27. Fogo

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Samantha

O calor estava muito intenso. Tivemos que sair rápido da sala das celas, porque o fogo já estava invadindo a porta, então, corremos em direção à sala de punições torcendo para que o incêndio não tivesse chegado ali também.

— Eu estou preocupada com minhas tias e minha mãe. – Ariane disse enquanto corríamos o longo corredor.

— E eu com o meu pai. – Leander disse ofegante.

— Aqui está muito quente e acho que tem magia contra teletransporte. – Eu reclamei.

— As habilidades dos vampiros ficam reduzidas se há fogo por perto. Você não vai conseguir se teletransportar aqui dentro. – Kaderin explicou.

Entramos na sala de punições mais uma vez e ainda não havia fogo por ali.

— A gente tem que achar uma saída! Qual zona que leva para o portal da floresta?! – Kaderin perguntou.

— Zona Sul que é onde estamos e se estende até as salas especiais onde eu estava presa. – Eu disse.

— A porta que vai para aquela área é aquela ali! – Leander disse apontando para a porta que estava mais à esquerda.

Passamos por ela e continuamos correndo por outro longo corredor que agora estava escuro já que a luz de emergência dali havia parado de funcionar.

— Samantha, pega o Leander! Temos que correr mais agora! – Kaderin gritou e a vi puxando a Ariane para colocá-la nas costas.

Fiz o mesmo com o Leander e o ouvi murmurar algo reclamando já que ele ficou um tanto desengonçado nas minhas costas por ser maior que eu. Ele me apertava forte no peito para se segurar enquanto eu corria.

Vimos um desvio no corredor que levava para outro, mas assim que viramos demos de frente com chamas que se alastravam rapidamente. Paramos de repente e senti a cabeça do Leander bater na minha. Ouvi o lobo uivar e quando viramos ele já nos chamava para voltarmos e segui-lo e assim fizemos voltando a correr pelo corredor principal que estávamos antes.

Senti algo me empurrar com força fazendo com que caíssemos. Me virei e vi Leander se levantando com a testa sangrando. Olhei em volta e procurando o que havia me acertado e senti algo me agarrar pelo pescoço. Era um dos homens que trabalhavam para o Dr. Chris. Senti seu conjunto de dentes afiados morderem meu ombro e eu gritei de dor, mas fiquei com tanto ódio que juntei forças para erguê-lo e o virei por cima do meu corpo. O barulho que ele fez ao bater no chão ecoou bem alto pelo corredor vazio.

Eu montei nele e comecei a socar sua face. Seus olhos eram de um amarelo intenso e ele continuava a sorrir maliciosamente mostrando os dentes sujos e afiados. Ele abriu a boca e uma enorme língua semelhante à de uma cobra saiu agarrando meu pescoço. A saliva ardia em contato com a minha pele, eu gritei em uma mistura de ódio e dor. Tentei arrancar aquilo de mim, mas ele era bem forte e enquanto minhas mãos estavam ocupadas tentando soltar aquela língua nojenta, ele começou a me golpear.

Eu tentava puxar meu corpo para trás para me soltar e de repente senti que consegui e ouvi um grito de dor da criatura. Quando olhei havia metade da língua no meu pescoço e outra metade na boca dele. Olhei para cima e vi Leander com uma adaga. Ele golpeou a criatura no estômago com a arma enquanto eu tirava a língua que estava enrolada, sem vida, do meu pescoço e dei mais alguns socos até que arremessei seu corpo longe.

— Você me salvou. – Eu disse me levantando.

— É... acho que sim. – Leander disse meio sem jeito.

— Onde conseguiu essa adaga? – Eu perguntei curiosa.

— No escritório do meu pai. – Ele respondeu rindo e eu o beijei.

Vultos [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora