Ó doçura da vida: agonizar a toda a hora sob a pena da morte, em vez de morrer de um só golpe.
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24 de abril, um dia depois da morte de Chae Hyungwon.
A terra era jogada sobre o caixão de Hyungwon pelos coveiros. Não havia sol, apenas o típico mormaço das oito da manhã.
Os pais de Hyungwon tinham os rostos inchados depois de uma longa noite, e eu me encontrava em igual estado. A única diferença era que eu tinha um olho roxo e lábios cortados, pois quando eu saí da delegacia ontem à noite o irmão de Hyungwon, Chungho, me agrediu. Não consegui revidar por estar completamente sem forças e achar que merecia aquela punição.
E naquele momento, vendo o caixão de madeira escura, sabendo que Chae Hyungwon estava lá dentro, enquanto a terra o sufocava, me fez ficar mais fraco que ontem. O padre que a família Chae convidou para discursar disse palavras belas, mas nenhuma dessas palavras o trariam de volta à vida. Já cansado de ouvir "ele foi para um lugar melhor", me retirei abruptamente da pequena multidão, girando os calcanhares e caminhando para longe. Com raiva, triste, me sentindo um merda por não ter feito nada naquela noite.
Bruscamente, minha mão foi puxada para trás, e quando eu estava prestes a gritar, vi o olhar assustado e entristecido de Kihyun.
— Hyungwon quereria que você ficasse — disse baixinho. Molhei os lábios ao olhar para o lado e suspirar.
— Me deixe sozinho um pouco, Kihyun — puxei minha mão da dele e a passei pelo meu cabelo, o bagunçando. Virei-me de costas para Kihyun, já pronto para deixar o cemitério, mas quando o Yoo gritou meu nome, parei de andar — o que foi?
Demorou um pouco mais que dois minutos para que Kihyun indagasse:
— Você disse pros policiais o que aconteceu ontem à noite — soluçou — mas até agora não disse aos seus amigos o que aconteceu.
Não o respondi. Era verdade, eu não havia contado. Mas ainda não estava pronto para falar, mais uma vez, sobre a noite em que vi Hyungwon completamente ensanguentado, por que não entendiam?
E pior, por que me acusavam? Eu tentei salvá-lo, não matá-lo naquela noite.
— Eu não gosto de lembrar daquela noite, Kihyun — murmurei após um tempo — vou falar quando estiver pronto.
— M-Mas... — quando o Yoo ia continuar a falar, Changkyun pôs a mão no ombro do menor e sorriu sem vontade para mim.
— Vá para casa, Hoseok. Você está horrível — Changkyun disse. Agradeci-o por parar um Kihyun curioso com um aceno de cabeça e voltei a caminhar.
[...]
Afrouxei a gravata escura e, de debaixo da cama, retirei a caixa azul-marinho que Hyungwon havia me dado ano passado. Nela, eu guardava as cartas que Hyungwon me mandava. Ele dizia que mensagens por celular não valiam nada, mas cartas escritas à mão, sim. Deixei a caixa ao lado de meu corpo e fitei-a antes de abrí-la.
Ele gostava de passar o tempo dele desenhando e escrevendo cartas para mim, e sempre me entregava toda sexta. Para uns, seria um ato bobo, antiquado e desnecessário. Mas para nós... para nós era algo precioso. Abri a caixa, dando de cara com o cachecol avermelhado que Hyungwon havia me dado em uma noite de setembro do ano passado. Peguei o tecido macio e o coloquei ao meu lado na cama, para que fosse possível pegar as cartas que ele me mandava.
A última carta que ele me mandou foi dia 18 de abril, alguns dias antes da tragédia percorrer meus olhos. Ele havia me pedido para ler depois dos exames pois não queria que eu me desconcentrasse e minhas notas caíssem. No dia, eu não contrariei, embora tivesse que fazê-lo.
Era sua última carta.
Com lágrimas caindo em minha perna, criei coragem para abrir o envelope cor de rosa. Como em todas as cartas que Hyungwon me mandava, o verso desta também estava rabiscado. Às vezes eu me pergunto se esses rabiscos têm algum significado, pois depois da morte de Hyungwon, eu percebi que a menor das coisas que ele fazia tinha sim significado.
Desdobrei o papel e mordi o lábio tão forte que sangrou. Minha angústia era tanta, meu medo era tanto, minha saudade era tanta que eu não sabia se conseguiria ler tudo o que estava escrito ali. Apenas consegui ler que ele me amava e que não estava arrependido do que fizemos juntos.
Então, retornei a carta ao envelope e a joguei de uma vez na caixa. Movido pela raiva, empurrei a caixa com força para longe do colchão, a ouvindo cair no tapete branco, perto de minha cama.— Hoseok, está tudo bem? — minha mãe havia acabado de chegar do enterro de Hyungwon. Deu três batidas à porta antes de girar a maçaneta e assustar-se com o estado no qual eu me encontrava — Hoseokkie... — ela me chamou com a voz chorosa e correu até mim, ficando ajoelhada ao me abraçar de forma desajeitada.
Ficamos assim por bons minutos, até que ela teve de se desvencilhar por conta do celular tocando.
— Pode atender, mãe — falei. Ela se ergueu e sentou ao meu lado, tirando o celular da bolsa.
— Alô? — pelos ruídos, parecia uma voz masculina — agora? Ele não está em condições de falar disso de novo, Kangdae.
A olhei, com os orbes arregalados. Minha mãe revirou os olhos e desligou o telefone.
— Kangdae quer te interrogar outra vez. Hoseok, nós podemos ir amanhã ou... — a interrompi.
— Vamos agora. Se eu fugir de interrogatórios e perguntas, vão continuar achando que eu sou o culpado.
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e aí, o que vocês estão achando até agora? 💕
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QUEM MATOU O NÚMERO QUATRO? 「 2Won 」
FanficChae Hyungwon, membro de uma das famílias mais ricas de Seoul, foi assassinado. Hoseok, namorado de Hyungwon, por ter vindo das margens de Seoul, é o principal suspeito. Enquanto todas as provas apontam para Hoseok, é deixada a seguinte pergunta no...