Segunda, 13 de fevereiro de 2006.
Donghyuck não costumava perder a carona com seu irmão, porém o novo volume do seu manhwa favorito estava consumindo toda sua atenção. Não pôde passar a noite o lendo, tinha responsabilidades a cumprir pela manhã, mas sua primeira ação ao acordar foi continuar de onde parou e, quando se deu conta, Jaemin já havia saído de casa e com ele o segundo carro da família.
O ruivo de vinte e dois anos não era acostumado a pegar ônibus, mas não achava uma experiencia tão devastadora assim. Era até melhor, do seu ponto de vista, pois poderia ler mais algumas páginas do quadrinho antes de chegar ao trabalho e não precisaria ouvir seu irmão mais novo reclamar o caminho todo sobre isso.
A parada estava vazia, isso só contribuía para a concentração do garoto na leitura, porém mantinha em mente que precisava ficar atento aos veículos que paravam. Os passos esporádicos de alguns pedestres que caminhavam na calçada a sua frente eram relaxantes diante do nervosismo que a história lhe causava por estar perto do desfecho.
No entanto, sua bolha foi partida pela voz alta de um garoto loiro que falava ao celular com uma expressão frustrada e, para sua maior surpresa, ele reclamava em inglês. Donghyuck não era de ficar ouvindo a conversa dos outros, mas não estava acostumado a ouvir aquela língua em um lugar como aquele.
Jaemin insistiu com seus pais para estudar japonês a fim de apoiar seus Ídolos que estreavam no país estrangeiro, por isso seus genitores o obrigaram a escolher uma língua para aprender também. Donghyuck pensou em seguir o irmão, pois assim poderia assistir animes sem legenda, mas inglês lhe parecia mais universal e fácil.
Estava grato de ter feito essa escolha, pois quando o garoto sentou ao seu lado e continuou a reclamar sobre um livro que, segundo ele, não encontrava em lugar algum, Donghyuck descobriu que poderia ajudar o estrangeiro. Então, esperou que o loiro encerrasse a ligação para tentar.
— Uh, desculpa, mas... Hm. Eu ouvi sua conversa e acho que posso ajudar — começou, sem confiança, não usava seus conhecimentos desde o fim do curso, anos atrás.
— Uh, oh! Sério? Ah, eu sou coreano... Tudo bem usar coreano, quer dizer... Não sou coreano... Eu... — respondeu o loiro, com uma expressão surpresa e depois confusa, que movimentava seu rosto inteiro. Ele era atraente, mesmo agindo daquela forma engraçada. Donghyuck não poderia deixar de notar. — Eu sei coreano. Hm, meu nome é Mark.
— Donghyuck — apertou a mão que lhe foi estendida, sorrindo levemente ao outro. Fechando seu manhwa com a outra, puxou de dentro de um dos bolsos de sua mochila um cartão. — Aqui, essa loja fica no centro, eles têm o livro que você precisa.
— De verdade? — O outro exclamou com entusiasmo, aceitando o cartão com as duas mãos e o segurando forte contra o peito. — Muito, muito obrigado! Você salvou minha vida.
Com os olhos escuros arregalados e o sorriso de boca aberta que fazia suas bochechas subirem, parecia uma criança, mas Donghyuck tinha quase certeza que ele era mais velho. Retribuiu o sorriso com um leve gargalhar, desviando o olhar do outro, constrangido. Ele era tão bonito que o distraía, porém com o movimento, viu seu ônibus se aproximar ao longe.
Levantou com pressa guardando a revista dentro da mochila em um só movimento e olhou para o loiro mais vez, sorrindo como um pedido de desculpa, que ele pareceu entender quando se aproximou e lhe estendeu a mão novamente. Donghyuck a apertou uma última vez, a segurando até o momento que subiu no veículo, querendo prolongar o contato ao máximo.
Caminhando entre as janelas, acenou para o garoto sorridente, se sentindo estranho ao deixar o outro para trás. Ainda sorrindo quando o perdeu de vista, balançou a cabeça e sentou em um dos bancos de trás, pegando seu quadrinho e voltando a se fechar em seu mundo.
Mark era só alguém que precisava de ajuda, Donghyuck fez sua parte e estava feliz por isso. Porém o formigamento em sua mão, o distraia da leitura e o fazia pensar diferente. Sem conseguir evitar, passou a imaginar cenários românticos junto ao outro rapaz durante o caminho, não tinha certeza se o veria novamente, mas esperava que sim.
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If, Perhaps | [Markchan]
Romantizm[Markhyuck | +18 | 9/9] Donghyuck estava enganado uma vez que a vida que viveu junto ao garoto da parada de ônibus estava, sim, sujeita ao bater das asas de uma borboleta, pois ela não existia em toda realidade.