Me Chame De Anjo

A missão celestial

Saint Paul, Minnesota

- Você tem certeza que não foi apenas um sonho? - pergunta minha mãe ao meu lado, após eu contar os míseros detalhes da minha visão. Do meu propósito.

Ainda estou ofegante. Tudo é real demais. Nítido demais. Ainda posso sentir o cheiro úmido da floresta. A angústia. Tristeza. O desespero.

- Eu... eu não estava dormindo. Eu acordei me sentindo estranha. - tento explicar. - Começou com um cheiro estranho, de floresta úmida, tronco de arvoré molhado. Achei que estava chovendo, mas não estava. Ai me veio uma sensação estranha... então... "bumm"... estou em uma floresta.

- Ah querida, se acalme. Há muito para se entender, e essa não será a primeira vez que você terá essas visões. - diz minha mãe me passando outro copo de água. - Você receberá em partes.

- É muito estranho mamãe. Porquê eu? O que isso significa?

Porque, que eu iria receber esse propósito, isso eu já sabia, e temia. Mas quantas garotas poderiam salvar este garoto indefeso? . Então o universo celestial escolhe logo eu. Mas tudo bem. Não estou a fim de discutir com o Todo-Poderoso.

Mamãe afaga meus ombros, me transmitindo tranquilidade. Paz.

- Iremos descobrir Bella. Tudo no seu tempo. Agora vá dormir, você terá seu primeiro dia de aula daqui a sete horas.

- Tudo bem.

Subo para o meu quarto e me deito novamente. Assim que fecho os meus olhos, tudo que vejo, é a água... e ele. O que ele faz ali?

Quem é ele?

(...)

E aqui vamos nós novamente. Dirigindo em direção a Minnesota High School, o vento da manhã esvoaça alguns fios de cabelo meus. Ah, como amo essa brisa de vento daqui. Como amo esse lugar. Sempre com esse clima. O frio suportável. O vento úmido do ar. Como não amar?

- Agora já tá chegando? Meu Deus, você é muito lerda dirigindo Isabella.

- E você é um apressado Austin.

Sempre que eu faço algo ele só me chama assim. Isabella. A Bella some. Irmãos mais novos são sempre assim. Pelo menos o meu.

- Pronto, chegamos. Está inteiro?

- Que engraçada. - ele diz sarcástico, pegando sua mochila. - Tchau. Tenha um bom dia.

- Idem.

Dou uma última olhada em mim pelo espelho retrovisor. Passo uma camada de gloss na boca. Dou uma ajeitada nas madeichas castanhas rebelde. Ajeito as mangas longas da blusa. "Sempre blusas de mangas longas, Bella". Aí está o motivo de morar num lugar que faz tanto frio. Estar sempre agasalhado. Ou seja, braços cobertos. Era uma regra nossa. E quando falo nossa, não é apenas da minha família. Eu, Austin e mamãe. Falo dos sangues-de-anjo.

Todo sangue-de-anjo, é identificado por uma tatuagem no pulso esquerdo. Não bem uma tatuagem, mamãe diz que é uma marca de nascença. Um símbolo do infinito. Pode não parecer nada, mas significa a vida eterna. A vida infinita. A imortalidade dos sangues-de-anjo. Ela nunca sai. Está sempre lá. Um símbolo tão simples, mas tão significativo.

Volto a realidade. Pego minha mochila e tiro a chave da ignição, guardando a na bolsa. Saio do carro e travo as portas do mesmo.

Ando até a entrada da escola e então as vejo. Stephanie e Katherine. Minhas duas melhores amigas. Eu e Katherine brincamos que Stephanie é a mãe nossa, por ser mais velhas que nós duas.