Era a tão famosa entediante e odiada segunda-feira. Me levantei com preguiça,estava sem animo para ir a escola,ainda mais com os gritos de dona Fernanda,a minha querida mãezinha. Ela provavelmente perdeu a chave de seu carro e descontava a raiva aos gritos em dono Arthur,vulgo meu pai.
Fiz minha higiene logo após de tomar um banho rápido,coloquei minhas roupas de sempre que se baseava em um moletom preto,uma jeans escura e um pouco folgada,e claro,meus inseparáveis tênis converse preto junto com meus óculos (tudo isso aos gritos de dona Fernanda). Desci as escadas dando de cara com a sala de visitas totalmente bagunçada com almofadas jogadas por todos os cantos e sofás fora de seus lugares.Tadinho de mim que vou ter que limpar.
Na cozinha meus pais estavam tirando tudo do lugar para encontrar a desgraça da chave. Dona Fernanda agora gritava em plenos pulmões palavras obscenas.
- Para que toda essa gritaria toda dona Fernanda? - Perguntei me sentando na cadeira.
- É MÃE,SEU PIRALHO! - Ela gritou e revirei os olhos.
Peguei uma torrada e vi a bendita da chave de baixo da borda do prato. Suspirei e deitei a testa na mesa.
- Achei! - Disse levantando a mão direita com a chave,seguido por um suspiro de tédio vindo de mim.
- Obrigada meu anjo,mamãe te ama! - Ela pegou a chave rapidamente e saiu pela porta da cozinha - Boa aula meu amor. Arthur,querido,vamos logo!
Bipolar...
- Tchau filho,boa aula. - Meu pai deu um beijo no topo da minha cabeça que continuava deitada na mesa. Murmurei um "Tchau" e em poucos segundos já estava sozinho em casa.
Ainda era seis e dez e o portão da escola fechava sete e meia. Peguei minha mochila,sai e tranquei a porta. Era apenas dez minutos de caminhada até a escola,mas resolvi ir mais cedo pois teria que pedir aos professores as matérias da semana passada inteira,já que faltei por causa que minha doença respiratória resolveu atacar bem na semana de matérias novas.
Bom vou me apresentar,tenho 15 anos,cabelos negros e olhos "peculiares" se posso dizer assim,meus olhos são azuis escuros mas em volta ele é violeta,estranho não é mesmo? Meu corpo é pequeno para minha idade,branco e esguio,e sem contar que qualquer raio de sol que bata em mim já me deixa vermelho. Aos olhos das pessoas sou indefeso e sensível,por isso uso roupas largas para e esconder meu corpo,e o óculos impedia um pouco a visão da cor de meus olhos para as pessoas.
Cheguei ao portão da escola que dava á um jardim,onde se encontrava praticamente quatro pessoas. Coloquei meus fone e andava ao som de Take Me To Church do Hozier e cantarolava baixo o refrão da música. Não querendo me gabar mas minha voz era muito bonita,suave e delicada.- Você canta bem,fantasma. - "Fantasma" era meu apelido na escola por ser isolado e odiar chamar atenção. Dei de cara em alguma coisa dura que fez cambalear para trás.
Ouvi risos baixos enquanto eu massageava minha testa,agora dolorida pelo impacto. Murmurei um "Filha da..." seguido de uma palavra obscena. E mais um riso foi ouvido. Levantei minha cabeça rapidamente e dei de cara com Matheus,o garoto mais popular da escola,o mesmo tinha uma beleza invejável,loiro de olhos verdes,alto e com um corpo "escultural". Corei e olhei para o lado,gaguejando um "oi" para Matheus.
- Nunca notei que você era tão baixinho. - Disse ele com um sorriso de lado. Bufei e olhei com raiva para ele,odeio quando me chamam de baixinho!
- Se me parou só para me importunar então saia da frente! Preciso falar com os professores. - Dei um passo para o lado,pronto para sair se não fosse por Matheus puxando meu braço.
- Ai! - Falei manhoso.
- Eu nem usei força! - Ele retrucou me olhando.
- Eu sou sensível... - Abaixei a cabeça massageando meu braço esquerdo que foi puxado.
- Por favor para de drama Gabriel! Precisamos conversar. - Eu olhei ele com raiva e levantei a manga do meu moletom.
- Não estou fazendo drama! - Ele olhou surpreso para a marca vermelha que tinha o formato perfeito de sua mão - Isso vai ficar roxo.
Choraminguei e senti os dedos de Matheus tocarem a marca,me assustei mas não afastei meu braço do toque.
- Me perdoe,eu não sabia... - Eu estava surpreso por sua fala,além disso,Matheus tinha a fama de ser um grande babaca,era isso que eu ouvia falar. Mas isso não me impediu de corar e olhar para baixo.
- Tudo bem... - Disse baixo,mas o suficiente para ele ouvir - O que você queria falar comigo?
- Há sim! A professora de biologia passou um trabalho em dupla. Ela nos colocou juntos e queria combinar como vamos fazer.
- Pode ser quarta? Vou ter que pegar as matérias que perdi
- Podemos fazer hoje,eu te paço as matérias,ok?
- Pode ser! - Falei animado - Depois da escola na minha casa?
Perguntei e ele acenou positivamente com a cabeça,dando um leve sorriso. Fomos para sala juntos,conversamos um pouco sobre o trabalho mas seus amigos chegaram e ele se despediu de mim bagunçando meus cabelos. Murmurei um "até mais tarde" timidamente já que seus amigos me fuzilaram com os olhos,principalmente uma garota.
Quando ele saiu de perto de mim coloquei meus fones novamente e comecei uma batalha interna.Eu vou ficar SOZINHO com o garoto que estou apaixonado!
E esse foi meu pensamento até o final da aula,e quando me dei conta já estava esperando Matheus no portão.
"Se seus amigos verem ele andando comigo,talvez a sua reputação já era!"
Esse era outro pensamento que rondava minha cabeça e por um momento,pensei em ir sozinho.
- Vamos Gabriel? - Me assustei,mas quando percebi que era Matheus eu me acalmei e acenei com a cabeça.
•••
Durante o caminho nós trocavamos poucas palavras e eu andava com uma certa distância dele,com medo de um de seus amigos ou alguma pessoa nos verem e destruir a reputação de Matheus. Eu estava com o coração acelerado e as borboletas no estômago não estavam fáceis de ignorar.
Em menos de dez minutos já se encontrávamos em frente à minha casa. Eu parei de destrancar a porta e me virei para Matheus que se encontrava atrás de mim,ele me lançou um olhar interrogativo por ter parado de abrir a porta.- Algum problema,Gabriel? - Ele me perguntou e mordi meu lábio inferior.
- É...é um pequeno problema,na verdade um grande problema bem bagunçada - Falei meio enrolado.
Como pude esquecer a bagunça de hoje de manhã?!
- Ignore a bagunça por favor... - Me virei e destranquei a porta,dando passagem para Matheus passar.
Continua...
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Justo Por Você!
Romance"A adolescência já está fadada a ser um desastre para qualquer um,a sua chegada já é sinal de brigas,intrigas,hormônios,romances e,principalmente,descobertas e decepções. A tão famosa fase onde se é conhecido a primeira paixão,o primeiro namoro e a...