Uma coisa que todos esquecem é que aqueles que consideram vilões em suas histórias se veem, na verdade, como heróis. Na mente deles, cada ato de maldade é justificado por uma narrativa de dor, vingança ou sobrevivência. No entanto, a verdadeira tragédia reside nas vítimas. Elas podem perdoar, mas nunca esquecerão. As cicatrizes emocionais permanecem, marcadas em suas memórias como traumas que os acompanham ao longo da vida, levando-os a consultar psiquiatras e psicólogos, enquanto os vilões, mesmo quando perdoados, continuam suas vidas como se nada tivesse acontecido. É um ciclo que não se rompe facilmente, e a sociedade, muitas vezes cega, prefere ignorar a realidade.
No final das contas, quem foi o responsável pela dor que infligeu? O número de assassinos pode permanecer o mesmo mesmo quando um é eliminado, mas isso não significa que a culpa se dissolve nas sombras. Se um homem mata um assassino, a balança da justiça não se equilibra; apenas troca-se um mal por outro. Para que o número de vilões não continue a crescer, o sistema, falho e distorcido, parece sugerir que a única solução é eliminar mais um. Mas a sociedade não enxerga isso. A injustiça se perpetua.
E assim, em um final de tarde quente de 10 de setembro de 2019, um carro percorre uma estrada de terra em direção a um local isolado. O motorista, um homem cujos olhos refletiam o peso de suas escolhas, olha para o painel onde o celular toca. Ele atende, colocando a chamada em viva-voz.
— Fala, Emilly — diz ele, a tensão em sua voz ecoando nas palavras.
— Você tem certeza que quer fazer isso? — a preocupação na voz de Emilly é palpável, como uma sombra que se recusa a deixar o homem em paz.
— Sim. Os policiais disseram que só podem registrar boletim de ocorrência de desaparecidos depois de 48 horas. E já se passaram 45 horas — ele responde, a determinação endurecendo seu tom.
— Nossa filha desapareceu, e você sabe o porquê, não é? Por sua causa e da sua infidelidade.
Ele sente o peso da acusação, cada palavra como uma lâmina afiada, cortando sua resistência.
— Eu sei, e não precisa dizer mais nada — ele interrompe, sua voz um sussurro sombrio, a culpa martelando em sua mente.
— Está bem. Se encontrar realmente nossa filha, diz que eu a amo. Que vamos criá-la e prestar atenção em dobro a partir de agora — Emilly fala com um misto de esperança e dor.
— Sim, falarei. Até logo — ele diz, desligando o celular e ligando o rádio, tentando abafar a tempestade de emoções dentro de si.
As notas da música que toca no rádio se misturam com os pensamentos pesados que o cercam. Ele sabe que as sombras do passado são implacáveis, e enquanto dirige em direção ao desconhecido, o peso de suas ações antigas parece mais denso do que nunca. O que ele está prestes a fazer não é apenas uma busca por sua filha; é um confronto com os demônios que ele deixou para trás, aqueles que o acompanharão na jornada em busca da redenção e do perdão.
A estrada de terra continua à frente, cheia de curvas e segredos, enquanto ele se aproxima de um destino que pode mudar tudo. E assim, a história se desenrola, revelando que cada escolha feita, cada ação tomada, não se apaga facilmente. A vida é um ciclo de dor e redenção, e em meio a tudo isso, o homem se pergunta: até onde você irá por aqueles que ama, mesmo que isso signifique enfrentar suas próprias sombras?
No rádio, a voz do repórter se destaca entre o silêncio inquietante do carro. O motorista, a mente turbilhonando com a angústia do desaparecimento da filha, aumenta o volume.
— O número de pessoas desaparecidas aumentou nas últimas duas semanas em comparação aos anos anteriores neste mesmo período. Relatos de pesquisadores indicam que as vítimas incluem crianças de 12 a 15 anos e adultos de 18 a 35. Agora, a próxima notícia...
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Noites Sombrias: Volume I
HorrorQue pode acontecer quando uma pessoa não tem família, amigos, infância, ou coisas boas na vida além de desprezo dos outros por ser ele mesmo? Nessa história vai contar sobre Johnny que cansado dessa vida, decide matar as pessoas que te fizeram mal...