Cap. 1: As Origens

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Num dia ensolarado de 10 de setembro de 1987, o cenário era de uma típica manhã de trabalho e atividades cotidianas. O céu estava claro, os pássaros cantavam alegremente, e as flores desabrochavam em uma harmonia primaveril. As ruas estavam movimentadas com pessoas se dirigindo ao trabalho ou ao mercado, aproveitando a brisa suave e o clima agradável.

Porém, mesmo em dias aparentemente perfeitos como esse, a vida reserva surpresas desagradáveis. Afinal, basta um único dia ruim para despertar a fúria e a raiva contida em qualquer pessoa, independentemente de sua idade ou aparência pacífica.

No contexto das crianças, normalmente vistas como puras e inocentes, nem todas são o que aparentam. Algumas delas podem carregar uma maldade latente desde tenra idade, manifestando-se em atos cruéis. Pisar em uma abelha apenas por diversão, observar e torturar formigas sem remorso algum, essas crianças podem surpreender com sua falta de empatia e compreensão de que até mesmo insetos são capazes de sentir dor e sofrimento antes de morrer.

Contudo, entre essas crianças, havia uma exceção. Johnny, um garoto de quatorze anos, era diferente de todas as outras crianças. Ele possuía um coração bom e sempre buscava ajudar os outros na medida do possível. Mesmo quando ia comprar um lanche depois da escola, mesmo com pouco dinheiro, ele dividia com uma criança moradora de rua, demonstrando sua generosidade e preocupação com o bem-estar dos outros.

No entanto, a vida de Johnny não era fácil. Ele era constantemente alvo de bullying na escola devido à sua aparência, sendo magro e com uma pele muito clara. Mesmo nos dias mais quentes do verão, ele usava seus casacos para se proteger das ofensas e provocações. Seus olhos e cabelos eram castanhos escuros, e ele mantinha um penteado curto e dividido para o lado.

Além disso, a história familiar de Johnny também era dolorosa. Ele não morava com seu pai nem com suas irmãs devido a conflitos e ambições relacionadas ao dinheiro. Sendo o caçula de uma família com quatro filhos, ele morava apenas com sua mãe. Embora seu relacionamento com ela fosse bom em geral, havia momentos em que ela ficava revoltada com alguma coisa e descontava em Johnny, seja brigando, batendo ou falando de forma agressiva.

Johnny saiu de casa, sentindo-se cansado e com dores, mesmo sendo jovem demais para se sentir dessa forma. Ele decidiu ir para o ponto de ônibus em vez de caminhar, esperando que o transporte público o levasse ao seu destino mais rapidamente.

Quando o ônibus finalmente chegou ao ponto, um grupo de estudantes já estava a bordo, entrando pela porta traseira de forma animada e barulhenta. Eles corriam, gritavam e pareciam se divertir com a agitação. Johnny, no entanto, optou por entrar pela porta da frente, seguindo as regras e buscando um pouco de ordem naquela cena caótica.

Ao se aproximar do motorista para pagar a passagem, Johnny percebeu que estava faltando alguns cruzados em seu bolso. Ele questionou o motorista se o valor da passagem havia sido aumentado recentemente e recebeu uma confirmação afirmativa. Sabendo que não tinha dinheiro suficiente, Johnny humildemente pediu ao motorista se poderia entrar pela porta traseira, assim como os outros estudantes haviam feito.

No entanto, o motorista se recusou categoricamente. Ele disse a Johnny que não poderia entrar sem pagar o valor integral da passagem e mandou-o descer do ônibus, sem oferecer nenhuma alternativa ou solução. A injustiça da situação atingiu Johnny, que se perguntou por que os outros estudantes podiam entrar pela porta traseira enquanto ele não podia.

Com um sentimento de desamparo e frustração, Johnny desceu do ônibus e observou enquanto ele partia, deixando-o para trás. Aquela breve interação com o motorista representava mais uma evidência das dificuldades e obstáculos que Johnny enfrentava em sua vida cotidiana. Mesmo tentando fazer a coisa certa, seguindo as regras, ele se via confrontado com um tratamento desigual e injusto.

Noites Sombrias: Volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora