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Adalberto viveu anos dourados. Morava com o amor de sua vida e fazia da música o seu ganha pão. Sabia que com um violão na mão e a pessoa amada ao lado nada era impossível. Todas as portas estavam escancaradas aguardando seu talento contagiante.
Na noite de 30 de junho de 1966, quando chegou em casa após se apresentar em um tradicional restaurante de Buenos Aires, ele se deparou com o inesperado. Tudo estava revirado, móveis no chão, louças quebradas, quadros rasgados e uma mensagem na parede sobre a cabeceira da cama. "Gardel está morto e você será o próximo".
Em pânico Adalberto passou a noite ali, aos prantos sentindo os últimos vestígios da presença de seu grande amor. Seu perfume estilhaçado num canto aromatizava o ar, suas roupas espalhadas pelo quarto, as raras fotografias dos dois estavam rasgadas e os documentos picotados sobre o colchão. Tudo ali estava destruído e sua maior razão de viver não estava mais lá.
Não se sabe como, mas Adalberto se reconstruiu. Poucos anos depois ele estava morando no norte do país, casado e com dois filhos. Trabalhou por três décadas como porteiro e se manteve longe do violão.
Não posso te dizer que Adalberto foi infeliz, mas ele continuou vivendo, pois lá no fundo a lembrança de seu grande amor o mantinha caminhando.
Aos 63 ele perdeu a mãe de seus filhos. Ela sabia que Adalberto não tinha muito amor a oferecer, mas tentava se demonstrar feliz ao seu lado.
Durante este novo luto a saudade pelos anos dourados erupcionou de uma forma incontrolável. Em poucos dias ele comprou um violão e entoou novamente aquelas canções que revitalizaram seu coração.
Hoje, pelas ruas de Buenos Aires você pode encontrar Adalberto fazendo da música seu ganha pão. Sempre tocando, cantando e fascinando todos com a paixão que exala ao se apresentar. Paixão esta em virtude das lembranças de seu grande amor, Carlitos.
Batizado com o nome do grande músico Argentino, Carlos Gardel foi levado pelos militares naquela noite em 1966 e nunca mais foi visto.
Adalberto canta sempre bem alto e procura em todos os rostos a face de seu grande amor. Quem sabe ele esteja vivo, passe por ali e reconheça sua voz. Gardel Vive.