"Cara, tu sabia que tu é um verdadeiro príncipe?"
E é porque eu tinha bebido pouco.
Não se engane, com uma taça de vinho, minhas conversas já costumam tomar um rumo aleatório e constrangedor. Eu não conseguia controlar minha boca mas também não me importava muito, pois o álcool não me deixava ter a sanidade completa.
Depois que o Ensino Médio acabou e a maioridade chegou, minha vida pareceu mais fácil e com isso, comecei a experimentar coisas novas, como beber. Na verdade era só mais uma forma de fugir da ansiedade do resultado para o vestibular, eu estava de férias de qualquer jeito. Não pense que eu me viciei ou acho isso bonito, como já disse era uma medida de última hora, quando não tinha mais nada para fazer.
Jiyong pegou o limão e o espremeu em seu copo. Era algum coquetel esquisito que ele aprendeu a fazer com um amigo, mas não era nada fraco, com poucas doses já podia se ver o efeito. Não em Jiyong, claro. O máximo que saía dele por um bom tempo era só o cheiro forte de bebida alcoólica, o que me deixava espantada, ele era quase imune e eu era super fraca para isso, mas em compensação eu ganhava uma força física enorme.
- Jiyong! - gritei enquanto o derrubava do banco ao empurrá-lo. - Você me ouviu? Acabei de dizer que você é um príncipe! Você está me ignorando? - continuei tropeçando em minhas palavras.
Ele continuou no mesmo lugar onde havia caído e logo me encarou, vagarosamente olhando para cima, encontrando meu olhar e dando o sorriso de lado, como se estivesse se divertindo e achando fofo o que eu acabara de fazer. Fiz uma cara emburrada e cruzei os braços, eu devia estar parecendo uma dessas crianças choronas.
- Eu ouvi sim. Agradeço por achar isso de mim. - ele respondeu ainda com o sorriso devido minha birra.
- É só isso que você tem a dizer? - minha expressão com toda a certeza era a mais engraçada, eu devia estar com um olhar baixo e as sobrancelhas tentando se erguer.
Eu via o rosto de Jiyong mudar na meia-luz, ela ganhava um tom cada vez mais travesso, ele parecia se divertir bastante com meu jeito atrapalhado.
A noite era fria e as plantas se balançavam com a brisa, enquanto poucas estrelas eram visíveis. Uma viagem de um dia e meio valia a pena por esse tipo de coisa, que mesmo bêbada, eu ainda conseguia apreciar. Olhava para o céu, sorrindo levemente enquanto sentia a pele arrepiar por causa do frio, e apesar de estar abraçando a mim mesma à procura de algum tipo de calor, ainda era uma sensação confortável então não me importei. Senti o mesmo par de olhos de sempre me observando enquanto eu tinha aquele momento. Jiyong me olhava de um jeito sossegado e observador, quando subitamente se moveu.
- Já volto. - ele falou rápido e foi correndo.
Fiquei parada e tentei protestar mas ele foi mais veloz e sumiu, me deixando sozinha. Cinco minutos depois, quando eu já estava sentada, cansada demais para até a rir meus olhos, ouvi ele voltar e senti algo em minha cabeça.
- Sorria! - o flash impediu meus olhos de abrirem mas pelo menos o sorriso eu dei.
Esfreguei meu rosto tentando limpar a visão enquanto Jiyong me mostrava a foto que havia batido. Eu estava com uma coroa de galhos e flores que pelo jeito, foi ele quem colocou. Peguei o adereço e observei detalhadamente. Haviam algumas violetas e margaridas, os galhos finos se entrelaçavam, formando um molde circular, cabendo quase que perfeitamente em minha cabeça.
- Onde achou isso? E por que colocou em mim? - perguntei tentando resgatar o pouco de sobriedade que ainda restava.
- Eu fiz. Você disse que eu era um príncipe, nada mais justo que uma coroa para você, que é uma princesa.
Eu estava bêbada demais para aquilo ou o garoto havia me cantado? Na verdade, talvez não. Ele costumava tratar todas suas amigas igualmente bem, era bem difícil de entendê-lo de verdade. Não sei se eu gostava ou odiava isso nele, queria saber o que realmente significava cada coisa que ele falava mas não conseguia, pelo menos não de maneira fácil.
Decidimos entrar, já estava tarde, meus familiares dormiam e ele insistiu para que fosse deitar para que eu não ficasse resfriada e tivesse uma ressaca muito forte.
A noite havia sido ótima, dormi bem até demais e acordei com Jiyong sentado ao lado da cama olhando para seu celular esperando o café da manhã ser feito. Ele percebeu quando me acordei.
- Ei, Bela Adormecida, que tal uma festa? - ele fez a proposta sem sentido na minha cabeça que rodava e rodava mais.
- Como assim? - perguntei ainda tonta de sono.
- Vai ter uma festa hoje, tarde da noite, o pessoal do colégio quer se reunir para comemorar por termos passado... - ele explicou já fazendo uma cara como se fosse implorar algo, enquanto eu já revirava os olhos.
- Por que você quer que eu vá? Sabe como me sinto sobre aquele pessoal. Certeza de que eles nem me querem lá. - tentei explicar o que já era óbvio.
- Por favor! - choramingou - Você é a única amiga com quem consigo me divertir de verdade, preciso de você lá.
- Quer saber?! Tá bom, eu vou... mas e seus outros amigos, não vão? - perguntei ainda com ar de indiferença.
- Vão sim mas você também precisa ir, quero você lá. - ele exigiu
Balancei a cabeça e dei de ombros.
A verdade é que eu sempre ficava nervosa em festas, principalmente se ela unia dois extremos: pessoas que eu odiava muito e pessoas que eu gostava muito. Sempre evitei o máximo esse tipo de interação, já não me sentia confortável em interagir com poucas pessoas, muito menos com multidões. Dessa vez, apesar do pânico de estar entre muita gente, uma nova ansiedade surgiu. Sem perceber, estava planejando o que usar e como me comportar perto de Jiyong, coisa que nunca aconteceu antes. Eu estava pensando em impressioná-lo, mas por quê?
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Symphony (G-Dragon)
FanfictionA estória de uma menina e como ela teve que se mudar para se sentir bem-vinda. Entre amores e amizades, sempre testando seu autocontrole e suas fraquezas. Surgem pessoas que ficam por pouco tempo e outras que nunca vão embora. Entre elas, aquele que...