A morte, que sugou-lhe o mel dos lábios, ainda não
conquistou sua beleza.[ 🏹 .*+ ]
Dia 24 de abril, um dia depois da morte de Chae Hyungwon.
— Foi só isso que aconteceu? — meu pai indagou. Minha mãe deu um suspiro pesado, já de saco cheio daquilo — não tem mais nada pra dizer?
— Kangdae, o namorado do seu filho morreu ontem. O que custa mostrar um pouco de empatia? — minha mãe se pronunciou.
— Eu sou um policial no momento, não um pai, Momo.
Minha mãe riu descrente.
— E você ainda se pergunta porque eu pedi o divórcio — ela rebateu — já acabou? Preciso cuidar do meu filho.
Meu pai suspirou e se levantou, indicando que devíamos nos retirar. Assim que minha mãe abriu a porta, meu pai me chamou e disse:
— O zelador do seu colégio encontrou você abraçado a Hyungwon. Suas impressões digitais estão por todo o corpo da vítima e pela faca também — ele umedeceu os lábios — o legista disse que Hyungwon foi atacado por uma faca em seu esterno e morreu pela falta de sangue. A faca que estava com todas as suas impressões digitais. Hoseok, eu não sei se você é ou não culpado, mas você precisa bem mais do que isso para provar sua inocência.
— Eu fui ajudar Hyungwon. Não tinha motivos pra matar meu namorado, pai — fechei os punhos e olhei para baixo — Hyungwon foi assassinado, e não foi por mim.
— E foi por quem, Hoseok? — meu pai indagou, com as mãos nos bolsos do uniforme policial.
Mordi o lábio inferior. Eu sei que eu pareço culpado, pai. Mas eu juro que tudo o que eu fiz foi tentar ajudar Hyungwon.
— Iremos ouvir seus amigos e as famílias sobre o caso. Entraremos em contato com você em breve, Hoseok.
— Vamos, Hoseok — minha mãe me puxou para fora, pois sabia que eu não conseguiria andar por conta própria após o que havia ouvido.
Quando eu saí da delegacia, Changkyun estava escorado no carro de Hyunwoo, de braços cruzados. O Son estava dentro do veículo, com o olhar fixo no semáforo. Olhei para minha mãe e dei um leve aceno com a cabeça para que ela fosse para casa.
— Volto pela noite, mãe — avisei e dei um beijo em sua bochecha. Ela demorou um pouco para aceitar que devia me deixar com Changkyun e Hyunwoo mas, no fim, caminhou até o carro dela, o qual estava estacionado na outra rua.
— Como foi? — o Lim indagou.
— Continuo sendo o principal suspeito.
Hyunwoo nos olhou e respirou fundo.
— Está pronto pra contar pra nós o que aconteceu naquela noite? — Changkyun descruzou os braços ao se aproximar — nós precisamos saber, Hoseok.
— Antes eu preciso fazer uma coisa — molhei os lábios — podem me deixar na escola?
[...]
Em respeito à memória de Hyungwon, hoje não teve aula pela manhã e não teria pela tarde. Porém, alguns funcionários limpavam a escola e uns professores certamente adiantariam seus trabalhos.
— O que viemos fazer aqui? — Hyunwoo questionou quando paramos na frente da entrada.
— Eu preciso tirar essa pergunta da cabeça — murmurei e empurrei a porta. Hyunwoo e Changkyun me seguiram pelo corredor até o armário de Hyungwon. Vamos começar pelo mais óbvio: o número escrito na parede seria a senha do cadeado?
— Você sabe de alguma coisa que não sabemos? — Changkyun perguntou ao encostar no armário. Minha mão tremia ao se aproximar do cadeado, bem como meus lábios. Encaixei os quatro números que estavam naquela parede, e quando ouvi o barulho positivo de que estava destrancado, meu coração gelou.
Hyungwon gastou seus últimos segundos de vida escrevendo aqueles números. O que ele queria que eu visse? O que ele queria que eu achasse? O que ele queria que eu fizesse?
— Hoseok? — um Hyunwoo preocupado me trouxe de volta à órbita. Soquei o metal e espalmei ambas mãos no armário, abaixando minha cabeça em seguida.
— Me esperem lá fora — pedi. Hyunwoo não tardou em acatar meu pedido e puxou Changkyun pela manga da jaqueta até o lado de fora. Abri, com lentidão, o armário, dando de cara com uma pequena caixa e alguns livros em cima dela.
Peguei a caixa e retirei a tampa dela às pressas, encontrando cartas ali dentro. Todas estavam dobradas de formas irregulares e escritas em papel branco. Olhei por baixo dos livros para ver se tinha algo a mais, mas parecia que tudo se resumia à caixa que eu tinha em mãos. Não me preocupei em organizar a pequena bagunça que havia feito no armário do Chae e sentei-me no chão, com as costas grudadas ao metal.
Diferente das outras cartas, estas não tinham rabiscos no verso. Quando abri a primeira carta, apenas uma frase estava escrita: pare com isso. Abri a segunda, e outra frase: não me machuque. Abri a terceira: eu sinto a falta de Hoseok. Nos vimos há pouco, mas ele me completa. Pareço um bobo.
— W-Wonie... — e novamente, o choro entalado na garganta. O que isso significava? Hyungwon, me dê um sinal sobre o que aconteceu com você.
Respirei fundo para conseguir controlar a respiração e meneei a cabeça para trás. Encarei o livro que eu havia posto de maneira desajeitada e um pedaço de papel estava sendo usado como marca-página. Estiquei o braço para pegá-lo e o desdobrei, sendo possível ler:
Dongyul, eu nunca vou te perdoar.
Arregalei os olhos. O que isso significava? Quem era Dongyul? Levantei-me rapidamente, fechei a caixinha e em seguida o armário.
— Changkyun! Hyunwoo! — berrei seus nomes enquanto corria pelo corredor — Changkyun! — já do lado de fora, eles me olharam.
— O que houve? — o Lim indagou.
— Acho que temos uma pista sobre o que aconteceu com o Wonie — falei ao estender o papel para ele, que o pegou.
— Dongyul? — Changkyun arqueou uma das sobrancelhas e entregou o papel para Hyunwoo — quem é esse?
— Esse nome me é familiar — Hyunwoo disse.
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QUEM MATOU O NÚMERO QUATRO? 「 2Won 」
FanfictionChae Hyungwon, membro de uma das famílias mais ricas de Seoul, foi assassinado. Hoseok, namorado de Hyungwon, por ter vindo das margens de Seoul, é o principal suspeito. Enquanto todas as provas apontam para Hoseok, é deixada a seguinte pergunta no...