6. Lendas de Terror

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Leander

FINALMENTE ERA SÁBADO E MAIS UM DIA COM SOL. Essa cidade tem um tempo muito louco. Ontem estava chovendo e hoje amanheceu quente e ensolarado. Não sei até quando vou suportar essa instabilidade.

Hoje era o dia que Ariane e o grupo planejaram ir para o balneário e eu estava indo com eles apesar que preferia passar o dia com a Samantha. Já fui algumas vezes no balneário em verões passados com o meu pai. É como um protótipo de praia privativa e nem se compara com as praias que há em Citane.

A viagem no carro de Drew foi rápida até lá e não por ser um veículo potente, mas sim porque a cidade é pequena como um ovo, então, se movimentar por aqui é sempre rápido.

O local estava um pouco diferente do que eu lembrava. A areia estava mais clara e a água parecia mais limpa. Lembro que quando eu era mais novo eu não gostava de entrar para nadar porque a água era sempre tão escura com lodos nas pedras que eu tinha medo, pois não conseguia ver o fundo.

Algumas tendas vendendo comidas e bebidas apareceram ali também e alguns pontos havia chuveiros públicos em formato de golfinhos. Os banheiros também pareciam renovados. Todo o ambiente tinha uma nova aparência de um local próprio para lazer.

Com o sol que estava e com essa repaginada no balneário, eu não estava surpreso que o local estava cheio e principalmente de jovens.

Enquanto meu grupo se instalava em uma área, eu olhava em volta e via vários rostos familiares da escola ou da vizinhança. Era engraçado ver como as pessoas pareciam refletir o sol de tão claras que eram. Em Citane todos estaríamos bronzeados natural ou artificialmente.

De repente vi um grupo de jovens que não eram da escola. Pareciam mais velhos. E com eles estava ela. Samantha. O que fazia aqui? Além dela havia mais duas garotas e três garotos. Um dos garotos estava bem próximo dela como se estivessem vindo juntos. Até onde eu sabia ela não tinha amigos ou namorado.

Eles estavam se instalando e um dos garotos pegou latas de cervejas para os outros - o que comprovava que eles são maiores de idade - ela retirou a camiseta e o short que usava e por um momento eu não sabia se estava preparado para essa cena. O garoto da cerveja assobiou e riu. O outro que parecia ter vindo junto dela virou para ele balançando a cabeça negativamente e girando o dedo indicador no ar como se o chamasse de maluco. Ela riu.

Resolvi caminhar na direção dela. Estava curioso demais para saber o que estava acontecendo ali e também não queria ser mal-educado de vê-la e não a cumprimentar.

O garoto da cerveja parecia continuar com as gracinhas oferecendo uma lata para ela e recebeu um riso de volta. O outro garoto parecia cada vez mais irritado com o amigo. Será que ela estava saindo com ele ou algo assim? Se sim eu já saberia que não teria chance alguma com ela.

Eu estava começando a achar que ir até lá poderia ser uma má ideia. O garoto era enorme, bem maior que eu e bastaria um soco para me derrubar. Ela era capaz de deixar qualquer homem sem palavras. E qualquer deslize meu ali faria aquele garoto irritadiço me socar com certeza.

Foi então que percebi que não era somente eu que estava com o olhar fixado nela e a com a boca ridiculamente aberta. Outros no balneário estavam tão desnorteados quanto.

Ela chamava atenção facilmente, primeiro porque ela tinha essa irritante simetria que a fazia perfeita e segundo ela conseguia ser mais pálida do que o resto da cidade.

Quando me aproximei ela estava se curvando para forrar uma canga na areia em uma área com sombra.

— Perdeu alguma coisa aqui, garoto? - O rapaz irritadiço rapidamente disse enquanto eu estava parado atrás dela observando a cena. Eu olhei para ele rapidamente, mas não conseguia fazer uma resposta sensata sair pela minha boca. Os outros dois garotos riram.

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