Capítulo 5 - Never Enough

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A única coisa que sei é que eu estava pensando muito num colega de infância, alguém que eu já estava acostumada a conviver, era como um vizinho, e agora, eu estava o vendo de outro jeito. Nada além de esquisito, mas eu estava começando a gostar daquele sentimento. Droga. Prometi para mim mesma que não ia gostar de alguém tão cedo, muito menos em um ano de vestibular, eu precisava de foco e nesse momento era tudo que eu não tinha. Não havia ninguém que eu pudesse desabafar sem que desse algum tipo de palpite intrometido e me estressasse instantaneamente.

Poderia falar sobre cada pequena coisa que Jiyong fazia, como quando fingiu que a folha que segurava era uma borboleta e bateu suas asas, mostrando para mim aleatoriamente, enquanto eu o olhava confusa, mas por dentro estava achando a coisa mais fofa do mundo seu jeito atrapalhado de ser legal comigo. Posso falar também de quando estavam algumas de suas amigas - que eu costumo chamar de najas - olhando algum aviso na parede da sala, e Jiyong um pouco afastado do grupo, começou a dançar de forma animada e cômica, o que me fez querer rir e eu não podia controlar, então virei o rosto para não ter um ataque de riso, e depois de todos irem se sentar, ele deu uma leve cutucada em meu braço o que me assustou. Ele estaria passando aquela vergonha para chamar minha atenção? Claro que não, sua idiota. Até parece, ele tem mais gente para chamar atenção.

Tudo bem, eu falei demais. Sempre acaba assim quando penso nele. Mas por que diabos eu estou indo tão rápido? Eu nem fiz amizade com ele ainda, sinto como se parecesse que o único motivo de eu me aproximar seriam essas "segundas intenções", que eu nem mesmo sabia o que eram.

Mais uma vez voltei para casa pensando dele. Como eu costumava ficar sozinha e não tinha realmente alguém que me sentisse confortável em falar sobre aquilo. Como pode perceber, eu não tenho muito tempo de conversa com ele, é esquisito, mas é normal quando é comigo, no caso. Eu costumo ser muito silenciosa antes - e até ao decorrer - das amizades, pois sinto que estou incomodando, mesmo quando a pessoa está a um passo de esfregar na minha cara que ela também está interessada em se aproximar de mim. Exatamente o que estava acontecendo, mas era bom demais pra ser verdade na minha cabeça.

Eu vivia em função de ir ao colégio agora. Você me pergunta: "Por quê?", isso mesmo, por causa dele. Agora eu tinha uma motivação, já que desde o segundo bimestre eu joguei tudo ao vento e desisti de estudar sério. Essa era a parte que me incomodava, Jiyong sempre foi muito esforçado para entender a matéria e fazer sua família orgulhosa, ele não gostava de decepcionar aqueles que amava, por mais que a maioria não merecesse a pessoa incrível que ele era, por mais que não reconhecessem isso, ele sempre queria agradá-los de todas as formas. Sabendo disso tudo, tentava por tudo em ordem na minha cabeça, procurando algum tipo de sensatez. Certo, vamos começar a sessão "Parece Que Eu Me Odeio Mas Sou Apenas Consciente": primeiro, eu não me esforço a não ser que eu escolha no que quero me esforçar, tenho que querer muito aquilo para dar meu coração, então sem pequenos objetivos (com pequenos quero dizer estudar... bom, para mim isso é pequeno); segundo: eu não sou bonita. Quer dizer, não para o gosto dele, não é como se eu fosse feia de verdade ou pelo menos, como se me achasse com cara de Pennywise. Não, eu não me achava feia. Ele talvez sim, ou talvez que só não fosse bonita o suficiente. Eu era bonita, mas bonita como amiga.

Lembro de suas outras garotas, de como ele se doava por cada uma delas, fossem amigas ou amantes e me perguntei como seria ter alguém assim em minha vida, alguém como ele. Todo o carinho e atenção que ele as dava... eu queria receber, só não sabia de quem. Foi aí que eu percebi, parecia que só tinha uma pessoa assim que eu conhecia, e essa pessoa era ele mesmo. Não que eu nunca tivesse sido amada antes, eu já fui, por Zaichi e eu reconheço isso, às vezes tenho a leve dúvida sobre o que poderia ter sido se eu me deixasse quebrar mais um pouco e apostasse mais num relacionamento onde só havia sentimento de um lado e certamente não era o meu. Eu posso ter me achado a pior pessoa do mundo, muitos podem me considerar, mas eu digo que poderia ter sido pior, eu me machucaria mais por mais tempo e a ele também, talvez tudo tivesse que acontecer daquele jeito. Aquilo me ensinou muita coisa, ensinou que eu devo ter certeza antes de sair dizendo que gosto de alguém e que devo ser sincera sobre o que eu sinto, essa segunda parte eu ainda não aprendi. Algo que se fez claro para mim é que passar muito tempo sem gostar de alguém pode ser bom enquanto dura, mas a partir do momento em que minhas mãos suaram, meu coração acelerou e minha barriga deu um embrulho mais uma vez depois de quase dois anos, eu percebi que não havia aprendido nada. Eu não fui sincera e de cara afirmei que gostava de um cara que eu tinha a intenção de fazer amizade, eu mais uma vez, estava arriscando tudo sem motivo. Isso é o que a ansiedade faz com você, ações impensadas o tempo todo, incluindo não conseguir ficar de boca fechada mesmo não querendo se envolver muito com outras pessoas.

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