Samantha
Apesar de concentrada no livro que lia e com os fones de ouvido, eu podia escutar um barulho estranho vindo da janela do meu quarto. Soltei as coisas que eu segurava e fiquei em posição de alerta, seja lá o que fosse parecia se aproximar.
Continuei olhando para a janela intensamente e tentava me controlar para não rosnar. Um vento entrou pelo quarto trazendo um cheiro familiar. Relaxei um pouco, mas continuava atenta. Foi quando eu vi uma mão se agarrando no peitoral da janela e logo vi a cabeça do Leander aparecendo.
— O que você está fazendo? – Eu disse rindo e fui ajudá-lo a entrar.
— Eu não tenho teletransporte para te surpreender, mas posso escalar sua janela. – Ele brincou enquanto passava a mão na roupa para limpar a sujeira.
Eu o beijei ainda rindo.
— Vamos para a praia privada. – Ele disse empolgado.
— Você veio aqui para me chamar para ir na praia de noite? Por que não enviou uma mensagem? – Eu disse rindo.
— Para de perguntas e teletransporta a gente logo. – Ele disse impaciente.
Eu ri e segurei o braço dele e nos levei até a praia. Quando abri os olhos vi várias velas vermelhas formando um caminho que levava até um lençol vermelho estendido na areia.
— Por essa eu não esperava. – Eu disse surpresa.
Ele fez um gesto com a mão para que eu seguisse na frente e eu comecei a caminhar pelo lindo caminho. Percebi que as velas foram cobertas por recipientes de vidros que tinham apenas alguns furos na parte de cima. Cheguei até onde estava o lençol e me sentei.
— Para que todas essas velas? – Eu perguntei ainda maravilhada com a decoração.
— Você apaga cidades e não velas. – Ele brincou enquanto sentava ao meu lado. – Eu tive o cuidado de cobri-las para que você não se queimasse sem querer.
— Você é muito fofo. Nunca ninguém fez algo assim para mim. – Eu disse um tanto emocionada.
— Queria que você se sentisse especial, porque você é. – Ele disse sorrindo e acariciando meu rosto.
— Pensei que você ia me pedir em casamento. – Eu disse rindo.
— Quem sabe daqui a alguns anos. – Ele disse corando um pouco.
Eu o beijei e nos deitamos no lençol.
— Ainda bem que tudo parece calmo depois de tudo que aconteceu. – Eu disse enquanto me aproximava para deitar em seu peito.
— Só a escola que ficou confusa com você e a Ariane sendo amigas agora. – Ele disse rindo.
— Verdade. – Eu ri. – Mas estamos bem... Nunca achei que isso fosse acontecer. Ela ainda sente falta da Kaderin, mas está superando bem.
— A Michelle tem dado umas dicas para ela, apesar que já acho as duas bem parecidas. – Ele brincou.
— Pelo menos a Ariane finalmente explicou para o Drew a situação. Ele tem um bom coração e merece encontrar alguém que goste dele. – Eu disse enquanto eu deslizava meu dedo pelo seu abdômen.
Ficamos em silêncio um tempo. Ele estava pensativo olhando o céu estrelado.
— Meu pai parece estar aos poucos se acostumando com a ideia de você ser vampira. – Ele finalmente disse.
— O tempo cura tudo. – Eu disse beijando seu pescoço.
— Eu estou ansioso pelas férias de verão. – Ele disse depois de um tempo.
— Você pretende visitar sua mãe em Citane, não é? – Eu disse esfregando o rosto em seu peito.
— E como sei que você sempre quis conhecer a cidade, vou te levar também. – Ele disse empolgado.
— Até parece que meu pai vai deixar. – Eu disse rindo.
— Bem, temos dois meses para convencê-lo. - Ele disse me cutucando na barriga.
Eu o beijei e ele riu.
— Você e ele têm um relacionamento melhor agora? Lembro vagamente que quando você era criança ele te batia bastante. - Ele disse acariciando meu cabelo.
— Mais ou menos... Ele é estressado demais, mas melhorou um pouco com o tempo. Seu pai me ajudou bastante. - Eu disse meio sem jeito.
— Meu pai? - Ele parecia surpreso.
— Sim, ele me salvou de algumas crises de raiva do meu pai e eu costumava conversar com ele quando eu precisava. - Eu disse enquanto encolhia os ombros envergonhada.
— Conversar sobre o quê? - Ele disse franzindo o cenho.
— Coisas pessoais ou médicas. - Eu disse enquanto mexia em sua camisa.
Ele ficou um tempo olhando para o céu e parecia pensativo.
— Lembro que você tinha umas crises de falta de ar e seu pai ficava bem irritado com isso. - Ele finalmente disse ainda olhando o céu.
— Ele achava que eu fazia de propósito para chamar a atenção, mas eu realmente não podia controlar. - Eu disse envergonhada.
— E o que eram aquelas crises? Você parece bem agora. - Ele disse virando a cabeça para me olhar.
— A psicóloga que eu consultei quando criança disse que eram crises de ansiedade, já que eu tinha fobia social. - Eu me mexi um pouco, pois estava desconfortável com a conversa.
— Bem, você ainda é estranha e não fala muito, mas parece ter progredido. - Ele disse voltando a olhar para o céu.
Eu fiquei em silêncio. Se eu fosse humana eu provavelmente estaria tendo uma crise agora.
— Você é a melhor coisa que já me aconteceu, Sammy. – Ele disse acariciando meu cabelo. - Estarei aqui sempre que você precisar.
Eu sorri e assenti com a cabeça.
— Desculpa por tudo que eu já te fiz. - Eu disse olhando para ele.
— Depois de tudo que eu fiz, você não precisa se desculpar. - Ele disse sorrindo.
— Nem mesmo por eu sempre esquecer se seus olhos são azuis ou verdes? - Eu disse rindo e ele gargalhou.
— São verdes e sim você está desculpada. - Ele disse rindo. - Eu não sabia que você reparava neles.
— Como não reparar se, independente da cor, seus olhos são os mais lindos que eu já vi. - Eu disse sorrindo um tanto nervosa e ele corou.
Eu passei a mão em seu rosto enquanto eu me perdia nos seus olhos verdes. Eu podia sentir uma sensação estranha subir pelo meu corpo e me lembrei dos nossos momentos juntos de alguns meses atrás. Se eu fosse humana, eu poderia sentir meu coração bater mais forte e o sangue quente iria subir pelas minhas bochechas me fazendo corar também, mas em vez disso eu senti uma vibração oscilar pelo meu corpo até que raios iluminaram o céu graciosamente.
— Eu te amo, Leander. – Eu finalmente consegui dizer.
Ele sorriu e me abraçou.
— Eu também te amo, Samantha. - Ele disse me beijando na testa.
Deslizei meu corpo para cima, passei as mãos em seu cabelo e mais uma vez encostei meus lábios frios nos quentes e macios dele.
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Vultos [Completo]
ParanormalApós 3 anos, Leander Olsen retorna para a pequena e pacata cidade de Micelar com o propósito de morar com seu pai e lá ele reencontra com Samantha, uma antiga conhecida de sua infância, que chamou sua atenção devido ao mistério e à perfeição que a r...