Capítulo 9

3.9K 362 8
                                    

LUCIEN

Eu estava sentado ocupando uma mesa distante das demais no salão. Fiquei observando a movimentação de pessoas ali dentro. Alguns conhecidos meus me cumprimentavam, mas logo iam embora. Porém, não me importava, eu não estava muito aberto a conversas naquele momento.


Mesmo estando longe das conversas com outros Lordes, eu conseguia ter uma visão privilegiada do recinto, por isso não demorei a perceber que, Antony Taylor, ou melhor, agora Marquês de Stanford, entrou parecendo um touro em uma arena. Observei que ele procurava alguém ali e foi quando nossos olhares se encontraram e ele caminhou em minha direção. Bem, parece que eu era seu alvo, o homem avançou em minha direção e eu não tive tempo de reagir.

O primeiro soco foi certeiro e com certeza meu olho esquerdo já estava roxo. Após ser atacado de surpresa pelo meu próprio cunhado, minha reação foi rápida o suficiente para desviar do segundo golpe, porém só tive tempo de me levantar e afastar alguns passos.

— O que pensa que está fazendo? — falei, passando minha mão no local onde ele tinha me acertado.

— Eu quero saber o que você quer? — avançou alguns passos em minha direção.

— Do que você está falando? — eu me coloquei em guarda, se iriamos brigar então que seja de forma justa. Ele tentou me acertar outro soco, mas fui mais rápido e conseguir desviar e acertar seu olho direito. Mas meu oponente era bom, pois recebeu meu golpe sem reclamar e me acertou um, na boca do estômago.

— Vou acabar com você. Não quero minha irmã perto de você! Maldito. — Já estava me recuperando e me jogando para cima de Lorde Taylor, mas uma mão me segurou e outro homem segurou o Marquês. Assim nos impedindo de continuar nossa troca de socos.

— Antony, não faça isso! Ali não iria gostar do que você está fazendo. — disse o desconhecido que continha meu cunhado. Estranhei a familiaridade e a intimidade de como chamou minha esposa e olhei bem para ele.

A frase teve um efeito inesperado no Marquês, porque o homem me olhou com muita raiva em seu semblante, e se deixou ser arrastado pelo seu amigo desconhecido, colocando um fim em nossa briga pública.

Não deixei passar despercebido que o seu acompanhante, chamou minha esposa pelo nome de batismo, ou melhor, por um apelido carinhoso e íntimo. Isso queria dizer que eles eram íntimos, talvez amantes. A ideia não me agradou nem um pouco e um sentimento de posso cresceu dentro mim. Sai do local sob o olhar atento de todos a minha volta. Eu sabia que amanhã todos estariam comentando o que aconteceu no clube, era só questão de tempo.



Estava na câmara dos Lordes, as coisas andavam muito agitadas por lá. Para piorar todos me olhavam e eu tinha consciência que minha aparência não estava lá a das melhores.


Hoje eu queria voltar para casa mais rápido possível, estava curioso para saber se minha esposa havia feito o que mandei. Não tinha compreendido ainda por que eu tinha pressionado ela para ir para White Hill, simplesmente me vi falando querer ela na residência, talvez fosse só para ficar de olho nela. Sim, eu tinha quase certeza de que era isso, não sei por que demorei tanto para perceber!



A carruagem foi parando aos poucos, e não esperei muito para sair e meus olhos seguiram instantaneamente para a fachada da casa, buscando a janela do quarto da Duquesa, e eu a vi. Estava parada em frente a janela e segurava a cortina entre os dedos, olhava em direção ao jardim, quando de repente nossos olhos se encontraram e ficamos nos estudando a distância, e em troca recebi um leve aceno de cabeça.


Olhando-a daqui de baixo ela estava muito bonita, acho que falava com alguém, pois virou-se movimentando os lábios e soltou o pano da cortina. Uma pena eu gostei de olhar para ela.

Entrei na mansão, falei com alguns criados e exigi um banho. Estava tudo sujo da viagem e queria me limpar antes do café da manhã.

Por algum motivo desconhecido por mim, eu andei muito vagarosamente em frente ao quarto de minha esposa, e se até então eu tinha passado o dia todo em agonia para voltar para casa, agora estava desapontado de ter que passar por seu quarto tão rápido.

Entrei em meu quarto que ficava ao lado do seu, e pedi aos empregados que preparassem meu banho. Estava sentado em uma poltrona que ficava bem próximo da porta de comunicação entre o meu quarto e o da Duquesa. Comecei a escutar alguns passos e uma grande movimentação e subitamente fiquei em alerta ao escutar o som abafado de roupas sendo removidas e um suspiro de alívio foi mais que suficiente, para o meu cérebro entender que eu não era o único que estava tomando banho.

Por impulso abrir um pouco a porta que nos separava, e vi estar sozinha tomando seu banho, a criada não estava. Vê-la nessa situação fez com que meu corpo ficasse rígido, maldita fosse. O quarto ficou mais quente que o normal. Eu estava a um longo período sem companhia feminina, nem lembrava quando tinha sido a última vez e me senti sedento por isso.

