Capítulo 16 - Last Resort

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*Yuhari POV*

Uma multidão se formava à minha frente enquanto eu caminhava em direção ao tribunal. Quanto mais me aproximava mais ficava clara a comoção que acontecia. Pessoas indignadas falavam alto levantando seus cartazes. "Queremos justiça!", algumas pessoas gritavam. Uma moça segurava um cartaz escrito: "Não aceitaremos mais a impunidade desses vermes!". Só naquele momento percebi que praticamente todas que protestavam eram mulheres. Muitas pareciam fazer parte de grupos de lutas sociais. Era algo sério, pelo visto. Decidi perguntar para uma jovem que estava na parte de trás do grupo de pessoas o que estava acontecendo. Ela explicou brevemente e eu engoli em seco. Alguém estava sendo julgado por denuncias de assédio. Pensei um pouco, decidindo se deveria entrar ou não, já que o julgamento era aberto ao público. Cheguei mais perto da porta e me deparei com a sala lotada de espectadores, logo olhei para onde o acusado ficava e vi quem era. Mais uma vez entrei em choque.

Entre acusações de assédio, divulgação ilegal de fotos íntimas e tentativa de dopagem, o Atormentador estava lá. Cometeu dois daqueles crimes e foi cúmplice numa tentativa falha realizada por seu grupo de amigos de dopar uma jovem, sabe se lá com quais intenções. Uma lágrima escorreu pelo lado esquerdo de meu rosto, mas minha expressão se manteve seca. Minha frustração mais uma vez se transformava em raiva. Raiva por não ter sido ouvida antes, raiva por não ter tido coragem de acabar com ele com minhas próprias mãos e ter deixado isso acontecer, como se a culpa caísse sobre mim. Como sempre, a vítima sentindo-se culpada. Nem desse termo eu gostava. Fazia parecer com que eu fosse fraca e ele forte, como se não houvesse nada que eu pudesse fazer para ver a justiça ser concretizada. Isso estava mudando naquele dia, mas nada que nós que estivemos nas garras desse indivíduo fizéssemos seria o suficiente para causar o mesmo tormento que ele nos causou.

*Jiyong POV*

Pelo menos oito garotas foram vítimas de um simples grupo de três caras. Meu sangue fervia mas eu precisava me manter calmo, pois corria o risco de ser preso ali mesmo se tentasse alguma coisa. Eu simplesmente não conseguia aceitar. Como tantas meninas podiam aguentar caladas depois de sofrerem tanto? Como esses caras poderiam simplesmente fazer esse tipo de coisa e ainda se livrarem de todo o peso que isso tem? As vítimas eram vitimizadas mais de uma vez. Saber que a pessoa que eu mais adoro no mundo também passou por isso adicionava um tempero amargo ao show de horrores. Tudo isso para a pena daquele maldito ser apenas três anos e oito meses. Eu já estava surtando quando vi Yuhari em um dos corredores laterais e me levantei. Ela parecia congelada, com a mente distante e uma expressão fria. Pensei em gritar seu nome mas isso poderia atrapalhar o processo então me sentei novamente e acompanhei ela com o olhar enquanto ela dava passos firmes e rápidos quase como se quisesse fugir, não duvido que estivesse segurando as lágrimas.

*Yuhari POV*

Depois de ouvir o veredito, uma tempestade se formou em minha mente. Estava aliviada mas não satisfeita. Talvez essa realmente fosse a pena mais justa para ele, seus amigos fizeram pior e o trauma era apenas meu, aquilo tudo só tinha uma grande dimensão dentro da minha cabeça. Eu senti como se estivesse à beira da loucura, a culpa e a insegurança começavam a tomar conta de mim. Minha cabeça doía e eu tive a sensação de quase desmaio, enquanto uma voz dentro de mim dizia que isso tudo era mais um dos meus exageros e dramas, tentava me convencer que nada valeu a pena, que outras pessoas passaram por coisas piores e que nada que eu fizesse ia funcionar. Estava tendo um ataque de pânico. Agachei-me, apoiando um dos joelhos no chão enquanto minha visão estava borrada, minha mente começou a clarear, todos os pensamentos se acalmaram e um vazio tomou conta de mim. Deixei meu corpo cair no chão e se encostar na parede enquanto lágrimas caiam incontrolavelmente. Eu parecia uma criança indefesa, me encolhi escondendo meu rosto e chorei um pouco mais alto mas ainda sim um choro sem muito barulho.

Percebi alguém correndo atrás de mim e logo senti uma mão em meu ombro, tocando suavemente. Era a mesma moça que tentou me ajudar quando estava sozinha e encontrei aquele sujeito desgraçado. Ela sorriu quando percebeu que a reconheci.

- Você tá bem? - ela perguntou alisando minhas costas de leve.

- Não exatamente. - respondi abaixando a cabeça.

- É ele, não é? Aquele cara que tava te seguindo quando a gente te achou... - ela perguntou em tom de voz baixo.

Eu apenas a encarei com um olhar cansado, não consegui falar nada. Ela ofereceu um abraço e eu aceitei.

- Olha, eu tô com o pessoal que tá protestando mas se você quiser eu fico aqui com você, eu entendo se não quiser participar.

- Obrigada mas eu preciso ir para casa, não aguento mais ficar aqui. - desabafei.

Ela assentiu.

Antes que eu me virasse para ir embora, ouvi Jiyong me chamando, nós duas olhamos e ela pareceu preocupada. Eu sorri de lado para assegurá-la que estava tudo bem, ela entendeu e voltou ao seu grupo.

Jiyong ficou parado por um momento mas logo veio em minha direção quando a menina saiu de perto.

- Eu vi tudo. - falou desanimado e me encarou.

Eu ainda segurava as lágrimas. Fiquei calada.

- Se eu pudesse eu teria acabado com ele no dia que saímos na porrada. - ele pareceu revoltado.

Após um breve silencio se estabelecer entre nós onde eu encarava ele e ele evitava contato visual comigo ao máximo, decidi falar.

- Eu vi sua mensagem. - falei despretensiosamente

- Que mensagem? - perguntou meio confuso e surpreso.

- Eu te perdoo.

Symphony (G-Dragon)Onde histórias criam vida. Descubra agora