This_Is_The_Day-The_The.mp3

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Finalmente tinha chegado o dia da viagem. 31 de Janeiro. Eu desembarcaria em Campinas dia 1° de Fevereiro. Havia a sensação de incerteza pairando no ar, mas meu corpo todo se energizava sabendo que eu estava no caminho certo.
A despedida dos meus familiares foi bem difícil. De certa forma, eu acho que não sei me despedir. É muito difícil dar tchau. Não vi meu colegas de turma da faculdade uma última vez justamente por isso. Achei que seria demais para mim.
Ao subir no avião todas as minhas dúvidas e inseguranças ficariam na cidade de Santarém. Eu as deixaria na minha cidade natal e abraçaria as novas oportunidades sem medo!
A viagem foi bem tranquila e aproveitei cada instante do trajeto observando o céu mudar de cor desde as 00h50 até às 7h35... um verdadeiro show da natureza!
Quando o avião aterrissou em Campinas meu coração começou a bater cada vez mais forte. Era isso. Eu estava em São Paulo.
Peguei carona até Sorocaba e minha colega, Natália, me ajudaria com as malas. Ela é alguém super importante no meu processo de transição entre UFOPA e UFSCar. Fez minha matrícula presencial e cuidou dos procedimentos enquanto eu estava no Pará. E agora eu moraria com ela e mais 3 garotas em um apê.
Fui muito bem recebida no "apêzinho" e gostei da forma como me acolheram. Nesse mesmo dia a Lenha (apelido da Natália) me levou para a faculdade e me fez participar do trote dos calouros.
Mas eu estava muito mais nervosa pro próximo dia...
Como as aulas só começariam em Março, eu teria muito tempo pra conhecer melhor alguns lugares de São Paulo.
E quem melhor do que a Isa pra me mostrar ?!
Marcamos de nos encontrar em Osasco no dia 2 de Fevereiro para passear.
A ansiedade estava a mil e eu estava super contente em poder sair com ela. Parecia que não era real, que eu não estava a poucos quilômetros dela.
Quis dormir cedo pra que o dia chegasse mais rápido. Mas a noite foi longa...
Quando consegui pegar no sono já eram 6hrs da manhã e tive que me arrumar pra esperar a carona que me levaria até Osasco. Às 7hrs eu liguei para acordá-la e avisar que já estava a caminho.
Ouvir a sua voz de sono me tranquilizou demais, por mais que fosse ela reclamando por tê-la acordado tão cedo. Quando a carona chegou, eu entrei no carro e segui viagem.
Cheguei cedo na estação onde nos encontraríamos e aproveitei para lanchar. Desci para a plataforma e só restava aguardar o trem no qual ela chegaria.
Minhas mãos suavam e eu comecei a ficar nervosa. Cada trem que chegava o meu coração acelerava mais e mais.
Até que ela avisou que já ia descer na próxima estação.
Quando o trem chegou eu caminhei até o vagão que ela estava e quando a vi o nervosismo passou, ela veio saltitando de uma forma muito fofa ao meu encontro. Nos abraçamos forte como se fosse um reencontro, e bem como se já nos conhecêssemos há muito tempo, nos beijamos, foi só um beijinho de "oi", mas encaixou tão certo que realmente senti que estava apenas encontrando ela de novo e não a vendo pela primeira vez.
Demos as mãos e ficamos esperando por outro trem. Na minha cabeça, formávamos um casal muito lindo.
Nosso primeiro passeio seria no Parque Villa Lobos, porquê sinceramente, eu amo parques! E ela sabe disso. Sabe que eu amo a natureza, amo árvores e flores e tudo que é vegetal.
O dia estava muito quente e nada propício para caminhar, mesmo assim andamos pelo parque e eu não sabia se prestava mais atenção na vegetação ou naquela garota maravilhosa que estava andando de mãos dadas comigo.
