Capítulo 2 - Alone I Break

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Era o início do Ensino Médio, todo o foco iria mudar dali para frente, novos sonhos surgiriam e novos caminhos seriam tomados. Uma fase de crescimento e amadurecimento para todos os jovens. Yuhari com seus 15 anos estava experimentando estas novidades e parecia tudo bem por muito tempo, mesmo depois de achar que algo estava errado, ela não conseguia fazer muita coisa.

Logo no começo do ano, a menina se viu presa a um passado não tão distante, onde amava alguém que conhecia desde muito nova. Junsan era alguns anos mais velho que ela, e isso a fazia vê-lo como alguém quase que inalcançável. Yuhari teve o azar de viajar com ele no ano anterior, já que seus pais eram amigos, fazendo com que sua paixão despertasse mais uma vez e não demorou muito para virar algo mais sério.

Depois de um longo tempo criando coragem para se aproximar dele, percebeu que já havia perdido muito tempo sem investir naquele que chamava tanto sua atenção e decidiu ir em frente com aquilo. Deve ter parecido uma piada aos olhos dos outros.

O modo com que a jovem insistia no rapaz talvez fosse cômico para os outros e inclusive para ele, mas ela já não aguentava mais guardar aquilo então mostrava sempre que podia. Ela realmente o amava e, no final das contas, não importava qual fosse o jeito dela mostrar aquilo ou quantas vezes fizesse, nada iria fazer o rapaz gostar dela.

Ele nunca dava uma resposta clara, ou nem falava nada, enquanto ela só esperava para sempre que pelo menos ele a desse um fora. A verdade é que ela preferia que Junsan fosse um babaca com ela, assim ela desistiria fácil dele, após ver sua real personalidade, mas tudo que ela conseguiu foi silêncio, e isso foi o que mais a machucou.

Simultaneamente às suas tentativas falhas, o ambiente escolar não passava longe de parecer o verdadeiro inferno na Terra. Uma perseguição começou por parte de alguns colegas de sala, em especial um deles, que será chamado aqui de Atormentador, já que na visão da moça, este não merece um nome.

Todo dia a menina que havia mudado pelos amigos e pelo cara que gostava, agora sentia na pele o preço de uma pessoa igual a ela pagaria ao querer fazer parte dos populares.

Nunca foi de sair ou de ter muitos amigos, nunca ligou muito para sua aparência, sempre tinha uma imagem de antipática por falar pouco, característica que já fazia parte de sua personalidade e piorou com sua fobial social. Sempre tratada como uma menina esquisita até mesmo por amigos e família, enquanto criança nunca ligou, mas com o passar do tempo e a aproximação de sua mocidade, sentiu as pessoas ao seu redor cobrá-la para que entrasse no padrão.

Ser humilhada por colegas em público poderia até não ser algo novo, já que havia ocorrido quando menor, o que não passou de um mal entendido. Mas dessa vez, ela vivenciou algo que nunca sairia de sua memória, constantemente era alvo de piadinhas e dedos apontados.

A menina que antes tinha caracóis nos cabelos, agora tinha os fios alisados, uma maneira de tentar ser mais bonita para os outros. Certo dia, seu atormentador puxa seus cabelos levemente e ela cora, ao ponto de achar que sua cabeça iria explodir. Yuhari não fazia ideia do que estava acontecendo, mas viu todos os olhos voltados para ela. Alguns estranhando a vermelhidão em seu rosto e muitos rindo daquela situação humilhante, enquanto o menino se aproximava mais ainda pelas suas costas e falava algumas nojentices de um cínico indecente.

Foi assim que tudo começou, sempre que isso acontecia, a menina ficava imóvel enquanto se divertiam as custas de sua vergonha. Aquele atormentador sempre a assustava e ela não entendia o por que de ser ela a vítima, já que eles não se conheciam ou tinham amizade. Ocorriam degradações verbais e físicas, ele a tocava e agarrava sem que ela deixasse, o que a deixava apavorada e sem saber o que fazer, sentia-se suja e nunca estava com vontade de ir a aula.

Quando um dia tudo passou dos limites, a moça estava sempre se sentindo invadida, não só por aquele que a perseguia mas por aqueles que aproveitavam seu espetáculo de horrores, rindo e não fazendo nada a respeito, ou até incentivando. A menina começou uma tentativa de reação, dava empurrões e cotoveladas, mas nessa ocasião em especial, a única coisa que ela desejou foi sumir.

Estava sentada na última cadeira de sua fila com sua melhor amiga ao lado, que não fazia muita diferença já que esta se encontrava ocupada com seus outros amigos, deixando Yuhari sozinha e vulnerável. Até que o atormentador senta-se atrás dela, foi quando o medo tomou conta do seu ser e ela implorava mentalmente que ele não a perturbasse, o que não aconteceu.

Aquele indivíduo depravado começou a acariciar suas costas e respirar perto de seu ouvido, além de novamente tocar seus cabelos. No meio da sala e no campo de visão de outros estudantes, naquele mesmo momento, o atormentador começou a dar beijos em suas costas enquanto todos faziam sons de malícia e a menina se sentia usada em público, logo vieram as risadas e de novo seu rosto parecia prestes a explodir, tentou buscar ajuda na sua amiga ao lado, mas quando viu sua expressão de sorriso, percebeu que estava completamente sozinha todo esse tempo e não adiantaria falar nada, até porque não tinha ninguém que a ouviria.

Sentindo-se um verdadeiro nada, achando que tudo que mudou em si foi em vão, vendo sua melhor amiga de infância ser só mais uma que não estava nem aí para ela, ver que não conseguiu ter quem amava fez com que ela não soubesse mais quem era ou o que esperar do futuro.

Symphony (G-Dragon)Onde histórias criam vida. Descubra agora