Um contrato, um gato e um violão

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  — Senhor Park? Chegamos.

  A voz o acordou do sono pesado e ele abriu os olhos para enxergar o avião taxiar pela pista pequena.

  Tinham chegado? Aquele era o principado distante das montanhas do centro asiático? Sião... Parecia um nome tão misterioso... Mas o que não parecia misterioso nos últimos dias da sua vida?

  Chanyeol soltou seu cinto e o cinto da gaiolinha do Patinhas, seu gato rajado temperamental que estava dormindo na poltrona ao seu lado mal se importando que estavam quase do outro lado do mundo.  

  Seu violão e uma pequena mala era tudo o que tinha, tudo o que veio com ele e ainda tinha dúvidas se o que estava fazendo era racional ou lógico.

  As lembranças voltaram intensas em sua mente.

  Ele era um músico de rua, lutando contra a miséria nas ruas frias e impessoais de Seul. E estava a ponto de desistir naquela noite, naquela noite em que notou um ouvinte estranho o assistir, um homem de sobretudo longo e olhar afiado sobre ele. Um cara que deixou gorjetas que pagariam seu aluguel, muito dinheiro mesmo ele colocou no case do seu violão.

  Sua sorte mudara ali? Ou quando teve o estranho na porta do seu apartamento caindo aos pedaços com aquela proposta estranha?

  — Sou o secretário pessoal do rei de Sião, senhor Park, ele tem há anos procurado um músico para a corte, alguém que possa levar música e felicidade ao seu palácio silencioso. A família real teve muitas tragédias em seu passado recente, é difícil para eles, eles cuidam de nosso reino com afinco, são uma família impecável, mas não há vida lá, o rei enviou seus homens mais leais em busca de alguém que tenha a paixão que o senhor tem na voz e na sua música, uma música capaz de aquecer um coração frio. Venha comigo, se conseguir fazer meus príncipes sorrirem, felizes, se trouxer luz para as trevas daquele palácio e para todo o reino será uma pessoa rica para toda a sua vida. Terá mais fortuna do que jamais imaginou, contudo se falhar, será um prisioneiro perpétuo do rei. Mas eu acredito que você é o que tenho procurado, você é música, senhor Park, original, perfeito.

  E o homem lhe sorriu simpático.

  Chanyeol podia ver a sua própria imagem nas lentes daquele homem misterioso com aquela história quase de contos de fadas.

  Por que aceitou?

  Ainda não sabia, era louco, poderia ser um prisioneiro se tudo desse errado, mas se recusasse teria de recusar a música e não sabia se viveria sem ela, ele respirava melodias, notas, harmonias, sem música ele morreria... Sem ela, ele mal respirava!

  — Senhor Park? Podemos sair agora.

  O secretário o chamou e ele se voltou para o homem assentindo. Aquele homem de meia idade era uma pessoa de poucas palavras, contudo sorria, contudo para si, ele disse seu nome: Senhor Kim.

  Quando desceu do pequeno avião ele viu um carro preto com faixa vermelha nas portas e depois um homem todo de preto com uma faixa vermelha nas mangas do terno ao lado da porta dos passageiros. Era um veículo oficial?

  — Seja bem-vindo ao principado de Sião, senhor Park, seu novo lar.

  E com o violão em um dos ombros e a gaiolinha do seu gato nas mãos, ele olhou um pouco assustado para o carro e evitou morder os lábios...

Contrato ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora