e eu te ajudei. Vi vocês dois correndo juntos para a pista e depois você arrastando o sujeito pela gravata. Isso me lembra a razão da visita: minha varinha da Mione. Pode passar pra cá."

Tudo bem. Péssima ideia considerar que poderia dividir essa história louca com um garoto. Dorian pode ser meu melhor amigo, mas jamais vai pensar como uma garota precavida do século vinte um. Ele viu a amiga completamente bêbada se atracando com um atleta de quase dois metros e pensou: Isso aí garota, vai fundo! Dou cobertura.

Favor MútuoOnde histórias criam vida. Descubra agora