Cap. 2: Alma Ferida

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Numa noite escura e silenciosa, os ventos sussurravam entre as árvores, criando uma atmosfera de mistério. A cidade estava adormecida, imersa em um profundo silêncio. Era um cenário tranquilo, mas o cemitério, onde as lápides de Johnny e Lucas estavam enterradas, contava uma história diferente.

Cinco anos se passaram desde os trágicos assassinatos e a morte dos dois amigos, e agora, à medida que a lua iluminava o céu noturno, um fenômeno inexplicável começou a acontecer. De repente, uma mão surgiu da terra, rompendo a sepultura de Johnny. A madeira do caixão, deteriorada pelo tempo, se quebrou, permitindo que ele emergisse da escuridão, confuso e desorientado.

Johnny se levantou, coberto de terra, sem entender como estava ali, novamente entre os vivos. Ele olhou ao redor, sentindo o ar frio da noite em sua pele, e as memórias de seus últimos momentos começaram a voltar com força. Cada ferida em seu corpo era um eco do passado, cada corte uma lembrança do que havia acontecido. Ao tocar a máscara que usava, lembrou-se dos momentos finais da luta contra Lucas, das dores e da traição que os separaram.

Enquanto explorava o cemitério, um turbilhão de emoções o dominava—raiva, confusão e tristeza. Ele se lembrou de tudo o que havia passado, dos tormentos que sofreu e da transformação de sua amizade em inimizade. Ao caminhar, seus olhos se fixaram em uma lápide que leu: "Lucas Fignis 1971-1987. Filho amado, junto com seu irmão amado." O peso do ódio e da tristeza se misturou em seu coração ao lembrar de como seu amigo se tornou seu rival e como os dois haviam se destruído.

Com a mente ainda confusa, Johnny continuou sua jornada pelo cemitério. Em meio a suas reflexões, de repente, ele avistou outra lápide, uma que paralisou seu coração: o nome era igual ao da sua mãe, e a data de nascimento correspondia à dela. Um arrepio percorreu sua espinha ao perceber que ela realmente havia falecido.

Ajoelhando-se em frente à lápide, as lágrimas começaram a escorregar pelo seu rosto, um misto de dor e arrependimento. Ele chorou sem pronunciar uma única palavra, perdido em sua dor. Mas, ao erguer o olhar, sua tristeza se transformou em uma onda de raiva. A raiva pelos que ainda estavam vivos—suas irmãs e seu pai, que não tinham valorizado sua mãe enquanto estava viva. A frustração cresceu dentro dele, uma ideia sombria começando a se formar.

Pensamentos de vingança surgiram em sua mente. Se ele tinha retornado à vida, talvez fosse sua missão fazer com que aqueles que não cuidaram dela sentissem a mesma dor que ele sentira. Eles precisavam pagar por não terem dado o valor que sua mãe merecia, por terem deixado que ela morresse sem amor e carinho.

Com um novo propósito obscurecido pela raiva, Johnny se levantou. O cemitério agora não era apenas um lugar de tristeza, mas um ponto de partida para a sua vingança. Ele tinha voltado, e isso era apenas o começo.

Saindo do cemitério, Johnny puxou o capuz de seu casaco preto sobre a cabeça, tentando se misturar à escuridão da noite. Cada passo era carregado de uma mistura de adrenalina e angústia, enquanto ele se perguntava sobre o que deveria fazer a seguir. Sua mente estava repleta de planos sombrios, mas a sensação de estar de volta à vida era avassaladora.

Ao caminhar pela estrada deserta, a luz de um farol cortou a escuridão. Um carro de polícia se aproximou, e Johnny sentiu seu coração disparar. O veículo parou repentinamente, e um policial saiu, olhando fixamente para ele.

— Ei, você! O que está fazendo aqui a essa hora? — O policial parecia suspeitar da presença de Johnny, sua voz autoritária ecoando na noite.

Sem hesitar, Johnny acelerou o passo, sua mente focada em não ser capturado. Ele sabia que não poderia permitir que ninguém soubesse que estava vivo novamente. O policial, percebendo o movimento, começou a se aproximar rapidamente.

Noites Sombrias: Volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora