Perdoar ou odiar

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Saint Paul, Minnesota

Ao olhar para a varanda da nossa casa. Vejo mamãe e um homem dos cabelos pretos e olhos castanhos meio esverdiados. Sua face era de uma pessoa de quarenta anos. Não me lembra ninguém exatamen… Só podia ser brincadeira.

- Então queridos... - mamãe começa. - Parece que alguém adiou a viagem. Esse aqui é... o seu pai…

Claro que ela estava olhando direto para mim.

- Oi Austin... - ele faz uma pausa - Oi Bella.

Era como se não sentisse meu chão. Sua voz não lembrava nada de mim. Parece firme, e seca. Não consigo definir.

- Meu nome é Isabella. Bella é para próximos. - digo secamente, mas sentindo minha voz querer falhar.

Eu sei. Eu iria tentar ser compreensiva, mas isso não é fácil assim. Achei que seria.

Ouvir o outro lado, e tudo mais. Mas a última vez que ele estava por perto, estava resolvendo me deixar.

Minha mãe fecha os olhos e respira fundo.

- Oi... - Austin diz sem emoção. Ele apenas assenti com a cabeça e sorri fechado.

Sorte do Austin ser filho de outro pai. Perdoe-me a insensibilidade.

Austin passa por eles e entra. E não diz mais nada.

Após dezoito anos ele está aqui. Como se eu não tivesse passado a minha infância triste. Revoltada. Por minhas amigas todo dia dos pais estarem comprando presentes para seus pais, menos eu. Ele tinha noção disso? Do quanto fiquei deprimida aos nove anos por uma garota de treze anos, ter feito bullying comigo por eu não ter um pai e ter dito que quando me casar, não teria ele para me levar para casar.

 - Você... é a cara da sua mãe.

 Solto uma risada anasalada pela sua observação singela.

 - É, somos iguais em muitos aspectos. - falo com tom sarcástico e seco. Acredito eu, que você deve ter entendido.

- Sei que perdão é pouco que eu possa te pedir...

- E você não vai tê-lo se depender de mim.

Passo igual uma bala por eles, me atirando escada acima e entrando no meu quarto.

Jogo a bolsa em qualquer canto do quarto tirando o casaco de frio e o pendurando no mancebo. Antes, pego o celular do bolso.

Disco para Katherine. Ela tem um pai presente. Permaneceu presente na vida dela por dezoito anos completos. Talvez possa me ajudar.

Após o segundo toque ela atende.

 - Emergência. Pai. Viagem adiantada. Está na minha casa. - falo rápido e com voz embargada.

 - Ah meu Deus. - ela diz do outro lado da linha. - Ele disse o quê?

 - Me chamou de Bella, e disse que eu era a cara da minha mãe! - disse exaltada. Percebi que meu rosto estava molhado. Lágrimas ferventes saíam de meus olhos implorando liberdade, e saindo sem permissão. Queimavam. Odeio isso, mais que tudo.

- Isso não é bom, não é, hãn-hãn. - ela fala rapidamente.

 - Ele tem uma filha Katherine... mamãe disse que ela viria... não sei onde ela está… como… substituída tão rápido?

Não consigo normalizar minha voz. Me sinto… triste, angustiada. Essa situação me sufoca, isso não deveria estar acontecendo agora. Precisava de mais tempo.

  - Isabella, a prioridade é lidar com seu pai. Esqueça essa tal garota... não diga nada. Não grite. Não brigue. Deixe ele falar, depois você dá suas queixas. Você tem total razão em falar o que sente.

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