Dia 7

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A prova.

Foi isso que meu cérebro registrou quando acordei naquela linda manhã de  sábado, com passarinhos piando na minha janela no maior estilo Branca  de Neve.

  Exceto que faltou eu estar no bosque, não ter um Bambi adorável para me lamber ao acordar e não ter prova para fazer. Branca de Neve, sua sortuda.

Joguei-me para fora da minha cama e fui me arrastando pelos corredores  para chegar até a cozinha. Meus pais não estavam lá, talvez estivessem  no clube. Bem a cara deles, me abandonar aqui, a mercê da minha própria  sorte. Sozinha, abandonada, com fome...

Decidi parar de ser uma Drama Queen mental e depois de comer meu café da  manhã, troquei de roupa e me enfiei debaixo dos livros. No sentido  literal do termo, sabe como é, vários livros espalhados pela minha  escrivaninha e essas coisas.

Estava achando meu celular quietinho demais, porém assim que tive tal  pensamento, ele vibrou. E não com uma, mas duas mensagens, de duas  pessoas diferentes.
  Respirei fundo, contei até dez e rezei para estar tomando a decisão certa.

conversa no WhatsApp
  • Matheus
Ju?
Dá para devolver minha coca hoje à noite?

Oi! Não vai dar, tenho prova segunda
Quem sabe outro dia? Bj

Vizinho
Posso ir aí?

A porta tá aberta

- Isso definitivamente não é seguro. – Falou Victor, assim que apertei o enter.

  - Cara, você tem a senha do meu Wi- Fi?

Ele deu de ombros.

- Somos muito íntimos, vizinha.

  Ri.

- Conta outra.

- Vai sair com seu namoradinho hoje?

  Arqueei minha sobrancelha esquerda, desconfiada.

- Nop. Tenho que estudar. E ele não é meu namorado.

- Hoje é sábado. – Contestou. – Vocês vivem juntos, ele é seu namorado.

- E daí? Ainda assim tenho que estudar. – Respirei fundo, sorrindo. – Ele não mesmo meu namorado.

  Ele suspirou.

- Por que me deixou entrar, então, se você tem que estudar?

- Eu não sei. Meu sexto sentido me diz que você pode ser útil.  Surpreenda- me, vizinho. – Comentei, apontando para uma segunda cadeira  na minha escrivaninha.

  - Você nem faz ideia... – Sussurrou com um sorriso sacana.

Para minha eterna surpresa, apesar de Victor fazer um curso bem simples  na faculdade, ele estava longe de ser de humanas. Pelo contrário,  dominava as ciências exatas de uma maneira maravilhosa.

Explicou tudo que eu não havia entendido e tinha uma paciência infinita  quando eu repetia errado algo que ele tinha acabado de me ensinar. Ele  só ria e me explicava de novo.

- Você não fica bravo quando respondo errado?

Ele sorriu.

- A vida é muito curta para perder tempo com isso. – Falou ele, colocando a resposta do exercício no espaço em branco da página.

  Foi um sábado de estudos que realmente rendeu muita coisa. E ainda descobri que Victor era bom em matemática, quem diria?

Depois do estudo, minha mãe fez um bolo de chocolate para nós e aí fomos  para o nosso programa preferido que era se esparramar na sala e  assistir um filme qualquer. Minha mãe possuiu o notebook e eu estava com  preguiça de conectar a Netflix na TV, portanto, assistimos  a um filme  que estava passando na TNT. Muito chato por sinal. No meio do filme  comecei a tirar foto dele e postar no Snap, coisa que o fez ficar  bravinho e me fazer cócegas como castigo. Tirei uma foto nossa pela  câmera frontal. Eu estava horrível, mas ela tinha ficado tão fofa, tão  espontânea. Ele estava com uma almofada em cima da cabeça, prestes a  jogar em mim e eu estava olhando para a câmera com uma expressão de  socorro.

- Vou revelar essa. – Falei, mostrando para ele a foto em questão.

Ele riu.

- Desde que não seja para mandar para mim, está tudo bem.

- Ah, por que não? Ficaria tão fofa na sua escrivaninha! – Comentei, salvando a foto na galeria.

  - Querida, eu não quero ter um ataque cardíaco toda vez que acordar ao ver essa sua cara feia.

Joguei uma almofada na cara dele.

- Babaca.

Assim foi meu sábado.

E em meu coração, eu sentia que queria que todos os meus sábados fossem exatamente iguais aquele.

Burn with you - Neagle FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora