Entre flores mortas, liberdade e escolhas

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— Chanyeol, eu posso falar com você?

  Ele ouviu a voz de Zitao e depois o príncipe mesmo vir até a sala de música onde ele olhava pela janela pensativo. O vulto não saia dos seus pensamentos, o enigma da rainha e suas irmãs também não. Mas elas não o deixavam triste como o fingimento dos príncipes de que nada tinha acontecido, ou que ainda acontecia.

  Ele dormiu aquela noite sozinho, e na outra e na outra, porque não conseguia mais abrir a porta. Nada foi dito, mas ele sabia que todos sabiam do que houve no almoço com Yifan. Ele não se desculpou em palavras, mas mandou no dia seguinte um buque de rosas com um violão novo. Chanyeol quis chorar...

  Flores mortas, arrancadas de sua terra e que murchariam com o passar do tempo em um ambiente estranho. A cada coisa como aquela, ele irrevogavelmente se comparava, ainda que soubesse que estava exagerando.

  Não sabia exatamente o que sentia, mas começava a se sentir sufocado naquele palácio imenso. Cada vez seus passeios com Mimada ficavam mais longos e o tempo de conversa com seus maridos mais curtos. Ele queria fazer perguntas, mas tinha medo de fazê-las.

  E assim passava o tempo...

  E assim ele perdia o brilho nos próprios olhos.

  Perdia o desejo de tocar música também e aquilo era o que mais o abalava...

— Claro.

  Respondeu ao marido e logo ambos se sentavam frente a frente na saleta paralela. Seu marido parecia mais sombrio que o usual.

— Você se arrepende, ainda que não tenha sido escolha sua?

    Perguntou direto e firme, olhos nos olhos, como ele sempre fazia. Zitao não era de meias palavras com ele. Também não precisava ser dito do que se arrependia, ele sabia bem do que tratava. Suspirou fundo:

— Talvez, talvez eu tenha me arrependido de ter atendido a porta com o senhor Kim atrás dela. Eu amo vocês Zitao, mas isso tudo... Está me matando!

  Terminou nervoso se erguendo da poltrona e dando as costas ao marido.

— Amor é dar e receber, minha mãe sempre dizia isso, mas quando um se dá mais do que o outro, a balança desregula e ambos sofrem. Nossa família é amaldiçoada, Channy, meu pai jamais deveria ter te aprisionado nela. Eu fui contra desde o início, mas não fiz nada, ainda sabendo que ia morrer aos poucos entre nós - Chanyeol gelou. O que ele queria dizer com aquilo? Ele se voltou para o marido que já estava de pé, com olhos impassíveis – Deixe a porta aberta para mim depois da meia noite, esteja com Patinhas na gaiola e uma mala enxuta e leve. Eu devo viajar para Londres essa noite. Eu te amo, Park Chanyeol, ainda que eu não saiba demonstrar isso e você deve ser livre, como é da sua natureza.

  E com aquilo ele se foi tão silencioso quanto veio e Channy ficou ali, chocado e nervoso, mas com uma chama que a muito tempo não ardia em seu peito.

  Livre... Livre...




  Fugir do palácio com o auxílio genial do príncipe Zitao, foi mais fácil do que imaginou. Só não esperava que Yoongi fosse junto. Quando entrou no carro oficial que os levaria para o aeroporto vazio, um dos seus pajens estava dentro e lhe sorriu cúmplice dizendo baixo e firme:

Contrato ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora