Quando as flores sangram

Aceitação

   Uma semana se passou desde o ocorrido com a carta, Kali havia se tornado a amante mais fiel de Cristopher. Conversavam e transavam na mesma intensidade, era algo recíproco e único.

   E mesmo assim, aquele sujeito seguia infeliz, seria o amor por Titânia algo que jamais iria superar? E sempre que pensava nisso, ligava para Kali e pedia um pouquinho de carinho ou simplesmente um belo boquete.

   Como aquilo ajudaria? Aquilo simplesmente fazia com que ele pensasse em outra que não fosse a fada que desgraçou sua vida.

   Além disso, era algo mágico e surpreendente a forma como tinha aquela deusa em suas mãos. E mesmo assim não acreditava nisso, acreditava que ela fazia tudo para alimentar o próprio prazer, já que era uma mulher independente.

   Tudo parecia estar muito bem, finalmente havia chegado a fase de aceitação. Em breve iria pedir sua nova paixão em namoro, pensava até mesmo em se casar com ela e morar no campo.

   Então planejou encontrar Kali em um restaurante caro e lá faria o pedido, estava na hora de arrumar uma namorada fixa. Estava ansioso, vestido em suas melhores roupas e carregando consigo um anel meramente simbólico (ganhava pouco para pagar um anel de diamantes verdadeiros).

   As horas passaram rapidamente, em pouco tempo estava no restaurante que parecia de fato muito refinado e deveria ser o melhor da cidade. Logo, avistou aquela beldade que o amava e apoiava tanto.

   Kali usava um belo vestido vermelho, com um decote sedutor e uma saia relativamente curta. As meias arrastão até os joelhos lhe davam um ar ainda mais sensual, adorno digno de um corpo tão único.

   -Meu querido girassol! Como está?
Ela disse, dando à ele um forte abraço e indiretamente o expondo aos seu decote.

   "Girassol", era assim que chamava seu amado, pois ele era único e cativante. Além disso e do carinhoso sorriso com um diastema, tinha um enorme carisma quando dava flores amarelas e laranjas para ela.

   Ele riu e carinhosamente respondeu:
   -Minha deusa, o que gostaria de pedir hoje?

   -Primeiramente um beijo demorado com um selinho em seguida, depois um jantar leve e incrivelmente bom... Ah é, depois desse jantar sabes muito bem o que vou pedir!

   -Uau! Acha que posso lhe dar tudo isso? Sou apenas um mortal... Eu não sou lá um deus potente e forte para suportar todo o calor que emana de seu peito.

   -Cris, na minha total sinceridade, eu só quero você e mais ninguém!

   -Já sou todo seu... Pode me pedir o que quiser, me transformar em tudo que você quiser.

   Ele a segurou pela cintura, a olhou nos olhos como de costume e se beijaram intensamente. De fato pareciam um casal extremamente apaixonado, como se estivessem juntos há anos.

   Cristopher tentava sempre ter o máximo de carinho com ela, além disso, ela tinha um amor crescente por ele. Um homem peculiar e uma mulher peculiar, juntos numa chama ardente de um amor que brotou devido ao sofrimento que tinham em comum: a dor de não ter tido um amor em que pudessem depositar seus sentimentos profundos.

   Mas e agora? Agora tinham um ao outro, juntos em um abraço que consolava seus corações destinados e sem rumo. Uma belíssima união, mas, até quando?