Capítulo 12 - Quanto Mais Longe,Mais Perto Está

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   - Não devo satisfações da minha vida para você. Os únicos que as tem são meus pais e,caso eu consiga nessa mudança,um namorado. E você não é nenhum dos dois. - Matheus soluçou mais alto,mas continuei andando. - Adeus,Matheus.

•••

   As lágrimas manchavam meu rosto e a dor no peito não diminuía. Meu celular tinha treze chamadas perdidas daquele que um dia foi meu "namorado" e agora eu estava em casa de frente para meu guarda roupa com roupas todas jogadas ou dobradas na mala.

   Fechei meus olhos com força e solucei,eu não tinha o que perder se saísse daquela cidade,não havia nada que me prendesse ali. Meus amigos não eram tão próximos,não tinha nenhum parente pelas redondezas e nenhuma lembrança querida de infância ou familiar,nunca tivemos tempo para isso,preferia mil vezes ficar estudando do que sair para o shopping ou um restaurante. Era um saco ficar em um hambiente cheio de pessoas,não que eu seja anti-socia,(talvez um pouco mas não tanto)eu apenas prefiro sair para um parque ou uma praia,sempre fui apegado a lugares abertos e repleto da beleza da flora local.

   Sem amigos,sem namorado e sem lembranças importantes...para que eu ficaria preso ali?! Talvez o Matheus seja um ponto para ficar,mas não,eu queria esquecer ele,fingir que nunca tive nada com ele e esquecer que dei minha virgindade e minha confiança para aquele babaca.

   Peguei uma blusa no meu armário mas logo a soltei,coloquei uma das minhas mãos em meu cabelo e comecei a chorar com mais força. Eu queria esquecer ele,mas aquela blusa...A porcaria da blusa que ele esqueceu no dia em que tirou minha virgindade,que o mesmo colocou em mim dois dias depois porque eu estava com frio...Eu queria esquecer ele!

   Levantei e peguei uma tesoura e procurei um fósforo ou isqueiro na minha gaveta(em cada cômodo havia uma gaveta com esses objetos e algumas velas,para caso acontecesse um apagão),quando achei o fósforo eu caminhei rapidamente até a lixeira do meu quarto. As lembranças vieram com força,os lábios dele me marcando,nossos corpos se chocando,nossos gemidos e a cama rangendo...

   - AAAAAAH! - Gritei de raiva,tristeza e frustração. - EU QUERO TE ESQUECER!

   Joguei a blusa em um canto qualquer e comecei a socar a parede.

   - Eu. Quero. Esquecer. - Falava pausadamente e entre dentes enquanto socava a parede. - Você!

   Senti uma mão em meu ombro e me virei rapidamente,pronto para expulsar quem quer que fosse.

   - Está tudo bem meu filho,tudo bem... - Minha mãe me puxou para um abraço e comecei a tremer,chorar e soluçar alto.

   - Por que dói tanto? Por que amar dói? - Me agarrei em minha mãe e senti ela acariciar meus fios. Eu sabia que ela iria chorar,ela não aguentava me ver assim. - Eu não quero mais sentir isso,mãe,dói demais! Por que fui me apaixonar justo por ele?!

   - Se doeu...não é amor de verdade. - Minha mãe falou com a voz trêmula e me apertou mais ainda. - Amor cuida,traz felicidade e algumas decepções,mas não dói. Você ainda é jovem,Gabriel,vai machucar muito ainda,você vai ver. Você não pode desistir,se você não errar agora,lá na frente você vai cometer esses erros e não vai ter aprendido nada.

   - Mas eu não quero sentir mais... - Sussurrei soluçando. - Dói demais. Eu amo ele,eu quero esquecer ele,o Matheus me fez muito mal,mãe.

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