*Jiyong POV*
Era muito a se absorver, fui traído por alguém que percebi não sentir algo de verdade, descobri uma paixão real e inesperada por outra pessoa que provavelmente não me corresponderia já que parecia gostar de outro, além do fato de eu mesmo tê-la afastado. De um jeito ou de outro, acabaria sozinho como sempre. Na realidade, eu vivia rodeado de pessoas, muitas que queriam se aproveitar de mim e outras poucas que estavam lá para me apoiar. Uma delas eu perdi. E apesar de todas elas estarem ali, o sentimento de solidão me seguia para onde eu fosse, o mais perto que cheguei de preencher esse vazio foi quando estávamos apenas eu e Yuhari, eu não entendia pois nunca me passou pela cabeça vê-la de uma forma romântica e agora eu estou aqui sem a única pessoa que realmente me completava porque não tive cuidado com minha atitude num momento de raiva.
Eu ainda queria protege-la, depois de tudo que ela passou por culpa dos outros e por minha culpa, mas não sei se poderia fazer isso e continuar em sua vida, ela não deveria me achar diferente daqueles que a machucaram antes, já que pouco tempo antes eu estava totalmente envolvido com essas mesmas pessoas. Mesmo sabendo que eu havia errado, jamais quis me deixar fazer parte daquele tipo de gente e eu faria de tudo para ser alguém melhor por ela, já que amor próprio eu não tinha mais. Eu toparia tudo para mudar aquela vida que eu julgava ser boa o suficiente mas não passava de uma mentira e conseguir fazer Yuhari feliz, e uma das maneiras para isso acontecer seria conseguir sua confiança de volta e mostra-la que eu estaria lá por ela, entretanto, não sei se passaria de uma amizade. Não sei se ela seria capaz de sentir o mesmo por mim, não tinha nem certeza se algum dia alguém me amaria de verdade.
As ruas estavam vazias enquanto caminhava, eu tinha um longo diálogo comigo mesmo e minhas paranoias tomavam conta de mim, fazendo eu me lembrar de cada pequeno erro que cometi, principalmente com Yuhari. Devia ser uma e pouco da manhã. Decidi beber, pela primeira vez sem a pressão social que costumava haver nas festinhas da turma. Dessa vez meu motivo era um pouco mais miserável, estava querendo me embebedar e talvez assim poderia chorar com mais facilidade, já que nas últimas horas não conseguia derramar uma lágrima, tamanho o vazio que estava sentindo. Sentei num pequeno bar ao ar livre e pedi algo não tão forte mas o suficiente para deixar bêbado. Uma turma de caras barulhentos sentou ao meu lado e eu não pude deixar de notar que eram um bando de babacas irritantes, mas decidi ignorar, eles me lembravam o tipo de gente que eu antes falava e agora estava evitando.
Um tempo razoável se passou e nada da bebida fazer efeito, eu me sentia tão inútil e vão como antes, nenhuma lágrima desceu e me sentia cansado, resolvi pagar a conta e continuar andando sem rumo até o dia amanhecer, precisava tomar um ar. Antes que eu pudesse retomar minha caminhada, vi um dos caras que parecia ter sentado ao meu lado, fumava e falava ao celular, quanto mais me aproximava, percebia que parecia estar falando com alguma mulher de modo sugestivo. Aquele cara não me chamou atenção por acaso, eu conhecia ele de algum lugar sim, cheguei perto o suficiente para ver seu rosto e meu coração se encheu de raiva. Era o mesmo otário que estudou comigo e Yuhari, aquele que a assediou no começo do Ensino Médio, fez daquele ano um inferno para ela e eu não movi um músculo para ajuda-la. Agora sim, o ódio tomou conta de mim.
Dei um soco certeiro em sua bochecha, o que fez com que ele derrubasse o celular na mesma hora, deixando a tela trincada por causa do impacto. Ele logo tentou protestar se virando e gritando um sonoro “Ei!” porém eu fui mais rápido e lhe dei outro soco, fazendo o outro cambalear e cair sentado na calçada. Ele levantou a cabeça e me encarou.
- Cara, qual seu proble... espera, é o mais novo corno da redondeza?! E aí, cadê sua namorada que deita na minha cama e de todos os meus amigos? Haha. Idiota chifrudo. – deu um sorriso sarcástico enquanto tentava se divertir com a minha cara, mas não dei esse gostinho a ele.
Dei um chute em sua perna enquanto tentava se levantar, ele revidou tentando bater em meu estomago.
- Você vai atormentar ela que nem fez com Yuhari? Tá tentando manipular ela? Ela sabe do humano desprezível que você é? Sabe que você vê mulheres como bonecas infláveis? – tentei jogar na sua cara tudo aquilo mas sabia que não adiantava, esse tipo de gente costuma não ter conserto.
- Yu quem? Aquela aberração da nossa turma? Sabe, aquilo foi divertido enquanto durou. – riu de novo.
Aquilo foi o bastante, o ódio tomou conta de mim. Empurrei ele contra o muro com toda força e olhei em seus olhos, meu rosto estava em chamas.
- Nunca mais encoste nela. De preferência em nenhuma outra mulher. – minha voz era selvagem mas num tom baixo o suficiente para ele ouvir.
Tentei me equilibrar andando para trás e continuei o encarando.
- Ou o quê? Você não sabe com o que tá se metendo. Por acaso, você gosta dela? – riu de mim como se eu fosse um palhaço e eu logo revidei.
Segurei pela sua camisa e dei dois murros em seu rosto. Ele finalmente começou a se defender mas logo sua turminha apareceu procurando por ele e eu fui me afastando.
Andava me arrastando sem olhar para trás depois de uma certa distância, o vento frio da madrugada batia no meu rosto mas eu não me sentia incomodado com isso. Todos os músculos de minha face se mantiveram rígidos à medida que tentava segurar o choro até uma tontura dominar meu corpo, me fazendo perder o equilíbrio aos poucos. Minha visão estava turva e meus olhos se moviam rapidamente enquanto eu os piscava na tentativa de me manter são. Algumas lágrimas caíam e tudo parecia girar ao meu redor, eu estava deixando de sentir, nem mesmo a tristeza ou a raiva estavam presentes. Encostei em um muro e me sentei no chão enquanto ainda atordoado e logo tudo escureceu.
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Symphony (G-Dragon)
FanfictionA estória de uma menina e como ela teve que se mudar para se sentir bem-vinda. Entre amores e amizades, sempre testando seu autocontrole e suas fraquezas. Surgem pessoas que ficam por pouco tempo e outras que nunca vão embora. Entre elas, aquele que...