QUEM MATOU O NÚMERO QUATRO? 「 2Won 」

8: Descobrindo a verdade

Combater e morrer, é pela morte derrotar a morte, mas temer e morrer é fazer-lhe homenagem com um sopro servil.

Observação: esse capítulo vai ser narrado pelo próprio Hyunwoo!

[ 🏹 .*+ ]

— Hyunwoo, o que o traz aqui? — Chungho fingiu animação. Ele não gostava muito quando eu passava as tardes aqui e dava para notar isso porque ele olhava para mim e para o irmão de cara feia — vamos, entrem.

Jooheon, Minhyuk e eu pedimos licença e adentramos a mansão dos Chae.

— Queremos apenas conversar sobre Hyungwon — Minhyuk disse.

— Ah, claro. Aceitam algo?

— Água — Minhyuk pediu na cara dura e sorriu.

— E então, o que querem saber?

— Como Hyungwon estava antes de morrer? — perguntei. Chungho molhou os lábios e cruzou as pernas, pensativo — ele parecia perturbado ou algo do tipo?

— Meu irmão estava em perfeitas condições. Estava bem feliz com aquele zé-ninguém, Hoseok eu acho que esse é o nome dele.

— Por que vocês não gostam de Hoseok? — foi a vez de Jooheon querer respostas.

— Hoseok veio das margens de Haeundae. Um Chae merece mais que isso! — exclamou — e ele matou meu irmão.

— Hoseok só é um suspeito, Chungho. Isso não faz dele o culpado.

— Como, se todas as provas apontam pra ele? — Chungho massageou as têmporas. Após um silêncio e a empregada entregar o copo de água para Minhyuk, ele prosseguiu — vocês foram chamados para depor, não foram? — assentimos.

— Iremos hoje à noite — Jooheon disse.

— Irão depor tendo em mente que Hoseok é o culpado disso tudo, certo? Culpados devem ir pra cadeia.

— Chungho — Minhyuk deu uma golada na água e a pôs em cima da mesinha de centro — por que essa fixação por Hoseok? Parece que você quer jogar a culpa nele.

— Ele tirou meu último irmão de mim, Minhyuk.

— Último? — Jooheon o incentivou a contar sobre Renjun.

— Quando éramos mais novos, Renjun caiu em um lago e morreu afogado. Eu tentei salvá-lo, mas eu tive medo, era apenas uma criança. O lago parecia bem fundo e eu... perdi Renjun por culpa da minha hesitação.

— Você se sente culpado? — perguntei.

— É claro que sinto, Hyunwoo. Como não me sentiria?

— Então você deveria ir pra cadeia — Minhyuk alfinetou, fazendo com que Chungho arregalasse os olhos — culpados vão pra cadeia, você mesmo disse isso.

— Eu não matei meu irmão.

— Hoseok também não matou Hyungwon.

— Até que a justiça prove o contrário, Hoseok continuará sendo culpado pra mim — Chungho disse.

— Você não gostou de ser acusado, não é? Imagine pelo que Hoseok está passando agora — Jooheon tentou conscientizar Chungho, abrir aquela cabeça pequena dele.

Por mais que Chungho parecesse ser culpado, ele ficou na mesma posição que Hoseok por um tempo, devendo ter recebido olhares tortos e perguntas do tipo "você tem certeza que não matou seu irmão?". Por mais que eu odiasse admitir, ele parecia inocente aos meus olhos.

— Me desculpe — Chungho sussurrou. Em seguida, ajeitou os fios escuros, os quais estavam penteados para trás e presos graças ao gel de cabelo — eu só quero que... Hyungwon possa descansar em paz. Quero achar quem o matou.

— É melhor irmos embora — sugeri. Ou Chungho era um ótimo ator, ou realmente queria trazer paz ao irmão. Minhyuk se levantou, sendo seguido por mim e Jooheon — obrigado por nos emprestar seu tempo, Chungho.

— Hyunwoo — ele me chamou. O olhei, não sabendo o que esperar a seguir — eu sei que devo ter te tratado mal no passado, mas queria te agradecer por ter cuidado de Hyungwon.

— Não precisa me agradecer por nada — respondi, já o dando as costas e sendo acompanhado pelos empregados. A mulher abriu a porta para mim e a agradeci com um sorriso — não vou negar que você entrou na minha lista de suspeitos após a morte de Hyungwon. Mas eu percebi que você não era quando começou a chorar e a ter crises de pânico na noite da morte dele.

Minhyuk me olhou, surpreso.

— Quem é culpado por algo ruim que comete, geralmente a primeira coisa que diz é "não foi eu". Mas como Hoseok, a primeira coisa que você fez foi entrar em desespero e lamentar a morte de Hyungwon.

Depois de falar isso, deixei a mansão e caminhei até meu carro, com Minhyuk e Jooheon logo atrás.

— Eu sei que na maior parte do tempo você é sensato, mas tem certeza do que fez? — Minhyuk me puxou pela camisa, os olhos ardendo em fúria — e se ele for realmente o culpado?

Toquei o pulso de Minhyuk com cautela, o afastando do tecido de minha blusa.

— Minhyuk, a questão é que nós seis não estamos procurando o culpado — Jooheon entrou no carro, mas eu sabia que ele nos observava, atento à resposta que eu daria — estamos procurando alguém pra culpar.

[...]

Como já estava beirando o horário combinado com os policiais para depormos, dirigi diretamente para a delegacia, avisando a Changkyun no caminho. Quando chegamos, encontramos dois dos três sentados nos bancos, os quais eram encostados na sala do delegado, o pai de Hoseok.

— Como foi lá? — Changkyun indagou, com certa esperança. Porém, ao ver Minhyuk enraivecido, o último pingo de esperança que tinha foi por água abaixo.

— Ele não é o culpado — me sentei ao seu lado.

— Como sabe?

— Eu explico pra todos depois daqui — Changkyun apenas suspirou. De dentro da sala do delegado Kangdae, saiu Kihyun.

— Kangdae está chamando você, Changkyun.

E assim foi a noite toda. Estressante, cheia de depoimentos, cansaço — tanto mental quanto físico —, e tristeza porque nos lembrávamos de tantas coisas que passamos com Hyungwon. Só fomos liberados quando o relógio marcou uma da manhã, que foi quando o principal suspeito foi ouvido outra vez.

— Vamos examinar a análise do legista e os depoimentos de vocês — Kangdae disse quando deixou a sala — se a situação se agravar pra você — o delegado apontou para Hoseok — você vai ser preso por precaução. Estou te deixando solto por ora porque tudo aconteceu rápido demais e você é menor.

Hoseok apenas assentiu e esperou que o pai voltasse para a sala e fechasse a porta para que finalmente pudesse respirar normalmente.

— Vamos pra minha casa — o Shin disse — quero saber o que vocês descobriram.