Capítulo 3

86 12 1
                                    

Kira

Naquele dia eu fugi e fui adotada por uma família que estava se mudando para outro país, eles se encantaram rápido em mim e tiveram pena da minha história de abandono familiar, e eu tive a chance perfeita.

Hoje tenho 17 anos e estou no meu último ano escolar, matei uma das filhas de sangue do casal e escondo seu corpo num refrigerador do porão, nunca à encontraram, a não ser o irmão mais novo do casal, ele sabe de tudo o que faço e sabe quem eu sou porém é mudo, ele morre de medo de mim e meus pais adotivos ficam sem entender o porque, eu pago simpatia com ele na frente dos pais e ele fica apavorado por dentro, gosto de deixar ele com medo, quero muito uma pessoa que sinta medo de mim ao meu lado sem que morra, é bom sentir o cheiro do medo da sua futura presa.

Meu objetivo agora é suprir minhas necessidades, e o que eu necessito é só um pouco de sangue escorrendo em minhas mãos, sentir a dor e o pavor, escutar os gritos de socorro sorrindo sabendo que a pessoa logo morrerá e que os gritos são inúteis, não há algo melhor que essa sensação, e essa vontade dentro de mim só parece aumentar cada vez mais.

Abro a porta do porão e vou descendo as escadas, vejo Belchior sentado no chão desenhando e então me aproximo lentamente e sorrateiramente do mesmo.

-Sabe... -Inicio minha fala e ele percebe minha presença ali e se assusta quando seus olhos pairam em mim, eu sorrio com sua reação e prossigo -Faz tempo que não faço uma vítima, que tal me dar umas opções? Desenha o rosto de alguém que quer que eu mate -Eu falo agachando ao seu lado sem cortar o contato visual.

Pego uma folha em branco que já havia ali e coloco em sua frente juntamente de um lápis. Ele era muito bom desenhista tenho que admitir. Ele encara a folha em branco e logo depois seu olhar volta pra mim, ele estava assustado com a proposta.

-Dá pra sentir prazer na morte, sabia? -Falo tocando em seu ombro como forma de apoio -Vamos lá participe vai ser legal, você só vai desenhar, eu vou matar e te entrego alguma parte do corpo -Falo tranquilamente.

Ele pega o lápis e encosta na folha, mas antes mesmo de completar um traço começa a chorar. Ele tem 7 anos e é muito frágil, é magro, tem cabelos claros e pele branca, seus olhos são castanhos.

-Vamos nos ajudar... Eu quero um desenho de alguém do bairro e você quer sua mãe viva certo? -Ele balança a cabeça afirmando -Então me dá o desenho que eu não mato ela -Eu falo e sorrio diabolicamente.

Seu olhar de medo era nítido, ele é muito apegado a família, e eu sabendo disso tenho vantagem.

Ele começa a desenhar com a mão trêmula e os olhos marejados, eu presto atenção no desenho e nos traços do rosto, sou uma boa observadora.
Tempos depois ele termina o desenho, era uma menina, tinha cabelo curto e uma franja que cobria a testa, ela tem uma pinta no queixo um pouco em baixo de sua boca e uma cicatriz pequena na bochecha.

-Uau, que desenho lindo -Eu sorrio -Caiu sua mão? Não né? Então dá próxima vez não demora, possa ser que eu não esteja com paciência -Eu o encaro e pego a folha saindo -Vou ver se encontro nossa vítima, fica bem! -Falo com um sorriso no rosto e logo após bato a porta.

{...}

Estava andando pela rua... Onde eu morava era uma cidadizinha pequena todos se conheciam.

No caminho enquanto eu andava, um garoto que nitidamente estava desatento esbarra em mim e a folha acaba caindo no chão.

-Olha por onde anda! -Eu falo grosseiramente enquanto reviro os olhos.

-Ui, devo me preocupar com uma meninha mal humorada? -Ele fala rindo de mim.

Deve!

Enquanto eu o encarava com um olhar mortal, ele se agachava pra pegar a folha.

-Aqui está sua folha -Ele me entrega e eu vou saindo -Espera! Esse desenho é da Dayla?

-Conhece ela? -Eu falo me virando já com um sorriso no rosto.

-Sim, ela é minha prima -Ele fala.

-Coincidência, não? -Eu sorrio e ele também mas acho que o motivo não foi o mesmo.

Eu vou dando passos lentos à frente e ele me acompanha.

-Qual seu nome? -Ele pergunta.

-Meu nome é Kira, e o seu?.

-Sou o Mizael -Ele fala e sorri.

Passamos o caminho conversando, ele se entrega muito fácil rs.
Estávamos andando normalmente mas num certo lugar ele para de andar, eu estranho e logo paro também.

-Eu moro aqui com minha prima Dayla, meus país e meus tios -Ele diz parado em frente à porta da casa dos fundadores daquela pequena cidadezinha.

-Você é o filho do... -Eu não consigo terminar minha pergunta pois sou interrompida.

-Sim, sou filho do fundador disso aqui, não te contei antes mas agora sabe, quer entrar pra ver a Dayla? Vocês são amigas? -Ele fala abrindo a porta que estava trancada.

Credo! Quantas perguntas!

-Preciso ir, depois passo aqui -Falo saindo apressada dali sem escutar o que Mizael havia respondido. Não sou obrigada a continuar conversando com ele.

Olha só! Belchior mandou eu matar a sobrinha do fundador dessa pequena cidade!.
Se eu conseguir ajeitar isso direito, os dois morrem, Não posso tomar decisões precipitadas.

O isolado do Mizael já vem querendo ter uma amiga, já ganhei sua confiança. É tão fácil...
Na verdade... Não o culpo, quem iria saber que uma menina andaria por aí procurando a próxima presa e arquitetando o próximo ataque?.
Preciso armar um plano em que os dois morram e sem correr o risco de os fundadores me descobrirem, mas isso leva tempo e preciso de presas novas até lá.

Pensamentos De Uma PsicopataOnde histórias criam vida. Descubra agora