TRÊS DIAS depois do meu procedimento médico para a minha tentativa de cura 100% do XP, eu recebi alta. A doutora Márcia Andrade realmente era a melhor medica daquele hospital, pois sai de lá com 100% de cura. Estava totalmente livre do XP.
Eu não tinha mais nenhuma doença sobre meus ombros. Eu não era mais a garota com Xeroderma pigmentoso, eu era apenas Sofia Valentin. Apenas eu mesma, nunca mais uma doença.
Minha família quis comemorar com um churrasco, então nos reunimos todos lá em casa. Estávamos todos no quintal dos fundos, rindo e brincando. Tio Juliano e vovô Romeu envolta da churrasqueira. Mamãe, tia Laura e vovó na cozinha. Guilherme e Eliza arrumando a grande mesa de madeira no quintal. E eu sentada na sala, fazendo meus trabalhos atrasados da escola enquanto Marcos estava sentado no tapete desenhando.
- Para você. - ele estendeu uma folha de papel na frente do meu rosto.
Olhei para o desenho, era eu e ele com toda a nossa família - até mesmo o Gato ele desenhou -. Eu agradeci, elogiei o desenho e dei um beijo em sua bochecha.
Quando ele chegou aqui estava muito chateado porque foi barrada a entrada dele no hospital e ele não pode ir me ver uma vez sequer, já que não permitiam a entrada de crianças.
- Você é a criança mais fofa desse mundo todinho, sabia? - falei, apertando a sua bochecha só para ver sua carinha irritada, o que não demorou a acontecer.
- Eu não sou criança. - ele falou emburrado, cruzando os braços e fazendo bico, enquanto franzia as sobrancelhas escuras e estreitava seus olhos verdes.
Eu iria responde-lo, mas a campainha soou alto. Fiquei um tempo olhando para a porta sem saber o que fazer. Toda a minha família estava aqui, então só podia ser ele.
- E ai, adulta, vai abrir a porta ou que sou criança vou ter que abrir? - Marcos perguntou com ironia. Eliza havia o ensinado o que era sarcasmo e ironia a algum tempo atrás, pelo jeito ele aprendeu direitinho a usá-lo.
Igualzinho a irmã.
Pensei, enquanto ia em direção a porta e respirava fundo me preparando psicologicamente para vê-lo, eu prometi que o veria e o escutaria. Tomei coragem e abri a porta.
Soltei um suspiro de alívio ao reconhecer as duas lagoas acinzentadas. Eu não queria ver nenhum dos dois, mas Lucas era melhor agora já que não tinha mais sentimentos por ele, na verdade acho que nunca tive.
- Oi. - ele disse hesitante.
- Oi. - respondi desconfiada e confusa. - Desculpa a grosseria, mas... o que faz aqui?
- Eu queria vir me desculpar com você. E também esclarecer algumas coisas.
Suspirei cansada. Eu prometi que iria ouvir Leonardo, então Lucas também tem o direito de ser ouvido. No fim acabei dando um passo para o lado deixando-o entrar, ele abriu um sorriso pequeno quando passou por mim e eu fechei a porta logo em seguida.
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Sol para Sofia - #1 | Concluído
TeenfikceSofia poderia ser uma "garota normal", se não fosse por um detalhe: Ela tinha uma doença que privara ela de qualquer contato com o sol e o mundo fora do seu quarto - ao dia. Depois de vários procedimentos médicos, ela finalmente poderá ter uma "vida...