Persian Tradition

Capítulo 1 - Bond.. or not so much

As pequenas mãoszinhas de Louis puxavam o novelo de lã para perto, quando ainda criança de cinco anos os instintos costumam ser mais felinos que humanos, e Louis estava aprendendo a se divertir sozinho usando suas unhas curtas e bem cortadas pela mãe para não machucar a ninguém caso se assustasse e agisse sem pensar, os olhos azuis se estreitavam enquanto o pequeno corpinho se posicionava para pular em cima do novelo de lã e ao fazer isso o agarrou com as duas mãos e mordeu de leve, deixando a mostra seu pequeno canino afiado. Ouviu a risada gostosa da mãe, movendo sua orelhinha preta na direção do som e depois erguendo o rosto sem deixar de mordem o novelo de lã. 

-Oh, Jay, ele é perfeito- Uma mulher de cabelos longos e pretos falava com os olhos brilhantes enquanto avaliava o pequeno Louis, ela tinha acabado de por as mãos em sua própria bochecha ao ver o filhinho da amiga pulando todo desengonçado, mas como se soubesse exatamente o que fazer. Anne tinha orelhas de um marrom bem escuro, ao seu lado um rabo felino subia e era todo felpudo, como todo rabo da raça persa, assim como o de Jay, que tinha a coloração branca combinando com as orelhas que exibiam apenas as pontinhas pretas. E o pequeno rabo de Louis, que era inteiramente preto, Louis era um persa preto, e maravilhoso aos olhos de todos, afinal, era um filhote de persa. 

Os persas eram a linhagem mais nobres de homens-gatos que poderia existir, homens que exibiam um porte suave e delicado, ao mesmo tempo que se mostravam imponentes perante os outros por saber que tudo neles era melhor, pelo mais brilhante, cheiro mais atrativo, simplesmente tudo em um homem persa era de enlouquecer até mesmo a eles. 

Depois dessa raça existia uma hierarquia não muito relevante, envolvendo os Siameses, Sagrados de Birmânia, Russian Blue, Ragdoll, British Shorthair, bom, contanto que as raças não se misturassem havia respeito, mas claro que com o tempo as "ovelhas-negras" sempre aparecia, batiam o pé, fugiam ou convenciam a família que o amor que importava, casavam entre si e geravam os vira-latas. Não tinha nada mais decadente que vir da família de um vira-lata, hoje existem gerações de homens assim. Muitos eram até bonitos e exóticos, chamavam a atenção, mas era raro ver algum que ainda assim tivesse um cheiro tão bom quanto um persa, porque esses raramente se misturavam, mesmo quando aparecia um apaixonado por de outra raça. Sempre havia primeiro uma luta interna para se convencer de que deveria fazer o certo e casar com alguém de sua mesma raça. Essas coisas de sociedade babaca ditando regras. 

-Um perfeito lord, né, amor?- Jay sorriu ao se referir ao filho, que soltou o novelo e foi engatinhando até as pernas da mãe, se enroscando e passando a cabeça por elas, pedindo por carinho. A mulher loira logo atendeu o pedido- Levamos ele ao médico ontem, Anne. Tem toda estrutura interna de um ômega- Voltou a olhar a amiga. Como a tecnologia tinha avançado, antigamente só era possível descobrir algo assim na puberdade, mas para as famílias mais nobres era ótimo saber disso antes e cultivar a relação entre seus filhos desde já, assim planejavam o futuro juntas. Algumas coisas avançaram no mundo contemporâneo, outras parecem cada vez mais arcaica, como o casamento premeditado pelos pais entre os persas. Era preciso preservar a raça, assim diziam os mais conservadores que, no caso, eram a maioria. 

-Ele e o Harry serão perfeitos juntos- Anne conseguia visualizar perfeitamente a imagem de seu filho com o já considerado enteado, assim que soube da gravides de Jay essa foi a primeira coisa que lhe veio a mente, e parece que a amiga não pensou diferente. Harry já era certo que viria a ser um alfa, com cinco anos confirmara pela estrutura que não seria ômega e com oito que sua taxa hormonal era alta demais para um beta. Combinaram que se Louis fosse beta ou ômega elas tratariam de juntá-los como promessa de amizade e perpetuação da raça persa. Perfeito! Apenas perfeito. Louis era um ômega, o que facilitava em mil vezes os preparativos, seria muito mais fácil eles se gostarem na puberdade se os instintos dessem uma mãozinha.