O dia seguinte não foi melhor que o anterior, na verdade, parecia ainda pior pela certeza de que não era um pesadelo. Louis acordou com a cabeça latejando de dor, não tinha lavado o rosto antes de dormir, então seus olhos estavam inchados e doloridos e a garganta seca, só não estava sentindo fome mesmo passando o dia inteiro sem comer nada. Não conseguiu dormir direito e quando acordava preferia continuar deitado na cama. Ouviu a mãe entrar e sair umas cinco vezes nesse meio tempo, e em todos eles prendeu o choro para que ela não se preocupasse mais do que o necessário. Louis nem fazia ideia de que em certo momento da noite foi observado por Harry, estava inerte em sua própria dor. Estava pouco se lixando para o bullying que sofreria caso descobrissem na faculdade ou na vida, as ofensas até poderiam machucar em um primeiro momento, mas ele sempre teve muita certeza de que valia mais do que uma maquina de procriação. Ele tinha esperanças de entender melhor genética, DNA, hormônios, ao ponto de ajudar os outros. O problema de fato não seria esse, mas por mais que ele não quisesse um bebê agora, um dia ele queria tanto ter. Brincava com as priminhas e cuidava dos priminhos sempre imaginando o quanto se dava bem com as crianças, podia entra no mundo deles e achar tudo muito fácil! Crianças tem a mente aberta, apesar de serem fáceis de persuadir. Lou tinha essa vontade de criar um serzinho que entendesse seu modo de pensar, isso até seria complicado tendo Harry como pai, mas não importa, seria seu filho.
Fungou com a imagem que tinha criado de si, Harry e a criança e logo se crucificou. O que sentia por Harry estava se transformando, a tristeza cheia de espinhos cravados em seu peito se transformava em raiva. Um sentimento tão ruim de sentir por alguém, mas Harry parecia pedir por esse tipo de coisa e a raiva se misturava com a mágoa de um jeito que nem Louis conseguia evitar usando sua lógica de "ele não me deve nada". A esse ponto Harry já devia saber da infertilidade de Louis e nem se deu ao trabalho de dizer algo, provavelmente está correndo atrás de algum persa que possa ser seu parceiro e quando tiverem idade certa terem muitos filhinhos. "POIS TENHA SEUS FILHOS, HAROLD", Louis praguejou mentalmente enquanto enterrava o rosto em seu travesseiro.
O celular vibrando lhe sobressaltou. Por um segundo o coração de Louis acelerou, mas ao ver o nome na tela suspirou aliviado e desbloqueou a mesma para poder responder a mensagem.
"Oi, Stan.. Eu estou... indo. Será que poderia passar aqui mais tarde?" Mandou, Stan sabia que tinha alguma coisa errada, nas ultimas semanas todas as respostas de Louis foram curtas e objetivas. Não quis contar nada por medo de ser julgado pelo amigo, mas agora precisava de algum ombro e Niall, por mais amável que fosse, não tinha o mesmo efeito que Stan, que sempre o protegeu de tudo e todos.
Seria tudo mais fácil se estivesse apaixonado por Stan, inúmeras vezes Louis pensou que estava por conta da sutileza do garoto e seu modo carinhoso. Sempre tratando Lou como um vidro de cristal. Ao ponto que essas mesmas coisas também irritavam o menor, até pouco Louis se sentia inquebrável! Bom, as coisas nem sempre funcionam da maneira que queremos. Alias, na maioria das vezes não funcionam.
"Claro. Deixa a janela aberta" Foi o celular vibrar de novo com essa mensagem que Lou finalmente criou forças para se levantar e tomar um banho. Sentia o corpo fraco pela falta de nutrientes, tirar as roupas foi uma batalha já que ao fazer movimentos rápidos o menino ficava tonto. Ligou o chuveiro e deixou a água esquentar antes de entrar e ficar por alguns minutos apenas recebendo os pingos quentes na cabeça. O banho era uma terapia, uma forma eficaz de relaxar, e Louis fazia questão de permanecer com os olhos fechados já que até o seu banheiro lhe remetia a momentos com Harry ao qual ele preferia esquecer. Foi quando percebeu que poderia estar gravido, e logo depois teve um ataque de fofura por Harry. Devia saber que o cacheado estava apenas brincando com seus sentimentos, o que esperar de um menino que desde sempre só soube apontar os "defeitos" de Louis e mostrar a todo mundo como ele era esquisito por ser do jeito que é. Se estão achando o Harry ruim hoje é porque não imaginam que ele com quatorze anos arrastava um Louis de onze anos para longe de qualquer possível amiguinho vira-lata que ele pudesse ter e dizia "melhor sozinho do que com esses sem-raça" e todos os outros persas não curtiam nem um pouco conversar com Louis já que o menino tinha tendências a ser amigo de vira-latas ou outras raças. Sempre foi um caos ter Styles em seu encalçado, e agora estava na merda da contradição de não tê-lo de forma alguma, nem para irritá-lo ou consolá-lo.
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Persian Tradition
Fanfic[AU] Harry e Louis são descendentes de uma forte linhagem Persa. Meio homens, meio gatos, que nasceram com traços elegantes e cobiçados (o corpo inteiro é igual ao nosso, a diferença está nas orelhas de gatos, os dentes afiados, as unhas que crescem...