Após passar tanto tempo em bordéis e não consegui me interessar por nenhuma mulher, fiquei tão frustrado com isso! Até uma pedra era mais atraente que um olhar de um rabo de saia. Eu me sentia culpado pela decepção de não ter casado com a mulher que eu havia escolhido que aceitei que teria mais prazer bebendo, do que fornicando. O único problema é que acabei ficando com fama de libertino, era até cômico, se eu parasse para pensar daria para escrever uma comédia grega. Foi aí que as fofocas cresceram e quando percebi já haviam inventado tantas histórias a meu respeito. Deixei passar, não iria me incomodar com isso, principalmente agora, depois de tanto tempo.

O barulho da água me acordou de meus devaneios, e quando pensei em olhá-la, alguém bateu à porta. Fechei devagar a brecha da porta, mas continuei ouvindo os barulhos. Meu corpo estava em uma expectativa inexplicável, era um absurdo o que estava acontecendo comigo. Eu estava mais excitado somente com o barulho da água que estava abrigando seu corpo. Eu estava totalmente travado e comecei a pensar que não estava no controle de meu próprio corpo.

— Excelência, seu banho está pronto. — Meu valete entrou me informando. Maldição eu não iria tomar banho com ele no quarto, no estado em que estava.

— Você pode ir, eu vou tomar banho sozinho. — Ele fez um breve cumprimento e se retirou.

Caminhei lentamente até a banheira e amaldiçoei o caminho inteiro até o outro lado do quarto. Os sons tinham acabado e enfim consegui me concentrar em meu próprio banho. Mas ainda me sentia frustrado. Não era minha intenção demorar tanto no banho, mas meu amigo continuava animado. Me masturbei procurando aliviar um pouco minha tensão. Meu gozo não demorou a chegar, mas meu corpo sentia falta de algo mais, e por isso não foi nada satisfatório. Inferno!

Terminei meu banho e vesti minhas roupas. Sai do quarto e a casa estava um pouco em silêncio, não que fosse a primeira vez. Mas achava que estaria um pouco mais barulhenta.

Desci as escadas e entrei no corredor até chegar à sala de jantar. Minha mãe e esposa conversavam no canto da sala. A cena foi um tanto interessante, afinal Lady Margareth não gostava muito das pessoas e sempre deixou isso bem claro. Elas pareciam amigas de longa data e ver isso me era um pouco estranho.

— Boa noite, senhoras! — entrei na sala, revelando minha presença.

As duas mulheres tiveram reações bem contrárias, enquanto minha mãe sorria radiante e maternal, minha esposa me olhava desconfiada, e ficou tão ereta que achei que havia uma régua ali em suas costas.

— Lucien querido, que bom que chegou! Já estava achando que teria que ir buscá-lo. — mamãe sempre tão dramática.

— Eu sinto muito pelo atraso. Passei o dia quase todo no parlamento. — Fui em direção as duas, ajudando-as a se sentar.

— Não chegue mais atrasado. — Mamãe pediu. Na verdade, ordenou como sempre fazia.

— Do que as duas estavam conversando? — olhei para minha mãe. Eu estava na cabeceira da mesa e tinha minha mãe de um lado e minha esposa do outro.

— Nada de mais, Alicia estava me contando que vai ficar essa temporada em Londres, para apresentar a irmã a sociedade.

— Eu estou ciente disso já. — Lancei um olhar rápido a Duquesa, ela escutava tudo com bastante calma.

— Eu me ofereci também para ajudar.

— Muito obrigada Lady Spencer. — Alicia olhou para minha mãe de forma carinhosa.

— Nada disso querida, você é da família, me chame de Margareth. — Minha mãe devolveu o olhar.

— Se você deseja assim, obrigada Margareth.

— Alicia, antes de você apresentar sua irmã, temos que apresentá-la. — Mamãe falou alegre. Pelo visto já está adorando ter outra mulher em casa.

— Eu não acho necessário. — Alicia falou demonstrando pouco interesse no assunto.

— Minha mãe está certa, você nunca foi apresentada. Você andaria pelo próprio Hyde Park e ninguém saberia quem é você. — falei, enquanto observava suas feições mais de perto, no dia anterior tudo foi muito rápido, e agora eu encontrava-me com mais tempo para isso.

— Está vendo querida, até meu filho concorda. Nós nunca concordamos em nada.

— Eu agradeço a preocupação de ambos, mas acredito que uma aparição pública com o duque seria mais que suficiente. — Minha esposa respondeu;

— Certo. Acho apropriado então que façamos isso aos poucos e quando sua irmã debutar formalizaremos isto. - Eu disse, e Alicia e mamãe concordaram prontamente.

O jantar terminou com a minha mãe perguntando como estava a propriedade de Richmond e Alicia respondeu o básico. Participei poucas vezes da conversa, não estava nem um pouco à vontade para ficar jogando conversa fora. Decidi que ajudaria Alicia a arranjar um bom marido para a irmã. Eu só não sei como faria ou porque faria, mas que Deus me ajudasse. Pois iria precisar.

Minha mãe sumiu tão rápido quanto conseguiu e a Duquesa foi logo em seguida.

Eu fui para a biblioteca, não estava me sentindo confortável com uma mulher no quarto ao lado. Não conseguia entender como estava me sentindo com a presença dela. Alicia começava a mexer comigo de alguma forma e eu não estava sabendo lidar com isso.

Algo me incomodava e enquanto não descobrisse o que era, não ficaria em paz tão cedo.

Escândalos®Onde histórias criam vida. Descubra agora