Sofia poderia ser uma "garota normal", se não fosse por um detalhe: Ela tinha uma doença que privara ela de qualquer contato com o sol e o mundo fora do seu quarto - ao dia.
Depois de vários procedimentos médicos, ela finalmente poderá ter uma "vida...
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O6 de abril, sexta-feira, 15:35 h.
ABRO O portãozinho pequeno da casa de dois pisos na minha frente com a minha chave, e já vou entrando pela porta da frente. A gente começa a poder fazer essas coisas depois de quase quinze anos - a minha vida toda - passando pelo mesma porta e subindo os degraus da mesma varanda, sem ser da nossa própria casa.
— Boa tarde! - falo alto, assim que atravesso a porta e a fecho atrás de mim.
— Boa tarde, minha menina! - Tia Laura grita do segundo andar. Subo correndo as escadas e encontro-a no seu quarto dobrando as roupas.
— Voltou mais cedo do trabalho? – pergunto, me sentando na sua cama de casal.
— Não fui trabalhar hoje de tarde, meu amor. Marcos ficou doente e me ligaram da escola pedindo pra mim busca-lo,
— Nossa, o que ele tem? É grave? - me preocupei.
— Ele está com uma virose, nada demais, querida. Não precisa se preocupar. - ela abre um sorriso carinho para mim. Um sorriso de mãe. Seu rosto torna a ficar sério quando ela continua: — Guilherme me falou que sua mãe anda se isolando de vocês de novo. Para mim ela não liga mais como costumava ligar todos os dias. Estou preocupada com ela, Sofia.
— Eu também estou preocupada, tia. - pisco rápido para conter as lágrimas. — Eu estive pensando... podíamos sair para um final de semana, não é? Nossa família: eu, você, tio Ju, Marcos, Eliza, Guilherme, mamãe e claro, o Gato.
— Isso seria uma ideia genial, querida! Podemos ir para a cabana do lago. E já que ela é gigante, podemos convidar os seus dois outros amigos!
— Leonardo e Lucas? - inquiro.
— Isso! - ela fala, muito entusiasmada.
— Eu estou muito decepcionada com eles, tia. Na verdade eu preferiria nem olhar na cara deles por um bom tempo.
Com Lucas eu já estava decepcionada a algum tempo, mas Leonardo... eu não esperava isso dele.
Nós dois estávamos muito grudados, e sempre quando estava com ele eu esquecia de tudo. Lucas, admirador secreto, nosso grupo desfeito e todo o resto do mundo.
Quando eu estou com ele, eu me sinto completa. Sempre quando o avisto uma sensação maravilhosa me invade, não é o mesmo sentimento que sinto quando vejo Lucas. Quando estou com Lucas a sensação é misturada ao nervosismo e a angustia, o medo por não ser correspondida, mas não deixa de ser uma boa sensação. Com Leonardo a sensação é carregada de conforto, segurança e uma felicidade imensa.
Eu posso afirmar com veemência que Leonardo é a pessoa que mais me conhece, ele me conhece por inteira, não em metades ou só em partes como eu mostro para as outras pessoas. Então quando eu o vi naquela briga com Lucas meu coração, já meio calejado, trincou ainda mais.
