Quando as flores sangram

Rosas

   Cristopher acordou, era mais uma manhã fria e vazia de sentido. Porém, notou algo estranho: haviam pétalas de rosas espalhadas por sua cama.

   Pensou que pudesse ter feito aquilo quando bêbado, então simplesmente foi tomar um banho para relaxar. A água quente ajudava a esquecer o frio daquela cidade americana, além disso,  lhe dava certa inspiração.

   E voltou para o quarto, enquanto gotas de água ainda escorriam por seu corpo, logo se secou com uma toalha e vestiu-se de um jeito formal. Iria para a livraria, rever uma grande amiga sua.

   Quem era essa amiga? Salomé, uma amante de livros que sempre estava pronta para ajuda-lo nas piores ressacas. Era sua loira favorita, com mais ou menos um metro e cinquenta de altura. Suas características mais marcantes eram sua sinceridade e seu humor negro.

   Não demorou muito para chegar até a livraria, pois estava com sua bicicleta. A brisa fria da manhã bagunçava seus cabelos, como se fosse uma de suas amantes.

   E prendeu a bicicleta num poste, assim não a perderia de vista. Todo animado adentrou a livraria, avistou sua querida amiga.

   -Ei loirinha... Faz tempo que não venho aqui, certo?
Ele disse, com seu sorriso bobo.

   E Salomé simplesmente largou o livro que estava lendo, foi até ele e deram um demorado abraço. Após isso, ela disse:
   -Nossa! O que aconteceu para você sumir assim? Pensei que tinha morrido!

   -Ah, sabe como é... Estava chorando por Titânia.

   -Ih, me desculpe! Não sei como é! Mas cara, você ama ela desde que tinha seus quatorze anos... Não acha que está na hora de parar?

   -Não, Titânia é como uma droga... Ela me viciou logo no primeiro olhar.

   -Hm... Cris, você só prendeu o seu relógio no cabelo dela e ela simplesmente se irritou contigo. Como foi que se apaixonou?

   -Sah, não julgue esse sofrido coração. Me apaixonei por tudo nela, desde os cabelos negros até os olhos tão peculiares...

   Salomé simplesmente não acreditou que ele estivesse tendo uma recaída após tantos anos, ela era uma garota relativamente fria e não entendia como Cristopher podia amar tanto alguém que o desprezava.

   -Cris, por acaso já leu todos os seus livros? - Ela perguntou. - Porque eu estava pensando em te indicar mais alguns.

   Então ela notou que Cristopher já estava com vários livros de filosofia em seus braços, como uma criança em uma loja de brinquedos. Ele riu e disse:
   -Bem, acho que suas recomendações ficam para a próxima semana!

   -Ai, ai... Só você mesmo!

   -Sabe baixinha, eu estava pensando... Por que não saímos hoje para ver o mundo?

   -Hm... Certo, vamos, alguém precisa cuidar de você.

   -Ah, você sabe o quanto eu amo ser seu amigo! Nós nos vemos hoje às oito, certo?

   -Certo, tente ficar sóbrio!

   E se despediram com um caloroso abraço, eram como irmãos desde os tempos de escola. Cristopher pegou sua bicicleta novamente, sentindo certa nostalgia.

   Logo voltou para seu apartamento, estava prestes a ler mais livros, porém viu pétalas de rosas azuis espalhadas pelo chão. Como aquilo era possível? E por que aquilo estava acontecendo?

   Se perguntou diversas vezes sobre as possibilidades de ser apenas um sonho, afinal, era algo surreal. Ou talvez alguém tivesse invadido seu apartamento.