Henrique
Sabe aquela sensação de que tudo de ruim que está acontecendo no momento é culpa sua? Se não tivesse rejeitado alguma coisa ou alguém desde o início tudo daria certo?
Pois então, esse é o meu sentimento agora, minha mente grita que tudo o que está acontecendo é culpa minha e o pior é que é verdade, se eu o tivesse amado e desejado desde o início, o bebê estaria vivo e minha mãe e ele estariam bem nesse momento.
- Amor? - Lici entra no banheiro e para em minha frente, ela faz carinho em meu cabelo e eu levanto lentamente minha cabeça, paro e encaro sua barriguinha que está protegendo nossos dois bebês - para de ficar se culpando, nada disso é culpa sua amor.
- Claro que é - falo e volto a encarar o chão - meus pais tentaram por tantos anos terem outros filhos, mas eles não conseguiam e quando conseguiram eu fiquei com tanta raiva.
- Não era raiva meu amor, só era medo e preocupação com sua mãe - ela se abaixa e se senta ao meu lado.
- Mas não era por isso que eu deveria te-lo rejeitado.
- Você não o rejeitou, só teve uma insegurança, mas logo você o amou - deito minha cabeça em sua cocha e deixo minhas lágrimas caírem livremente.
- Você se lembra quando a Bárbara te contou que estava grávida? - ela pergunta com um tom de voz baixo mas ainda sim consigo identificar o tom de raiva.
- Lembro como se fosse ontem - falo triste.
- Eu sei que isso não pode ser comparado, mas quando aquela mulher descobriu a gravidez do nosso pequeno ela não o queria, ela o maltratava sem antes ter sequer segurado ele em seus braços, e olha só pra ele, ele está bem, mesmo sendo odiado pela pessoa que deveria ama-lo incondicionalmente.
- Mas... - tento colocar meu ponto de vista mas ela me interrompe.
-Para de querer achar motivos para se culpar - ela fala brava - olha pra mim amor - ergo minha cabeça e ela seca minhas lágrimas com carinho - se você não parar imediatamente com isso eu juro que vou te deixar em casa sozinho, eu e o Ben iremos para a casa dos meus pais sem data para voltar.
- Você não faria isso - falo a encarando.
- Você está duvidando de mim? - ela me olha com um olhar desafiador e prefiro não arriscar.
- Eu não sei como fazer para tirar da minha cabeça que é culpa minha.
- Eu vou te ajudar, e o primeiro passo vai ser levantar desse chão e ir tomar um belo banho.
*****
Aperto a mão da minha mulher e giro a maçaneta da porta lentamente, abro lentamente e gelo ao ver minha mãe olhando para o teto, Alicia me belisca e eu volto para a realidade.
- Mamãe - chamo e ela me olha, seus olhos perderam um pouco do brilho que eles tinham.
- Oi meu pintinho - ela da um sorriso fraco, estendo a mão e eu a seguro rapidamente.
- Dessa vez nem vou reclamar por ter me chamado desse jeito - falo e ouço a Lici dar risada baixinho.
- Oi querida - minha mãe direciona seu olhar para minha mulher, Lici solta minha mão e a abraça. Elas trocam algumas palavras baixinho e eu não consigo escultor uma só palavra, elas se afastam e uma sorri para para a outra.
- Eu sinto muito pelo que aconteceu mãe - falo baixo - eu não queria que isso acontecesse.
- Filho olha pra mim - ela fala com sua voz doce que acalma qualquer um que tenha coração - eu e seu pai queremos ter mais filhos, nós ficamos muito felizes quando descobrimos que finalmente tínhamos conseguido, mas desde o início eu sabia dos riscos que corria ao estar grávida no auge dos meus 43 anos, e mesmo assim eu arrisquei, eu e seu pai tentamos e tentamos até que conseguimos, mas filho, o plano de Deus não era termos mais um bebê gerado do meu ventre - ela para, respira fundo e seca a lágrima solitária que escorreu de seu olho - dói saber que eu perdi um filho, mas me alegra saber que eu ainda posso tentar dar um lar para uma criança, eu e seu pai vamos adotar, ele sempre quis adotar um casal de irmãos e essa vai ser nossa nova função, e mesmo que não seja um casal ou até quem sabe se eu não me apaixonar por três crianças de uma vez.
- Três? - pergunto já pensando na bagunça que seria, Bem e Niara já aprontam todas, agora imagina mais três e ainda tem gêmeos vindo por aí. Meu Deus eu vou enlouquecer.
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Destino de um pai
RomanceHenrique Santtori acreditava que Bárbara era seu grande amor, doce engano, quando a garota diz q irá abortar o bebé ele propõe pagar para ela uma grande quantia, assim ela poderia ter o que ela queria dês do começo que era seu dinheiro e ele o seu f...