5: Um por um

551 124 145
                                    

Para quê preocuparmo-nos com a morte? A vida tem tantos problemas que temos de resolver primeiro.

[ 🏹 .*+ ]

— O que disse? — indaguei.

— Esse nome me é familiar — Hyunwoo repetiu.

— Quem é esse cara, Hyunwoo? — Changkyun questionou — não me lembro de Dongyul nenhum.

— Ele estudou com a gente ano passado. Era amigo de Hyungwon.

— Continuo sem me lembrar desse cara — o Lim balbuciou.

— Hyungwon nunca me falou de Dongyul — murmurei.

— É porque não tem necessidade de falar de uma pessoa morta — o Son me entregou o papel. Ao ver que eu estava boquiaberto, prosseguiu — vamos para a cafeteria, é melhor contar pra todos.

[...]

— Dongyul chegou antes de você, Hoseok. Conhecemos ele ano retrasado mas ele só foi ficar na mesma sala que a gente no ano passado. Como você e Changkyun não eram da nossa sala ano passado, não devem ter conhecido ele — Hyunwoo tirou o celular do bolso e procurou, por bons minutos, algo que supus ser uma foto. Em seguida, virou o celular para mim. Changkyun murmurou um "oh", como se a verdade tivesse sido completamente revelada para si.

— Ah, eu lembro dele — Jooheon e Kihyun disseram em conjunto assim que viram a foto.

— Ele não tinha amigos, Hyungwon foi o primeiro a se aproximar dele. Mas depois ele se afastou de Dongyul e não nos disse o motivo — suspirou — só um mês depois que ele decidiu contar pra mim.

— E o que aconteceu entre os dois? — Changkyun indagou.

— Dongyul se apaixonou por Hyungwon, quando já havia recebido atenção demais do Chae. Mas Hyungwon já estava de olho no novato que se transferiu em agosto daquele mesmo ano — Hyunwoo olhou para mim e sorriu — quando Dongyul descobriu isso, parece que ele ficou louco.

— Por que?

— Dongyul fazia parte do jornal da escola, sempre tinha uma câmera com ele. Então, ele começou a tirar fotos e vídeos de Hyungwon sem que ele percebesse. E, de alguma forma, conseguiu o número de Hyungwon.

Fechei meus punhos, com a vontade de arrebentar a cara daquele energúmeno a todo vapor.

— Hyungwon desconfiava que era observado e já sabia que Dongyul era o problema. Então, o rejeitou e disse para não se aproximar. Um tempo depois, vocês começaram a namorar — Hyunwoo disse olhando para mim — mas Dongyul não parava, continuava a mandar mensagens estranhas pro Chae. Por mais que bloqueasse o número, ele sempre aparecia. Então, em dezembro, Hyungwon falou com seus pais e o assunto foi resolvido. Só que no dia seguinte, Dongyul pediu pra conversar com Hyungwon no terraço e... — Hyunwoo molhou os lábios antes de prosseguir — e se jogou do prédio. Os Chae pediram silêncio por parte da escola, tanto é que só eu, Hyungwon e a família dele sabiam dessa história. Combinaram que caso alguém perguntasse do garoto, diriam que Dongyul se matou por causa da depressão.

Então por isso Hyungwon se esqueceu do nosso encontro no começo desse ano. Por isso ele ficou tão aéreo. Ele ainda estava se sentindo culpado? Mas Dongyul era louco, a culpa não era do Hyungwon.

— Essa é a história que Hyungwon me contou e acho que está relacionada à essa carta — o Son finalizou.

Depois de um silêncio quase ensurdecedor, em que todos nós seis ficamos encarando nossos copos de café, decidi falar:

— Dongyul tem um irmão? Algum parente que estudou com a gente?

— Eu sei que ele tem um primo chamado Himchan. De vez em quando eu via eles nos intervalos conversando — Jooheon se pronunciou — não vai me dizer que quer interrogar o primo dele?

— É isso mesmo que vamos fazer amanhã — ditei ao me levantar — eu vou pra casa, preciso dormir um pouco.

— Vou te deixar lá, Hoseok — Hyunwoo disse e se levantou após. Apenas assenti e nós encaminhamos para o lado de fora.

[...]

No dia seguinte, procurei Himchan, com a ajuda de Kihyun. Pedimos que ele nos encontrasse nas arquibancadas do campo de lacrosse no intervalo, e ele, meio confuso, aceitou.

— Então é isso — Himchan murmurou após me entregar a carta. O vento soprava forte, bagunçava nossos cabelos e deixava aquele clima ainda mais frio — o que quer me perguntar?

— Eu passei a noite pensando que Dongyul fosse louco o suficiente pra mandar alguém matar Hyungwon — falei. Himchan não pareceu ofendido com o que eu disse, apenas suspirou — isso é possível?

— Sabe, eu cresci ouvindo de meus pais que Dongyul era a ovelha negra da família. Ele não batia muito bem desde pequeno, e eu tinha notado isso. Mas insinuar que Dongyul possa ter contratado alguém pra se vingar do seu namorado é demais — riu sem vontade — até mesmo pra ele.

— Então quer dizer que voltamos à estaca zero — Kihyun sussurrou.

— Hyungwon não é quem vocês pensam ser — Himchan disse — podem começar por aí.

Agarrei-o pela gola do uniforme, sem pensar duas vezes.

— Está insinuando o que sobre meu namorado? — questionei entredentes.

— Hyunwoo é o amigo mais próximo de Hyungwon, não é? Pergunte a ele o que Chae Hyungwon já fez e escondeu de todos vocês.

Engoli em seco ao soltá-lo. Chae Hyungwon não seria capaz de ferir uma mosca, então sobre o que Himchan falava?
Himchan percebeu que aquela era sua hora de afastar-se e assim o fez. Correu das arquibancadas rumo à escola.

— Hyunwoo — o chamei. O moreno estava entre Jooheon e Changkyun, observando aquela cena quieto — o que você está escondendo de nós?

QUEM MATOU O NÚMERO QUATRO? 「 2Won 」Onde histórias criam vida. Descubra agora