11. Teoria

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Leander

Meu maior erro foi ter ido na cozinha nesta manhã de sábado. Meu pai estava sentado na mesa com uma caneca de café e lia o jornal. Enquanto que Michelle estava na pia e preparava algo. Ela claramente parecia ter passado a noite aqui, pois vestia uma camiseta do meu pai que nela mais parecia um vestido. Eu esperava que eles fossem ser mais discretos e que ela sairia antes que eu levantasse. Se eu soubesse que a encontraria aqui, eu teria me vestido melhor em vez de descer com uma samba-canção ridícula.

— Bom dia! - Ela exclamou sorrindo e se virando para mim enquanto eu entrava de fininho na cozinha.

Eu a cumprimentei com a cabeça e dei um sorriso envergonhado. Meu pai me olhou de relance e também parecia constrangido com a situação.

Ele continuava a preparar algo na pia. Apesar de acreditar que ela tinha a mesma idade do meu pai, ela aparentava mais jovem. Suas pernas eram bem torneadas e seu corpo como um todo parecia bem firme. Ela se passaria por alguém de 30 anos facilmente e sem contar que era bem atraente.

Conforme ela movimentava os braços a bainha da camisa levantava um pouco e isso fez com eu que fixasse meu olhar em seu quadril.

— Dormiu bem, Leander? - Meu pai disse pigarreando.

Eu endireitei minha cabeça, pois percebi que ela havia se inclinado para a esquerda e assenti.

— Ele me lembra você quando mais novo. - Michelle disse se aproximando do meu pai colocando a mão em seu ombro. - Todo fofinho, mas sempre encrencado por fixar olhares para onde não devia.

Eu corei quase que instantaneamente. Ela sorriu e apertou minha bochecha antes de sentar-se à mesa.

— Você é daqui de Micelar? - Eu finalmente organizei meus pensamentos para falar algo.

— Na verdade sou de Citane, mas me mudei para Austral tem tempo e sempre venho aqui em Micelar.

— Eu morava em Citane também. - Eu disse me animando um pouco.

— Eu sei. - Ela disse sorrindo e dando uma piscadela.

— Mas pensei que você trabalhava com meu pai, não?

Os dois pareceram desconcertados com o meu comentário.

— E trabalho. Uma pessoa pode viver em uma cidade e trabalhar em outra, bobinho. - Outro sorriso seguido de uma piscadela aconteceu.

— Você também é médica? - Perguntei curioso.

— Não... Sou formada em Engenharia Genética.

Eu balancei a cabeça para fingir estar interessado e peguei alguns biscoitos para comer.

— E você? Quer fazer faculdade de que? - Ela continuou.

Eu engoli rápido os biscoitos.

— Eu queria poder passar o resto da vida jogando vídeo games e ganhar dinheiro com isso, mas não dá não é? - Eu brinquei.

Ela gargalhou e meu pai revirou os olhos.

— Então, talvez eu faça Literatura ou Educação Física. Não sei ainda. - Continuei.

— Logo, logo você encontra algo que goste. - Ela sorriu e mordeu graciosamente a torrada.

Eu assenti com a cabeça sorrindo e comecei a me levantar.

— Bem, vou indo. Tenho coisas para fazer hoje. - Os dois sorriram e eu subi rápido para o meu quarto para me arrumar, pois eu realmente teria um dia longo e também queria sair daquela situação constrangedora o mais depressa possível.

Vultos [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora