Dia 11

206 20 11
                                    

- Eu vou lá mais tarde. – Disse Matheus, me dando um selinho.

Ali. Na escola. Na frente de todo mundo. Não podia dizer que tinha ficado constrangida, só fui pega de surpresa.

- Certo, pode ir. Vou deixar seu nome com o porteiro.

Ele sorriu, acenando e nesse exato momento meu pai chegou. Merda.

- Hey... Pai! Esse é o Matheus. – O coitado do menino estava indo de  branco a roxo, e eu estava quase tendo um ataque de risos. Meu pai é de  boas com esse negócio de garotos, mas veja bem, eu nunca havia tido um  namorado, então digamos que isso é novo para ele.

Senhor Bernardo abaixou o vidro do carro e sorriu, e em sua defesa, devo dizer que estava tentando ser gentil.

- Oi, Matheus.

- Hm... É isso ai. – Falei, dando um beijo de tchau no rosto do Matheus e entrando no carro.

  - Mas, querida... E o Victor?

- O que tem o Victor? – Perguntei, ocupada demais arrancando meus tênis. Ótima hora para se ter uma unha do pé encravada, ótima hora.

  - Vocês vivem grudados... – Opa. Parei de tirar o tênis no meio do caminho e olhei para ele.

- Certo, pai, Victor é só, apenas e nada mais, que um bom amigo.

Meu pai riu.

- São amigos, então. Certo.

Quando cheguei ao apartamento, vi minha mãe toda praiana com um protetor solar na mão.

  - Olá, dear. – Cumprimentou, com um beijo na testa.

- Aonde vai?

- Ah, só para piscina. Meu Deus, nem esse negócio está resolvendo. –  Reclamou, apontando para o ar condicionado na sala. Dei risada.

- O ar condicionado está bom pra mim. – Comentei, me jogando no sofá.

Minha mãe deu uma risadinha, pegando a bolsa que estava do meu lado antes de sair porta afora.

- Duvido que você continue aqui daqui a duas horas.

E, droga, ela estava certa. Duas horas depois, eu ainda estava suando e  mesmo com o ar condicionado na temperatura mínima (dezessete graus), o  calor não tinha me deixado. Bufando, coloquei meu biquíni, um short e  uma blusinha larga por cima. Calcei os chinelos e gritei para o meu pai  que estava descendo.

Passei pelo portão do clube e vi Victor jogando vôlei na quadra aberta. Fiquei parada, que nem uma retardada na frente do arame da quadra, até que Victor me notou.

- Ju? Vem jogar! – Convidou. Eu neguei, mas ele abandonou seu posto e me arrastou para debaixo do sol quente.

Ao contrário do que pensei, foi bem divertido. Ninguém ali sabia jogar, o que facilitou minha vida e, hm, ver  Victor sem camisa de novo, tinha valido bem a pena também. A bola rolava  para fora do campo o tempo todo, e em um determinado momento, um dos  jogadores que estavam do outro lado da rede chegou a sugerir que  abandonássemos a regra que dizia que quando a bola saísse da quadra o  ponto não valia. Os outros concordaram com ele, é claro, mas mesmo assim  meu time e de Victor acabou ganhando com uma boa margem de pontos.

Victor e eu estávamos suados e com calor, quando o jogo acabou, arrastei ele até uma casinha onde ficava o bebedouro.

  - Tá com calor? – Perguntei, depois de beber água.

- Muito.

- Já conhece a piscina, senhor Victor?

Ele riu.

Burn with you - Neagle FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora