Ver para crer

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Saint Paul, Minnesota

- Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece. - falo me jogando de qualquer jeito, na cadeira da sala de aula. Coloco minha bolsa em cima da mesa.

- Olha não é te obrigando a nada Bella, mas eu não sei se perdoaria meu pai, se fosse eu no seu lugar. - diz Katherine se sentando ao meu lado.

- Eu não posso opinar, o meu está debaixo da terra mesmo. - Steph fala indiferente, mas eu percebo em seu olhar tristeza.

 - Eu sei lá. Estou em cima do muro. Tudo vai depender de amanhã.

  - Ele chega amanhã? - pergunta Katherine surpresa.

 - Foi o que minha mãe disse ontem. "Depois de amanhã".

- Tia Margot também, hein? Meu Deus. - fala Steph brincando.

- Todo mundo em seus lugares o professor chegou na sala. - diz um homem de 46 anos com óculos. - Stephanie tem uma cadeira atrás de você, não precisa sentar na mesa.

Ela dá um sorriso sarcástico e se senta, me fazendo rir interiormente.

- Eu já falei que odeio história? - sussurro.

 - Você não é a única. - diz Stephanie.

O professor começa a escrever no quadro-negro, sobre o conteúdo da aula de hoje. Ele desce o telão acima do quadro que usamos para projetar slides no mesmo.

- Bom, como vocês podem ver aqui no mapa, e de acordo, com o que venho dizendo, milhares de tropas vieram da Inglaterra...

- Com licença, posso entrar professor? - Christopher pede educadamente.

- Sim sr. Parkers, mas na próxima vez não perdoarei. - diz impaciente, por ter sido interrompido tão cedo.

- Será a última vez professor. - ele diz entrando, e se sentando em seu lugar.

Sabia que isso iria acontecer se eles fossem para essa festa. Falando em festa, gostaria de saber aonde se encontra o Austin. Ele não veio hoje comigo. Disse que iria pegar carona com outro amigo.

 Espero que ele esteja na escola.

- Srta. Collins? Poderia prestar atenção na aula?

 - Claro, me desculpe.

- Como ia dizendo, os ingleses fizeram um acordo...

E essa foi a última coisa que ouvi. Resolvo centrar minha mente em saber onde estava meu irmão. É algo que costumo fazer desde pequena, quando brincava de esconde-esconde na escola, e mesmo sem saber nada sobre anjos, naquela época mesmo, minha mente sozinha me induzia a ir em cada esconderijo das minhas amigas.

Hoje em dia, isso é mil vezes mais fácil, e por sermos sangue do mesmo sangue - irmãos - facilita ainda mais.

Olho fixamente para o mapa que o professor de história nos apresenta, assim não pareço estar distraída.

Procuro meu irmão na minha cabeça. Uso a energia que emana dele, a fim de encontrá-lo. Ele está no prédio da escola. Não sinto nada preocupante, então ele não está causando problemas, ao menos.

Mas lembra a história do esconde-esconde? A medida que Austin cresceu e minha mãe lhe contou sobre quem ele é, Austin aprendeu a bloquear sua mente contra meus instintos angelicais. E brincar de esconde-esconde deixou de ser minha brincadeira favorita. Ao menos com Austin.

Acontece, que dessa vez, ele possa estar fazendo o mesmo. 


(...)


 - No que tanto pensava na aula de história? - pergunta Katherine.

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