Capítulo 7

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LUCIEN

Londres

Três semanas depois...

Depois que minha esposa praticamente saiu correndo do enterro do pai quando acabou. Eu voltei para minha residência com minha mãe falando o caminho todo, se a ida tinha sido rápida a volta estava demorando mais que o normal, parecia um sermão na missa de domingo.

Não sabia o que fazer, eu esperava encontrar uma menina tímida e amedrontada, mas foi totalmente ao contrário. Encontrei uma mulher, mais bonita e elegante que já tinha visto em minha vida.

Primeiro pensei em dar espaço para ela, fazia anos que não via a família e esperaria pacientemente que me procurasse e alguns dias seria mais que suficiente, mas se passaram três semanas e minha mulher não havia mandado nem sequer um bilhete para explicar o que ainda fazia em Londres e se iria ficar. Já não estava me agradando tanto essa espera e para piorar minha mãe invadia meu quarto todos os dias perguntando quando iria ter a nora em casa e isso me impossibilitava de esquecer a situação.

Decidir na manhã de terça-feira, três semanas depois da chegada de minha esposa a Londres, eu parei a carruagem em frente a mansão da família Taylor.

Um mordomo com cara de poucos amigos me atendeu, parece que todas as pessoas dessa família me odeiam. Mas nada me impediria de falar com a Duquesa Spencer, na verdade, ninguém tinha o direito de nada ali.

O mordomo voltou e pediu que eu aguardasse no salão de visitas da família. Quase cai na risada ao entrar na sala decorada entre tons de rosa e marfim, era tudo pequeno. Decidir sentar-me em um sofá de dois lugares que mais parecia ter sido feito para uma pessoa só. Tinha quase certeza de que minha adorada esposa havia feito aquilo de propósito. Estava deixando claro que não me queria ali, mas se acha que aceitarei isto tão fácil, estava muito enganada.

Escutei passos vindo do corredor e a porta foi aberta por uma figura graciosa e muito feminina. Já estava um pouco irritado por esperar tanto para se ter uma conversa com a minha própria esposa.

— Vossa graça. — Minha bela esposa fez um cumprimento impecável.

— Boa tarde, senhora. — Me limitei a olhar-lhe de cima a baixo, apesar de estar com um vestido em tom azul escura, acredito que pelo luto da morte de seu pai, seu cabelo estava solto de um jeito desarrumado, a cintura fina que não demonstrava estar usando nenhum corpete e o decote favorecia e muito os seios fartos, seu corpo de perto não era magro, mas também não muito cheio, pelo contrário, as curvas estavam bem distribuídas e a deixavam mais sensual e o olhar de menina fazia homens terem imaginação até demais. Aquilo não me agradou usar um vestido desses chamaria atenção demais, principalmente a de homens assim como eu, e só de pensar... tratei de tirar aqueles pensamentos da cabeça logo e confessar que tudo a deixava ainda mais adorável.

— Então, a que devo a sua visita? O que o senhor gostaria de tratar comigo? — perguntou de uma maneira indiferente e sentou-se em uma cadeira em frente a que eu estava. Muito bem iria fazer o jogo dela. Confesso que estava morrendo de curiosidade para saber até onde aquela petulância toda iria dar.

— Sinceramente. Acho que você sabe o que me trouxe até aqui. — disse firme.

— Excelência, sinto muito. Mas não faço a mínima ideia do que lhe traz aqui. — falou desinteressada.

Eu havia escutado direito? Descarada! Acabou de se fazer de desentendida bem na minha frente, estava quase se levantando do assento e partindo em sua direção. Mas o mordomo apareceu justo naquele momento e trazia em suas mãos uma bandeja com chá em alguns quitutes. Aproveitei isso para me acalmar, afinal dois podiam jogar esse jogo.

— Pode deixar na mesa, eu mesma vou servir. — Minha esposa alcançou uma das xícaras e olhou para mim. — Aceita uma xícara de chá meu Lorde?

— Não quero chá nenhum. — falei demonstrando minha irritação. Em troca recebi uma arqueada de sobrancelha dela. — Quero que você me leve a sério. Vou explicar meu ponto de vista então.

— Prossiga. — Fez um gesto com a mão esquerda e levou a xícara aos lábios com a outra. Me olhando por cima do objeto. Foi o movimento mais sensual que uma mulher fez em minha frente com uma xícara e quase tirou minha concentração da conversa. QUASE!

— O que a senhora ainda faz em Londres? E por que ainda está na casa do seu irmão?

— Ah! Isso... — ela fez uma expressão de surpresa.

Eu queria esganar essa mulher, como ela ousa ficar de joguinhos comigo.

— Sim, isso... — falei sem terminar minha frase. Incentivando-a a falar e em nenhum momento ela se alterou.

— Pensei que não quisesse nenhum tipo de contato comigo. — falou com muita tranquilidade. — Afinal foi o senhor mesmo que me disse isso.

— Se, se lembra tão bem do que falei, deveria lembrar querer cada um de nós em um canto diferente desse país! — afirmei, minha voz mais alta que o normal.

— Claro que lembro, senhor. Mas o que me traz aqui e me faz ficar são assuntos pessoais. — disse com muita naturalidade. — Se eu fosse você, não me incomodaria tanto, com algo tão simples.

— Deixe que eu descida com o que me preocupar. — Respondi entre dentes, meu mau gênio já dando sinais. — E por quanto tempo pretende ficar?

— O suficiente, vossa graça. — Ela desconversara, mas não iria deixar ela se livrar dessa conversa.

— Quanto tempo? — insistir na pergunta.

— Até que minha irmã Emily, debute no próximo ano. — disse tomando mais um gole de seu chá. — Algum problema com isso milorde? — ela me olhou com atrevimento.

— Como? — aquilo me pegou desprevenido, era para ela ficar no máximo uma semana. Não uma temporada inteira.

— Isso mesmo meu marido, estou encarregada dos últimos detalhes da apresentação de Emily a sociedade. — Me olhou com coragem e determinação dessa vez. — Por isso vou ficar em Londres por mais ou menos um ano. Se incomoda? — constatei depois de uns segundos lhe observando, que ela não estava tão interessada na minha resposta, algo me dizia que independente disso, não faria diferença alguma. Mas não podia deixar ela vencer este jogo.

— Não me incomodo. — Ela suspirou aliviada. — Mas você vai ter que ficar em White Hill. — Decretei. Por dentro eu sorria quando ela me olhou surpresa.

— Desculpe? Acho que não escutei direito? — ela disse um pouco alterada.

— Vou repetir então, você só fica em Londres, se for para ficar morando em White Hill. — Viu? Se tivesse me procurado antes eu teria sido mais bondoso, pensei.

— Mas senhor, eu estando aqui será mais prático. — Ela não tinha escapatória, já começava a sentir o gosto da vitória.

— Para você. Para mim é mais prático que esteja em minha casa. — Ou mamãe vai me deixar louco com tanta cobrança.

— Senhor, devo recusar. Acho que não parece sensato.

— Você acha que alguém vai aceitar se casar com sua irmã, se você estiver aqui? — toquei no assunto de seu interesse, agora queria ver até onde iriam seus argumentos contra isso. Ela me encarou incrédula. Talvez não esperasse minha abordagem.

— Eu... preciso pensar. Falar com os meus irmãos primeiro. — Olhei bem, no fundo, de seus olhos, me inclinei um pouco, me aproximando mais dela. Sentir o seu perfume invadir as minhas narinas me proporcionando o mais belo deleite de sua imagem.

— É tão ingênua assim? Acha que as pessoas vão aceitar, sem meu apoio? — perguntei — Se está tão decidida assim em arrumar um bom casamento para sua irmã. Saberá qual a coisa certa a se fazer. Espero você amanhã em White Hill. — Me levantei do sofá e fiz uma breve despedida.

Saí da sala e deixei a Duquesa sentada, pelo jeito pensando em minhas palavras.

Quando voltei para casa pedi a mamãe que organizasse o quarto da Duquesa, e ela estava exultante e mais que satisfeita em fazer suas tarefas. Eu tinha um pressentimento bom que teria uma resposta muito favorável.

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