Runaway-Aurora.mp3

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Três dias após o término do meu namoro eu ainda continuava a falar com a minha ex e isso não facilitou para mim e nem para ela...

No quarto dia, as emoções estavam à flor da pele... decidimos reatar...

Acho que a decisão seria fatal para percebermos que estávamos em lugares diferentes durante a tentativa de reacender uma chama que havia se apagado há muito tempo.

Voltamos.

Mas não voltamos ao relacionamento por completo. Estávamos quebradas. E não seria algo que se concerta com diálogos e juras de amor eterno. Eu a senti mais distante que os 3.404 km de Brasil que nos separava.

Na semana seguinte seria o INTERENF... os jogos de integração das faculdades de ciências médicas. E eu comecei a sentir as mesmas sensações de quando ela foi pela primeira vez. A sensação de que quando ela se jogava no INTERENF eu não existia mais.

Ela foi...

E durante ela estar lá eu tentei focar em outras coisas e tentei aceitar que aquilo era algo que ela gostava demais. Tentei conversar sobre... perguntar como estava sendo. Recebi inúmeros vácuos, mesmo com o "online" lá no cantinho da conversa dela eu não recebia nenhuma mensagem.

Os meus "eu te amo" estavam sendo respondidos com "preciso ir agora".

Ela havia me bloqueado nos stories do instagram sabendo que eu os visualizaria.

Desinstalei o aplicativo.

Quando ela voltou eu sabia que não tinha voltado para mim, que eu havia ficado muito antes de ela ir para o evento. E estava certa...

Continuamos na mesma situação do estou "online", porém, não para você.

Eu ainda a tratava com todo o carinho do mundo e por uma semana eu fui respondida com mensagens curtas de indiferença. Então aos poucos eu fui me preparando para a última despedida.

Quando chegou o dia eu achava que estava pronta. E ela pediu para conversarmos, mesmo sabendo que era a nossa última chance de fazer dar certo. E eu posso jurar que tentei o meu máximo, dei tudo de mim para tentar consertar tudo o que havia deixado a desejar na primeira tentativa, mas acho que isso a havia sufocado.

Perguntei se estava bloqueada dos stories no instagram e ela respondeu que não.

Instalei o aplicativo mais uma vez e vi que não aparecia nada para mim, nem os stories fixados do perfil dela.

- Tem certeza? - perguntei.

Ela demorou um pouco a responder.

- Tenho. Não estão aparecendo pra você?

- Não.

Entrei mais uma vez no aplicativo. Os stories apareceram. Não falei mais nada. Ela deu a resposta que eu precisava naquele momento. No feed tinha o de uma amiga dela com foto delas duas e a legenda de que o inter deveria durar mais 30 dias. Respondi brincando "eu ia surtar".

A guria respondeu um tempo depois e começamos a conversar. Eu continuava agindo como se tudo estivesse bem entre eu e minha ex, até começar a receber as mensagens as quais eu havia tentado me preparar durante a semana toda.

Não lembro ao certo o momento em que eu comecei a surtar de verdade no chat do instagram... Pois havia recebido a mensagem do término. Desabafei ali com aquela pessoa que eu nem conhecia e nunca tinha conversado sobre algo tão íntimo. E ela me confortou. Disse o famoso "vai ficar tudo bem".

E então terminamos. Eu a deixei ir. E dessa vez sem pedir que voltasse. Pedi apenas para continuar a conversar comigo para manter a amizade que tínhamos. Afinal, passamos um bom tempo juntas e tínhamos dividido muito mais que sonhos.

- Não acho que seja uma boa ideia. Eu não tenho emocional e nem psicológico para isso. - foi o que recebi.

- Tudo bem. Mas quando precisar de mim, eu estarei aqui...

No meio da conversa ela me contou que durante as festas do INTERENF havia sido abordada por outras pessoas querendo ficar com ela, mas que em respeito à mim não ficou com ninguém.

E mais uma vez foi o que eu precisava ler.

Naquela hora eu percebi que não havia discurso no mundo que faria eu ficar bem ou que me faria esquecer de tudo, a não ser a minha própria força de vontade em seguir em frente.

É isto... tenho que me focar na faculdade e dar prioridade às minhas ambições. Eu já estava me preparando para o processo seletivo de transferência entre universidades. Eu iria para São Paulo em busca da minha graduação e em busca de um recomeço. Mesmo que fosse o estado dela.

Quando caiu a ficha de que estava sozinha de novo o choro veio...

E nessa hora minha mãe passava pela porta do quarto e viu. Ela se aproximou de mim e perguntou o que tinha acontecido. Contei tudo pra ela e me derramei, literalmente, em seu colo. Minha mãe me abraçou e nem precisou dizer nada para que eu sentisse que ficaria bem...

Ela enxugou minhas lágrimas e com um sorriso me disse:

- Você é muito forte minha filha. Eu tenho orgulho da mulher que você se tornou e isso vai passar, só depende de você agora.

Eu balancei a cabeça confirmando e não derramei mais uma lágrima.

Todas As Canções Que Me Lembram VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora