07.05.2010

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Sábado, 7 de Maio de 2010.

Se tivesse poderes como os heróis dos quadrinhos que tanto lia quando era mais novo, Donghyuck usaria um deles para fugir, pois, enquanto encarava a porta de madeira detalhada que se abriria para o salão de festas decorado e repleto das pessoas mais importantes de sua vida, ele se perguntava se era isso mesmo que queria.

Casar não era um sonho seu, mas passou a acreditar que queria uma eternidade junto a Mark quando se mudaram. Já viviam juntos, se amavam e passaram por tanto para chegar até aquele momento, que parecia o certo a fazer, mas não conseguia evitar a dúvida que se instalava em sua cabeça, provavelmente gerada pelo nervosismo de estar tão perto daquele momento.

O momento em que caminharia até o altar de mãos dadas ao seu futuro marido. Parecia absurdo de imaginar, mas ele estava ali e aconteceria em alguns minutos. Fechou os olhos ao lembrar disso e respirou fundo, tentando se acalmar, porém só ficando mais tenso.

Pensou em seus pais, no quanto foi difícil para que aceitassem sua mudança para o Canadá e deixar os dois para trás. Pensou em Jaemin e em como era difícil ainda viver na Coréia junto a Jeno, onde não poderiam nem se assumir publicamente sem perder o emprego, quem dirá se casar oficialmente como estava fazendo. Donghyuck era mesmo digno de toda aquela felicidade?

Pensou nos pais de Mark, no quanto eles eram carinhosos e em como eles o aceitaram na família de braços abertos, mesmo antes que de se conhecerem pessoalmente. Pensou em Mark, ele não o perdoaria se desistisse, certo? O amor dos dois não resistiria, poderia viver com a decepção do loiro tão evidente? E se mesmo casando, Mark deixasse de o amar?

Todo o ar de seu peito sumiu de repente, arfando forte em busca dele, passou a andar de um lado ao outro se afogando em seus medos e no nervosismo que nada parecia afastar. Parou em frente a porta novamente, criando coragem para entrar lá e chamar ajuda, para cancelar tudo aquilo.

No entanto, braços fortes o circularam o puxando para trás contra um corpo maior que o seu, lhe dando exatamente o que precisava, alguém em quem se apoiar. Um perfume forte, o favorito de Mark, lhe abraçando junto, assim trazendo ar de volta aos seus pulmões e ancorando seus sentimentos da forma mais eficaz.

— Respira comigo... — Falou ele, atrás de sua orelha, não percebeu logo de cara, mas Mark movimentava os corpos em um leve para lá e para cá, respirando fundo contra as costas do ruivo, o instigando a fazer o mesmo. — Assim...

— Minhyung... Eu... Eu não sei — tentou articular um pedido de desculpa, mas não conseguia. Não sabia como ainda não estava chorando, mas talvez não resistisse por muito tempo.

— Calma, amor, eu estou aqui... Vai ficar tudo bem... — A voz suave do outro só lhe tornava mais culpado, queria tanto casar com ele, mas não sabia se conseguiria.

— Me desculpa, me desculpa... Eu não posso... — Murmurou se virando no abraço e deitando a cabeça no ombro do outro, escondeu o rosto na curva do pescoço longo do mais velho assim abraçando o corpo esguio com força.

— Eu sei que pode, xiiii, está tudo bem, Hyuck, vai ficar tudo bem! — A voz continuava suave, mas o timbre denotava emoções distintas, prevalecendo a confiança e o cuidado. Donghyuck estava envolto pelo maior se sentindo protegido. — Nada vai mudar, seremos só eu e você como sempre, mas agora eu vou te chamar de meu marido e você vai poder me chamar do mesmo, nada vai mudar... Eu vou te amar com a mesma força e paixão do primeiro dia em que te vi naquele banco em Seul. Nada vai mudar, seremos felizes como merecemos.

As palavras do outro entraram em sua cabeça, calando por alguns instantes todos os ruídos de medo e por ser exatamente o que precisava ouvir, decidiu confiar e se segurar nelas com todas as forças para recriar coragem. Não sabia como Mark descobriu o que lhe atormentava, quando nem mesmo Donghyuck conseguia identificar, mas agradecia por o ter em sua vida.

Ficaram alguns minutos ali até que ouviu os passos de alguém se aproximar e se encolheu mais contra o loiro, longe dos olhos de quem quer que fosse, mas Mark dispensou com poucas palavras. Aparentemente os convidados estavam estranhando o atraso dos noivos, Donghyuck riu com o pensamento, pois não seria um casamento sem tradições.

A ideia de casar com o homem em seus braços não parecia mais tão sufocante assim e Mark estaria ali para lhe trazer novo ar, caso contrário. Afastou do maior e o olhou nos olhos pela primeira vez no dia, sorrindo para aliviar a preocupação que encontrou ali. Ele encostou a testa na sua, rindo levemente e pressionando os lábios nos seus.

Donghyuck se afastou, respirando fundo e estendendo a mão para o loiro, virou novamente para a grande porta de madeira. Ainda tinha medo, ainda não sabia se conseguia, mas das verdades que tinha certeza em sua vida, Mark estava em todas elas, então que aquela se tornasse mais uma.

Mark apertou firme sua mão, acenando para a pessoa parada no fim do corredor e afirmando com a cabeça. Observaram ela se afastar e ir avisar que estavam prontos, assim se olharam uma última vez, antes da música que escolheram para a entrada começar a tocar e as portas se abrirem para o futuro que teriam juntos. 

If, Perhaps | [Markchan]Where stories live. Discover now