O parque tinha muitos frequentadores e eu achei o máximo ela não se importar com as minhas mãos suadas nas dela enquanto andávamos pelo caminho de mãos dadas, sem medo dos olhares, sem notar se haviam pessoas incomodadas com nossas demonstrações de afeto em público.
Ela me tratava com carinho e toda vez que me olhava eu sentia vontade de beijá-la. O que acabou acontecendo.
Paramos em uma sombra à beira do caminho do parque e ficamos conversando, trocando carinhos, beijos e risadas.
Não sei como, mas quando nos beijamos eu senti que havia sincronia, sabíamos exatamente como tocar os lábios uma da outra. Sem momentos constrangedores do que seria uma falta de prática.
"Ela é linda demais!" eu pensava comigo mesma. Estava morrendo de receio de por acaso estar com cara de boba apaixonada e ela ficar constrangida.
Mas ao que parece. Ocorreu tudo bem e eu não paguei de babona. Kkkkk
Decidimos que iríamos ao cinema do shopping que ficava ali perto (porém não tanto), fomos assistir Como Treinar o Seu Dragão 3, que por sinal, eu achei o máximo!
Quando o filme acabou, ela quis me levar à Casa das Rosas. Me conhece bem demais...
Seguimos com o nosso tour e pegamos o metrô para a tal casa. A arquitetura dos lugares que ficam na avenida Paulista são demais, ela comentava isso com tanto entusiasmo que eu me sentia tentada a amar a cidade tanto quanto ela... A visão dela sobre São Paulo é de transformação e também conservação, é um misto de progredir, mas também manter o patrimônio cultural. Acho que se um dia eu amar SP tanto quanto ela, terei que agradecer por me fazer enxergar a cidade com outros olhos.
Quando entramos na casa eu me senti leve, senti o aroma das rosas encher os meus pulmões com o cheiro doce que me remeteu à lembranças na casa da minha avó. E o tempo todo não soltamos as mãos uma da outra. De alguma forma eu não queria deixar de tocá-la, pois sentia que o nosso toque era essencial e fazia uma corrente de energia passar pelo meu corpo e retornar pra ela em forma de olhares carregados de amor.
Nos beijávamos sempre que podíamos e cada beijo era diferente. Mas nenhum ainda havia sido do jeito que eu queria beijar. Queria mostrar pra ela que eu desejei por muito tempo tocar os seus lábios  e que agora desejava muito mais.
Durante todo o passeio não nos privamos de trocar carinho em público, não senti medo de acariciar seu rosto ou de abraçá-la, muito menos de beijá-la.
Como já tínhamos visto tudo o que tinha pra ver na casa das Rosas, concordamos em ir para outro parque, um que fica em frente ao MASP, confesso que na verdade eu queria muito mesmo era um lugar mais reservado pra ficar sozinha com ela...
Já estava anoitecendo e quando chegamos no parque, estava fechado. Então atravessamos a avenida e ficamos sentadas em uns bancos debaixo do MASP.
Eu juro que cada vez que eu parava pra perceber algum detalhe no rosto dela, ela ficava mais linda, é como se a cada vez que a gente se olhasse eu a visse de forma diferente... Mas era ela ali, a mesma pessoa. A mesma garota de 1,50 de altura, cabelos pretos, pele clara, enfeitada com várias pintinhas que faziam companhia aos seus olhinhos brilhantes que nem azeitonas pretas, e uma boca linda, quase desenhada que fazia eu desviar os olhos sempre que me encontrava encarando-a.
Ficamos sentadas ali por muito tempo, às vezes caladas, só apreciando a companhia uma da outra... Até que chegou a noite.
O Centro de São Paulo se iluminava rapidamente acompanhado dos sons de cidade metropolitana.
Como estávamos sem opção de rolê e eu não voltaria para Sorocaba naquele dia, buscamos dicas de para onde ir com o primo dela. Uma ideia bem arriscada, mas que a gente se jogou de cabeça só pra ver onde ia dar.
Mas essa noite que passei com ela é história para outro capítulo...

Todas As Canções Que Me Lembram VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora